A importância da perspectiva psicopedagógica na inclusão escolar
*Por Natalie Schonwald
A psicopedagogia está diretamente ligada no ato de ensinar-aprender. Como psicóloga e pedagoga, observo que o trabalho de um psicopedagogo na inclusão escolar, principalmente nos anos finais da Educação infantil e iniciais do Ensino Fundamental, com um olhar mais cauteloso voltado para a aprendizagem, se faz necessário.
Por meio de ações psicopedagógicas, o profissional precisa ter como principal objetivo a prevenção e intervenção em dificuldades de aprendizagem e desenvolvimento do indivíduo, sempre em parceria com a família e a equipe pedagógica da instituição de ensino; e quando necessário, outros profissionais envolvidos nos cuidados desta criança devem ser acionados. Para isso, o ideal é descobrir as melhores formas de aprendizagem para que o aluno tenha o melhor desempenho escolar possível dentro de suas possibilidades.
Com ou sem deficiência, cada criança tem a sua maneira de aprender. Algumas têm maior facilidade auditiva, outras por meio da escrita, ou ainda por experiências mais concretas. Quando identificamos a melhor forma que o aluno aprende, utilizamos o método mais adequado para potencializar sua capacidade de aprendizagem e tornar o trabalho do professor mais eficiente.
Já para atender as demandas da educação inclusiva, muitas vezes, aspectos cognitivos, emocionais, físicos e psicológicos precisam de especialistas de cada área, para oferecer um suporte mais focado e ter uma visão integral da criança. Forma-se assim, com maior clareza, uma linha de trabalho a ser seguida. Em minha opinião, uma maneira de iniciar esse processo é buscar as áreas de interesse do estudante e seus conhecimentos prévios, que podem ajudar muito.
Vencer os desafios da inclusão escolar é um trabalho ininterrupto. Acredito que a criatividade dos psicopedagogos em usar estratégias diferenciadas de ensino fora da sala de aula, assim como dos professores dentro de sala despertam nessas crianças a curiosidade por aprender. Para mim, jogos e histórias são muito interessantes, além do uso de brinquedos estruturados e não estruturados (como cones, latas, tampas e caixas), pois aumentam o potencial de criatividade. A brincadeira traz diversos conteúdos internos significativos em vários aspectos como, por exemplo, questões emocionais, assim como outras questões que também podem estar afetando o processo de aprendizagem.
A educação inclusiva está sempre em constante transformação, assim como a evolução dos estudos na área da psicopedagogia, que vão além dos recursos direcionados ao diagnóstico, atendimento e intervenção. O uso da tecnologia, por exemplo, é um aliado tanto para o psicopedagogo quanto para o estudante. Tecnologias assistivas, que facilitam o acesso de crianças com deficiência ao conteúdo a ser estudado, como os aplicativos de programas de voz, fazem parte da inclusão e acessibilidade visando à sua autonomia e qualidade de vida.
Para finalizar, quero pontuar que a afetividade na educação por meio da relação aluno-professor e do aluno com seu psicopedagogo é essencial. Se não houver afeto não há como aprender. E o afeto é tanto no sentido de relação de carinho como também no sentido de afetar o próximo e o meio ambiente a ser afetado por ele. Pode-se desenvolver técnicas de ensino onde os alunos sem dificuldades possam estudar junto com os colegas que têm dificuldades. Assim, a inclusão se torna uma proposta e também aumenta o aprendizado de todos
Natalie Schonwald
Natalie é psicóloga, pedagoga, palestrante de inclusão e diversidade e autora dos livros “Na Cidade da Matemática” e “Na Cidade da Matemática – Bairro das Centenas”. É pós-graduanda em Psicopedagogia pelo Instituto Singularidades (SP). Na área da educação, trabalha com os anos finais da Educação Infantil e iniciais do Ensino Fundamental I. Nesta área, Natalie completa seu trabalho escrevendo artigos.
A profissional também faz parte da direção da Associação dos AVCistas do Brasil – uma organização comunitária de acolhimento às vítimas de AVC e seus familiares, e da Comunidade Educadores Reinventares. Como atleta, participou do mundial de adestramento paraequestre em 2003 – pratica esporte desde seus 9 anos e também é embaixadora da equipe feminina de surfe adaptado.
Após um AVC com 8 meses, enfrentou um caminho de superação. Sua história é marcada não apenas pela adversidade, mas pela resiliência e conquistas que a transformou em fonte de inspiração, destacando a importância da inclusão e da diversidade em todas as suas formas.