Nordeste brasileiro lidera o ranking do mercado ilegal de cigarros no Brasil
44% dos cigarros vendidos na região são ilegais, segundo pesquisa Ipec 2023
Pesquisa divulgada pelo Fórum Nacional de Combate a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP), feita pelo Instituto Ipec, mostram que o mercado ilegal de cigarros movimentou R$ 1,7 bilhão de reais no Nordeste brasileiro no ano passado. Especialistas apontam que o desempenho na região se deve ao aumento do contrabando na rota entre Brasil e Suriname e a facilidade de entrada na região, que se tornou uma rota alternativa à entrada direta pela fronteira com o Paraguai.
De acordo com estimativas da indústria, só nos últimos cinco anos, o governo deixou de arrecadar R$ 8,1 bilhões por conta do mercado ilegal de cigarros na região nordeste. O cálculo deixa claro o tamanho do rombo provocado pelo crime e, também, o enorme potencial financeiro das quadrilhas, que passaram a intensificar sua atuação nesses estados. No ranking do mercado ilegal da região, Piauí lidera a lista com 83% de participação, seguido pelos estados da Paraíba (82%), Rio Grande do Norte (75%), Maranhão (64%), Alagoas (52%), Ceará (47%), Sergipe (29%), Pernambuco (29%) e Bahia (14%).
Para o presidente do FNCP, Edson Vismona, é importante que todos os brasileiros tenham a exata dimensão do impacto do mercado ilegal no país. “Reprimir o ilegal, além de conter a criminalidade, significa incentivar e apoiar quem produz dentro da lei, gerando empregos e renda. Além disso, precisamos ajudar quem atua dentro da legalidade e paga seus impostos de forma correta. Portanto, esse esforço coletivo para conter a criminalidade é imprescindível”, destaca Vismona.
Rota alternativa: Suriname
Ao longo dos anos, as regiões Nordeste e Norte do país vêm ganhando cada vez mais força na arquitetura do mercado ilegal. Isso porque o crime já saturou a entrada do contrabando pelas vias tradicionais, diretamente do Paraguai, para estados como Paraná e Mato Grosso do Sul, por conta do aumento da fiscalização. No entanto, as organizações criminosas encontraram novas formas de entrar com o contrabando dentro do território nacional, por meio de rotas menos fiscalizadas pelas forças de segurança. Assim, a entrada de cigarros ilegais no Brasil por meio marítimo vindos do Suriname, país vizinho que faz fronteira com Amapá e Pará, se tornou a rota alternativa mais utilizada por grupos criminosos.
Atualmente, os produtos paraguaios vão em direção à Bolívia, são levados – via terrestre – ao porto de Iquique, no Chile, onde são transportados por barco. De lá, dão a volta no Canal do Panamá até o Suriname, entrando no Brasil por rotas marítimas e até por avião.
“Não por acaso essas organizações também estão ligadas ao tráfico de drogas e armas, que, sabe-se, utilizam a mesma logística, incentivando a violência e afetando a segurança pública não só nas fronteiras, mas nas cidades de todo o País”, esclarece Edson Vismona.
Realizada desde 2014, a pesquisa Ipec (antigo Ibope) tem abrangência nacional e nesta edição concluiu que o mercado ilegal de cigarros no Brasil causou um montante de R$7,5 bilhões em evasões fiscais com seu domínio de 36% do mercado total do produto no âmbito nacional. Os dados, trouxeram recortes específicos de regiões do nordeste do país que é necessária uma maior fiscalização e combate ao contrabando, chamando a atenção para a importância de levar a informação também à sociedade.
Mercado Ilegal: Rio Grande do Norte
Rio Grande do Norte é o terceiro estado com a maior movimentação de cigarro ilegal no nordeste. Em 2023, esse mercado ilegal movimentou R$ 437 milhões, o que representa o consumo de cerca de 1,7 bilhão de cigarros contrabandeados ou pirateados. Os dados representam perdas em torno de R$ 129 milhões de ICMS e arrecadação e confirmam que 75% do mercado de cigarros do estado é dominado pela ilegalidade.