Fibromialgia ainda é uma condição reumatológica bastante desconhecida e incompreendida que causa quadros de dor e perda de independência. Pacientes com a doença frequentemente demoram a conseguir um diagnóstico claro, já que acabam passando por diversos especialistas antes de chegar ao reumatologista.
Apesar da doença ser parte do mesmo grupo de outros problemas reumatológicos, como artrose e lúpus, ela não causa problemas tão pronunciados. A artista Lady Gaga, por exemplo, surpreendeu fãs quando cancelou shows durante uma edição do Rock In Rio por sofrer com sintomas fibromiálgicos, por exemplo.
Quer entender como o problema funciona, seus sintomas, diagnóstico e tratamento? Continue lendo.
O que é fibromialgia?
Fibromialgia é o nome de uma doença reumatológica que causa dores generalizadas pelo corpo, entre outros sintomas. Especialistas da área acreditam que pacientes sofrem com aumento da sensibilidade à dor ao passar por alterações na percepção do corpo sobre as sensações.
As mulheres são mais afetadas pela doença do que os homens, mas ainda não existem motivos claros para isso. Além disso, pacientes passam por períodos de remissão ou de sintomas mais leves, o que dificulta o diagnóstico. Alguns deles levam meses antes de decidir procurar um especialista.
A doença é comum e atinge cerca de 2,5% da população mundial, de acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia. Frequentemente os sintomas surgem após um gatilho específico, como um trauma físico ou psicológico. Por tratar-se de uma doença crônica, o acompanhamento médico é essencial para garantir qualidade de vida aos pacientes.
Principais sintomas
Pacientes com fibromialgia relatam, entre os principais sintomas, sentir dor generalizada em diversas partes do corpo. A sensação dolorosa chega a durar meses e deve ocorrer em ambos os lados do corpo, acima e abaixo da cintura. Apesar da dor, a pessoa com a condição crônica não consegue encontrar uma causa definida para ela.
A fadiga também é parte importante do problema. É comum que o paciente acorde cansado, como se não tivesse dormido à noite, a doença costuma ser acompanhada de distúrbios do sono, como:
- Apneia do sono;
- Síndrome das pernas inquietas.
Outro problema que é constantemente identificado nesses pacientes são dificuldades mentais que prejudicam o raciocínio, atenção e concentração. Pacientes fibromiálgicos têm maiores chances de desenvolverem depressão e ansiedade, o que prejudica ainda mais o quadro.
Perceba que a condição afeta todo o corpo e vida do indivíduo.
O estigma social sobre a fibromialgia
A dor causada pela fibromialgia não gera sinais físicos, como vermelhidão, inchaço ou qualquer sinal de inflamação. Ela não possui uma causa física aparente, portanto muitas pessoas que convivem com a doença consideram que ela não existe ou que está só “na cabeça” do indivíduo. O que não é verdade.
Para deixar o preconceito ainda pior, a doença é bastante desconhecida. Estudos mostram que 1 a cada 3 americanos nunca ouviram falar a respeito dela. No Brasil é provável que esse desconhecimento seja ainda maior.
Graças a esse estigma e falta de conhecimento sobre a doença. É comum que pessoas com o problema visitem de 2 a 3 médicos e passem até 3 anos sofrendo com sintomas até que um especialista perceba o motivo.
Como ocorre o diagnóstico com reumatologista
O reumatologista é o especialista responsável por realizar o diagnóstico da condição. O principal fator para identificar a doença é o histórico de saúde do paciente e análise dos sintomas clínicos. Não existem exames de imagem ou laboratoriais que possam identificar o problema. Por isso é tão importante procurar um especialista o mais rápido possível.
Os exames recomendados ajudam a descartar a possibilidade de outras doenças e lesões. Portanto, não estranhe caso seu médico solicite alguns procedimentos antes de determinar o diagnóstico.
Tratamento multidisciplinar de fibromialgia
O tratamento tem como objetivo proporcionar alívio da dor e desconforto do paciente com fibromialgia. Por trazer consequências generalizadas para o paciente, incluindo pioras significativas de qualidade de vida e altos níveis de estresse psicológico, uma equipe multidisciplinar deve realizar o acompanhamento.
Alguns dos profissionais que trabalham com o tratamento são:
- Reumatologista;
- Psicológico;
- Nutricionista;
- Fisioterapeuta;
- Profissional da educação física.
O paciente pode receber indicação de analgésicos para alívio imediato da dor. No entanto, é importante saber que eles não são um tratamento em si, já que não eliminam a causa da dor. Recomendamos ficar atento às orientações médicas e evitar a automedicação, que pode levar a efeitos colaterais graves.
Os antidepressivos também fazem parte do tratamento, assim como os anticonvulsivantes. O médico responsável deve acompanhar os resultados e alterar medicamentos até encontrar a opção com melhor custo benefício para cada paciente.
Dicas para conviver com fibromialgia
Além do tratamento medicamentoso, pacientes com fibromialgia precisam aprender a conviver com a condição. Para ter melhorias reais no quadro será necessário realizar algumas adaptações na rotina para evitar gatilhos que iniciam a dor.
1. Visitas constantes ao reumatologista
Inicialmente o tratamento talvez pareça trazer pouco resultado e o paciente tenha vontade de deixar de comparecer às visitas médicas. No entanto, esse período inicial de adaptação aos medicamentos e ao novo estilo de vida é normal. Só o especialista realmente pode ajudar a medir o sucesso no tratamento e recomendar novas medicações para combater os sintomas.
O mesmo é válido para os outros especialistas envolvidos no processo. Deixar de comparecer às visitas só faz com que os resultados demorem ainda mais para aparecer.
2. Atenção a outras doenças, como artrite e artrose
Não é incomum diagnosticar outras condições reumáticas em pacientes fibromiálgicos. Portanto, quando a dor surge acompanhada de sinais inflamatórios o paciente deve buscar o diagnóstico para tais condições, como artrite e artrose.
Novamente, o papel de diagnosticar e iniciar um novo tratamento é do reumatologista responsável pelo caso.
3. Controle do estresse
O estado psicológico de um paciente fibromiálgico está bastante relacionado ao sucesso do tratamento. Situações estressantes agravam os sintomas, causando mais fadiga, dor e também piora com sintomas ainda mais intensos.
O psicólogo deve orientar o paciente para controlar ou evitar momentos de estresse. Realizar atividades, como meditação e terapia, também ajuda a manter um estado psicológico adequado ao tratamento.
4. Prática de atividades físicas
Os momentos de dor constantes fazem com que esses indivíduos tenham maior tendência ao sedentarismo. No entanto, ficar parado por longos períodos aumenta as dores, causando contraturas musculares e desvios posturais. As atividades físicas, em especial as aeróbicas, proporcionam melhora na mobilidade e estímulo à produção de hormônios que trazem bem-estar.
É essencial que o paciente respeite seus limites quando falamos de atividades físicas. Mesmo 15 minutos de caminhada é o suficiente para trazer uma melhora inicial. Exagerar na quantidade e intensidade pode gerar o efeito inverso e trazer piora nas dores.