Depois de aderir à campanha de combate ao Aedes Aegypti, lançada pelo presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, no último dia 10, intitulada “O Judiciário no Combate ao Mosquito”, o Tribunal Regional do Trabalho da 21ª Região (TRT-RN), promoveu, na manhã desta quarta-fera, 30, uma palestra sobre a dengue, voltada aos profissionais terceirizados do setor de limpeza e manutenção predial, que vão trabalhar na identificação e combate aos focos do mosquito.
A palestra ocorreu na Escola Judicial do TRT-RN e foi proferida pelo técnico do Ministério da Saúde cedido ao Governo do Estado, Cícero Alves, com ampla experiência no assunto. Ele, inclusive, já participou de muitas campanhas de combate ao Aedes Aegypti em vários estados do país.
Cícero fez um verdadeiro histórico da dengue no Brasil, usando dados do Ministério da Saúde. Ele disse que a primeira ocorrência do vírus no país, documentada clínica e laboratorialmente, aconteceu em 1981-1982, em Boa Vista (RR), causada pelo vírus DENV-1 e DENV-4.
Em 1986, houve epidemias no Rio de Janeiro e em algumas capitais do Nordeste, como Maceió, Fortaleza, Recife e Salvador. Desde então, a dengue vem ocorrendo no Brasil de forma continuada.
A dengue hoje é um dos principais problemas de saúde pública em todo o mundo. A Organização Mundial da Saúde -OMS – estima que cerca de 80 milhões de pessoas se infectam anualmente, e que pelo menos 20 mil morrem por consequência da doença, e que os países tropicais e subtropicais são os mais afetados pela proliferação do mosquito transmissor.
Sobre a dengue no Rio Grande do Norte, Cícero informou que a primeira epidemia ocorreu no município de Assu, em 1994, após a realização de um carnaval fora de época. Depois disso, outros municípios também tiveram a epidemia.
O técnico também informou aos trabalhadores terceirizados do TRT-RN sobre a transmissão da dengue, que acontece apenas pela picada do mosquito já infectado, e nunca de pessoa para pessoa, e que o mosquito fêmea – transmissor da doença – pode viver até 45 dias e contaminar cerca de 300 pessoas.
Cícero esclareceu que o período de maior incidência da doença ocorre no verão e durante as chuvas, devido ao aumento dos índices de infestação do vetor. Ele também informou que existem 4 sorotipos do vírus, o dengue 1, dengue 2, dengue 3 e dengue 4, e que a infecção por um deles confere proteção permanente para o mesmo sorotipo, e imunidade parcial e temporária contra os outros três.
Sobre os sintomas mais frequentes da doença, Cícero Alves destacou: febre alta com início súbito em torno de 39º a 40ª; forte dor de cabeça; dor atrás dos olhos e piora com o movimento dos mesmos; moleza e dor no corpo, nos ossos e nas articulações; perda do paladar e apetite, enjôo e vômito, tonturas, cansaço, pequenos sangramentos, e manchas vermelhas na pele.
Os criadouros potenciais para o mosquito foram bastante frisados durante a palestra. Cícero disse que todo objeto que possa vir a acumular água pode virar um criadouro, mas que os principais são: pneus velhos, caixa d’água aberta, tanques abertos, toneis abertos, vasos de plantas, e jarras abertas.
Quanto às medidas de controle do Aedes Aegypti, Cícero explicou que existem três: o controle físico, que é a eliminação de criadouros dos mosquitos; o controle biológico, que se dá através do uso de organismos que afetam as populações dos mosquitos, como peixes, e o controle químico, que é feito com o uso de inseticidas.
Amanhã, 31, Cícero participará juntamente com os profissionais terceirizados de um mutirão de limpeza no Complexo Judiciário Trabalhista Ministro Francisco Fausto, em Natal, onde vai ajudar a identificar os criadouros potenciais do Aedes Aegypti, bem como eliminar possíveis larvas e focos do mosquito.