Benefícios da técnica chamada Babymoon, desenvolvida pela massoterapeuta Renata França e com chancela do ginecologista José Bento, vão além do simples relaxamento e podem contribuir de forma positiva no processo de fertilização
O número de casais em idade fértil que lutam para engravidar reflete 15% da população do mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), e aproximadamente dois milhões de pessoas procuram tratamentos voltados para a disfunção reprodutiva, anualmente. E quando o sonho de um casal que quer aumentar a família esbarra na infertilidade, o caminho a ser percorrido pode ser longo, especialmente para a mulher.
O que pouco se sabe é que alternativas bastante acessíveis podem ser um fator agregador na trajetória para engravidar. Entre elas está a prática da massagem, apontada em pesquisas como aliada nesse processo, especialmente pelos benefícios que pode trazer à saúde de quem está vivendo esse momento.
Dr. José Bento, ginecologista e obstetra referência na área, está entre os profissionais da saúde que apoiam a inserção da massagem em tratamentos que auxiliam mulheres com dificuldades para engravidar. Segundo ele, estudos apontam a prática como um componente positivo no tratamento de infertilidade. “Os benefícios da massagem voltada para mulheres que estão grávidas são reconhecidos, mas poucos sabem quanto essa terapia é importante para aquelas que desejam engravidar ou para as que estão vivenciando um tratamento de fertilidade”, afirma o especialista que está à frente da clínica que leva seu nome, na capital paulista, e que atua como obstetra em hospitais como Albert Einstein e São Luís.
Infertilidade e suas causas
São inúmeras as causas que contribuem para a infertilidade feminina, e entre elas está a Síndrome do Ovário Policístico (SOP), sinônimo da proliferação de cistos no ovário, em função de um desequilíbrio dos hormônios femininos (estrogênio e progesterona) causado pelo aumento de insulina, problema que tem interferência no processo de ovulação. “Estudos comprovam que a massagem diminui os níveis de glicose e de insulina na circulação da mulher, ajudando, então, na restauração do equilíbrio dos hormônios femininos e, dessa forma, contribuindo para a ovulação”, ressalta dr. José Bento. Ele afirma ainda que “a massagem é um auxílio em um quadro como esse, mas todo distúrbio hormonal deve ser avaliado por um especialista”.
Outro fator que causa impacto na saúde humana é o estresse, já que ele aumenta os níveis do hormônio cortisol no organismo. É importante ressaltar que existe uma relação significativa entre o estresse e a função reprodutiva feminina. “Nesse caso, a massagem tem forte atuação, já que produz relaxamento e, portanto, diminui o cortisol1. Ela ainda tem o poder de fortalecer o sistema imunológico”, ressalta o médico.
Estudos levantados por dr. José Bento ainda apontam que a massagem aumenta os níveis de oxitocina2, o principal hormônio responsável pelo parto, e também beneficia a mulher que se prepara para a fertilização in vitro (FIV)3.
Método Renata França
Com décadas de know-how como obstetra e anos vivenciando o drama de casais que lutam para engravidar, dr. José Bento se aprofundou em pesquisas que atestam a massagem como fator que pode contribuir de forma positiva no processo de fertilização. Decidido a incorporá-la em tratamentos dessa natureza, encontrou em Renata França uma aliada, pelo reconhecimento por ter desenvolvido o próprio método de massagem e revolucionado o mercado de estética.
“O objetivo era que Renata desenvolvesse um protocolo voltado especialmente para as mulheres que sonham em ser mães, e que também pudesse contribuir para a diminuição do estresse inerente a esse período. Ela é uma referência em massagem. Por isso, ninguém melhor que ela para desenvolver uma técnica calcada nesse objetivo”, afirma dr. José Bento.
Após entender a importância de mais esse trabalho, Renata aceitou o desafio e desenvolveu um protocolo chamado Babymoon, que conta com mais de 90 manobras específicas, dedicadas a resultados que impactem positivamente na causa do estresse4 e, portanto, auxiliem nesse período.
A prática de anos como massoterapeuta permitiu que Renata desenvolvesse uma técnica focada na delicadeza do momento de casais que buscam a gravidez. “Em cada manobra, me dediquei especialmente aos benefícios que a massagem traz para o corpo da futura mãe, mesclando manobras de drenagem linfática e também de relaxamento profundo, que permitem reduzir os níveis de cortisol1“, afirma Renata. Segundo ela, as manobras “têm influência positiva em várias funções do organismo dessa mulher”, o que também consta em pesquisa científica3 e 4.
Para dr. José Bento, a Babymoon é mais um componente importante na trajetória de casais em processo de fertilização, e é uma contribuição favorável na direção de um resultado bem-sucedido. “Nosso objetivo é tornar a caminhada deles a mais suave possível e contribuir para um final feliz”, completa.
Referências
- Cortisol decreases and serotonin and dopamine increase following massage therapy – Tiffany Field, Maria Hernandez-Reif, Miguel Diego, Saul Schanberg & Cynthia Kuhn (2005) – International Journal of Neuroscience, 115:10, 1397-1413, DOI: 10.1080/00207450590956459
- Preliminary Research on Plasma Oxytocin in Normal Cycling Women: Investigating Emotion and Interpersonal Distress – Rebecca A. Turner, Margaret Altemus, Teresa Enos, Bruce Cooper & Teresa McGuinness (1999) -Preliminary Research on Plasma Oxytocin in Normal Cycling Women: Investigating Emotion and Interpersonal Distress, Psychiatry, 62:2, 97-13, DOI: 10.1080/00332747.1999.11024859
- The effect of relaxation therapy treatment on cycle outcome as measured by pregnancy rates.
- J. Kiltz, D. J. Woodhouse, L. Restive, D. B. Miller, A. M. Sciera. Fertility and Sterility, Vol. 82, Suppl. 2, September 2004
https://www.fertstert.org/article/S0015-0282(04)01982-X/pdf
- The Potential Utility for Massage Therapy During Pregnancy to Decrease Stress and Tobacco Use.
O’Hair, C. M., Armstrong, K., & Rutherford, H. (2018).
International journal of therapeutic massage & bodywork, 11(3), 15–19.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6087659/