A ABNT ISO/TS 20282-2 de 12/2016 – Usabilidade de produtos de consumo e produtos para uso público – Parte 2: Método de teste somativo especifica um método de teste somativo baseado no usuário para medir a usabilidade e/ou a acessibilidade de produtos de consumo e produtos para uso público (incluindo produtos walk-up-and-use) para um ou mais grupos de usuários específicos. Este método de avaliação trata a acessibilidade como um caso especial da usabilidade no qual os usuários que participam do teste representam os extremos da gama de características e capacidades dentro da população geral de usuários.
Quando o método de avaliação se referir à usabilidade, o método também pode ser usado para testar a acessibilidade (a menos que especificado em contrário). Este método de avaliação é para ser utilizado quando forem necessárias medidas válidas e confiáveis de eficácia, eficiência e satisfação. Produtos para uso público incluem os produtos walk-up-and-use que fornecem um serviço ao público em geral.
O método de avaliação também pode ser usado para avaliar a usabilidade e/ou a acessibilidade de atingir as metas de desembalar, instalar e configurar um produto de consumo. Esta parte se destina a ser utilizada para avaliar a usabilidade e/ou a acessibilidade dos produtos quando é possível identificar os contextos típicos de uso que são representativos da utilização do(s) produto(s); é possível identificar os critérios de realização bem-sucedida da meta dos usuários; e há um número limitado de metas que serão avaliadas ao mesmo tempo.
Enquanto o método de avaliação destina-se a testar os produtos de consumo e produtos para uso público, ele também pode ser usado para testar outros produtos, sistemas e serviços com as características descritas anteriormente. Se o uso de um produto envolve a interação com entradas, saídas, ou ambientes que são altamente variáveis e/ou complexos, com variabilidade ou complexidade que não podem ser classificadas em subconjuntos bem definidos, ele está fora do escopo, uma vez que não seria possível obter resultados confiáveis. Ver Anexo A para exemplos de produtos e metas que estão dentro do escopo desta Parte da ABNT ISO/TS 20282.
O método poderia ser aplicado a uma copiadora de escritório, a um website de venda de livros ou de passagens de trem, ou a um serviço de aconselhamento jurídico. O método não seria apropriado para um site de comércio eletrônico complexo, um processador de texto, ou uma bicicleta. O método é destinado principalmente para ser usado para avaliar versões completas de produtos, mas também pode ser usado para fins internos durante o desenvolvimento para julgar, avaliar e comunicar a usabilidade e/ou a acessibilidade de versões do protótipo funcional.
Os resultados do método de teste somativo podem ser utilizados para as seguintes finalidades: estimar a probabilidade de atingir os valores-alvo de eficácia, eficiência e satisfação no uso real; divulgar informações sobre a usabilidade e/ou a acessibilidade de um produto; comparar a usabilidade e/ou a acessibilidade de diversos produtos; comparar os resultados com a especificação de requisitos de usabilidade e/ou acessibilidade; e apoiar a compra. O Anexo H lista as informações a serem incluídas ao especificar o procedimento usado para testar se os requisitos de usabilidade e/ou acessibilidade (Anexo G) foram cumpridos.
Os usuários pretendidos desta Parte da norma são pessoas com experiência na concepção e gestão de testes de usabilidade e/ou acessibilidade, trabalhando internamente ou em nome dos fabricantes, fornecedores, organizações de compras, ou terceiros (como organizações de teste ou organizações de consumidores). Um relatório com valores de usabilidade e/ou acessibilidade de um produto está em conformidade com esta Parte da ABNT ISO/TS 20282 se o método de avaliação utilizado estiver em conformidade com os requisitos das Seções 6, 7, 8 e 9 e dos Anexos C e D; e o relatório dos resultados contiver as informações especificadas no Anexo F.
Uma declaração de requisitos para resultados de usabilidade está em conformidade com esta Parte da ABNT ISO/TS 20282 se estiver em conformidade com os requisitos constantes do Anexo G. A especificação de um procedimento de teste de usabilidade está em conformidade com esta Parte da ABNT ISO/TS 20282 se estiver em conformidade com os requisitos do Anexo H.
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Quais as questões éticas envolvendo seres humanos?
Como se podem estabelecer critérios para obtenção do objetivo do teste?
Muitas pessoas acham que alguns produtos de consumo e produtos walk-up-and-use, incluindo produtos de consumo fornecidos para uso público, são difíceis de instalar e usar, especialmente ao utilizá-los pela primeira vez ou em intervalos pouco frequentes. Isto claramente não é o que desejam os fabricantes destes produtos, as organizações que usam os produtos para fornecer um serviço, e as pessoas que os utilizam. Informações sobre a usabilidade de um produto seriam, portanto, de grande valor para os produtores, como parte do desenvolvimento e do marketing, para os prestadores de serviços, e para os potenciais compradores poderem tomar decisões de compra ou comparar produtos alternativos.
Isso proporcionaria um incentivo para a produção de produtos que são mais fáceis de instalar e usar, e permitiria que potenciais compradores dessem atenção especial à usabilidade na escolha de um produto para comprar e usar. É difícil avaliar a usabilidade em uma situação de compra sem os resultados dos testes de usabilidade comparáveis disponíveis. Usabilidade (ver NBR ISO 9241-11) é a medida na qual um produto pode ser usado por usuários específicos para alcançar objetivos específicos com eficácia, eficiência e satisfação em um contexto específico de uso.
Eficácia é fundamental, pois está relacionada a alcançar o(s) objetivo(s) pretendido(s). Eficiência se refere aos recursos (como tempo ou esforço) necessários aos usuários para alcançar seus objetivos, de modo que pode ser importante. Além disso, é importante que os usuários estejam satisfeitos com a sua experiência, particularmente quando os usuários têm liberdade para decidir se usarão o produto e podem facilmente escolher alguns meios alternativos para alcançar seus objetivos.
Nesta Parte da ABNT ISO/TS 20282, a acessibilidade é operacionalizada como a extensão na qual um produto pode ser utilizado com eficácia, eficiência e satisfação por pessoas de uma população com a mais ampla gama de características e capacidades para alcançar um objetivo específico em um determinado contexto de uso. Falta de usabilidade e/ou acessibilidade pode resultar em erros que podem levar a vários tipos de riscos, por exemplo, transtornos decorrentes de não atingir um objetivo ou de atingir o objetivo errado, incorrer em custos inesperados ou danos físicos.
Em muitos países, existem requisitos legais para fornecer produtos, serviços e instalações acessíveis. Exemplo: ligar para a pessoa errada por engano com um telefone celular pode ter a consequência negativa de possíveis cobranças indesejáveis, seja para quem ligou ou para quem recebeu a ligação (que pode ter que pagar pela chamada).
Além dos riscos de potenciais consequências prejudiciais para o usuário como resultado de não conseguir atingir seu objetivo ou de atingir o objetivo errado (falta de eficácia), há outros riscos, como estar atrasado em função da baixa eficiência, ou usuários evitando o uso de um produto difícil de usar em função da baixa satisfação. A avaliação formativa que utiliza inspeção por especialista ou avaliação com usuários para fornecer feedback para melhorar a usabilidade do produto é uma parte integrante do processo iterativo de projeto centrado no ser humano recomendado pela NBR ISO 9241-210.
A avaliação somativa pode ser usada para validar os requisitos de usabilidade e/ou acessibilidade, para fornecer uma referência, ou para fornecer uma base para a comparação de diferentes produtos. Embora alguns tipos de métodos de avaliação por especialistas baseados em uma lista de verificação ou em uma norma possam fornecer dados somativos, os aspectos de usabilidade e/ou acessibilidade que são medidos são limitados em comparação com as medidas de eficácia, eficiência e satisfação fornecidas por meio de testes com usuários. Exemplo: um estudo descobriu que apenas 50 % dos problemas encontrados em 16 sites por 32 usuários cegos estavam contemplados pelos Critérios de Sucesso das Diretrizes de Acessibilidade para Conteúdo da Web 2.0 (WCAG 2.0).
A inspeção pode preceder o teste com o usuário para identificar (e, se possível, eliminar) os problemas facilmente identificáveis e para verificar que o produto é capaz de atingir os objetivos pretendidos para os usuários previstos (ver 7.4). Para fornecer dados confiáveis sobre eficácia, eficiência e satisfação que possam ser comparados, é desejável ter um procedimento padrão de avaliação somativa baseada no usuário.
Esta Parte da ABNT ISO/TS 20282 especifica um método de avaliação somativa baseada no usuário que pode ser usado para fornecer uma avaliação da usabilidade e/ou acessibilidade e da facilidade para desembalar, configurar e instalar produtos de consumo, e a usabilidade e/ou acessibilidade dos produtos de uso público (incluindo produtos walk-up-and-use). Ele pode ser aplicado a produtos que são usados para atingir objetivos que tenham critérios de sucesso bem definidos e dizem respeito a tipos bem definidos de assunto.
A ABNT ISO/TS 20282-1 descreve com mais detalhes fontes de variação nas características dos usuários que fazem parte do contexto de uso que precisa ser considerado ao projetar para a usabilidade. Essa informação também é necessária para identificar os elementos do contexto de uso necessários para o teste nesta Parte da ABNT ISO/TS 20282.
Mais informações sobre características das pessoas idosas e pessoas com necessidades especiais podem ser encontradas na ISO/TR 22411. Este método de teste baseado no usuário pode ser utilizado para medir a usabilidade e acessibilidade de desembalagem, instalação e montagem de produtos de consumo, uso de produtos de consumo, produtos para uso público, que incluem produtos walk-up-and-use que fornecem um serviço ao público em geral, e outros produtos que são usados para atingir metas que apresentam critérios de sucesso claros e relacionados a tipos bem definidos de assuntos.
A acessibilidade é particularmente importante para os produtos walk-up-and-use e para produtos fornecidos para uso público. O método de teste mede a eficácia, eficiência e satisfação quando utilizado por grupos específicos de usuários em determinados contextos de uso. Acessibilidade é medida pelo grau em que produtos, sistemas, serviços, ambientes e instalações podem ser utilizados por pessoas de uma população com uma maior variedade de características e capacidades a fim de alcançar um objetivo específico em um contexto de uso específico.
A especificação pode ser utilizada pelos fabricantes de produtos para testar um único produto para determinar se os requisitos de usabilidade e/ou acessibilidade foram cumpridos; testar um único produto para fornecer a prova da usabilidade e/ou acessibilidade de um produto para um cliente ou para fins de marketing; testar um produto para estabelecer uma referência contra a qual os futuros produtos podem ser comparados; fazer comparações entre diferentes produtos; fazer comparações entre versões do mesmo produto; e especificar os requisitos de usabilidade e/ou acessibilidade de um produto a ser desenvolvido (Anexo G) e os cenários para testar se os requisitos foram cumpridos (Anexo H).
Esta Parte da ABNT ISO/TS 20282 pode ser utilizada para a aquisição por parte dos compradores corporativos ou públicos para testar um único produto para decidir se ele atende os requisitos de usabilidade e/ou acessibilidade, testar um grupo de produtos semelhantes para fazer comparações para facilitar as decisões sobre o que é o mais adequado, assegurar que os testes de produtos similares usam a mesma metodologia para que as informações sobre usabilidade e/ou acessibilidade sejam comparadas durante o processo de aquisição, e especificar os requisitos de usabilidade e/ou acessibilidade de um produto a ser adquirido (por exemplo: quando os produtos são para ser usados em uma escola, hotel, ou lares para idosos) (Anexo G) e os cenários a serem utilizados durante o teste se os requisitos foram cumpridos (Anexo H).
A ISO/IEC 25062 fornece um formato para a comunicação dessas informações para produtos profissionais. Esta Parte da ISO/TS 20282 pode ser utilizada por uma organização de teste de terceiros ou organização para defesa dos consumidores para testar um ou mais produtos para decidir se os requisitos de usabilidade e/ou acessibilidade foram atendidos para um grupo de usuários, testar um ou mais produtos para estabelecer uma referência contra a qual os futuros produtos podem ser comparados, comparar produtos alternativos para fornecer informações a serem incluídas nos relatórios, fazer comparações entre sistemas concorrentes de mercado (testando os principais objetivos de uso para o tipo de produto ou sistema, a menos que existam razões específicas para testar outros objetivos).
Por exemplo, uma organização de teste quer saber o quão fácil é para donos de celulares recém-comprados fazerem uma ligação a partir da lista de contatos. O requisito é uma taxa de confiança de 80 % e uma taxa de sucesso de 80 %. Foi selecionado um grupo representativo de 12 pessoas que não possuíram previamente esta marca de celulares. Para atingir os requisitos, 11 de 12 usuários têm que atingir o sucesso dentro de um limite de tempo pré-definido. São registrados a taxa de sucesso e o tempo da tarefa, e a satisfação é medida após cada tarefa utilizando a escala de usabilidade do sistema (SUS).
Os pré-requisitos para a usabilidade de um produto (por exemplo, os pré-requisitos para que os usuários sejam eficazes, eficientes e satisfeitos) são os usuários especificados podem interagir com sucesso com a interface do produto em determinados contextos de uso (facilidade de interação), e o produto é capaz de produzir resultados de qualidade técnica aceitável como um resultado da interação. Quanto a interação com o produto recomenda-se permitir que o usuário alcance seus objetivos gerais, o produto também tem que ser capaz de produzir resultados adequados.
Por exemplo, se o objetivo é usar uma câmera para tirar fotos que podem ser usadas para impressões em tamanhos grandes, o usuário tem que ser capaz de interagir com sucesso com a interface e a qualidade da imagem gerada pela câmera precisa ser adequada para uma grande impressão. O escopo do teste pode ser desembalagem, configurações iniciais, e instalação do produtos de consumo, a usabilidade da interface do usuário e interação (“facilidade de interação“), ou utilização do produto como um todo (“usabilidade geral“: a medida em que o produto permite que o usuário alcance seu objetivo geral com eficácia, eficiência e satisfação).
Por exemplo, a eficácia de alcançar o objetivo de utilizar um despertador para ser acordado de manhã poderia ser decomposta conforme o quadro abaixo.
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A usabilidade de um despertador para a meta de ser acordado de manhã poderia ser testada para descobrir se, após ajustar o alarme, o usuário é acordado em um horário especificado pela manhã. Alternativamente, se é sabido que quando o alarme está definido corretamente, ele vai sempre tocar no horário especificado e será suficientemente forte para acordar o usuário, medir a usabilidade de interação com a interface do usuário a partir da observação de se o usuário ajusta corretamente o horário e ativa o alarme é suficiente para ter a certeza da usabilidade do produto para a meta de ser acordado.
Então se o despertador é conhecido por ter a qualidade técnica requerida, ao testar a usabilidade de interação com a interface do usuário também é um teste de usabilidade do produto. Se a qualidade técnica do despertador não é conhecida, a usabilidade de interação com a interface do usuário não fornece uma garantia de usabilidade do despertador para acordar o usuário.
FONTE: Equipe Target