Novo estudo avalia benefícios da feminização facial para mulheres trans
Pesquisa teve como objetivo determinar os efeitos da cirurgia de feminilização facial nos resultados da qualidade de vida de pacientes com diversos gêneros
Estudos anteriores já apontavam melhor qualidade de vida e saúde mental em mulheres trans, submetidas à cirurgia de feminilização facial, para proporcionar uma aparência facial mais feminina. Mas as evidências ainda eram limitadas sobre esses e outros benefícios da cirurgia facial de confirmação de gênero.
Um novo estudo agora documenta os melhores resultados após a cirurgia de feminilização facial, incluindo evidências subjetivas e objetivas que uma aparência mais feminina leva a uma melhor qualidade de vida.
“A feminização facial proporcionou melhor qualidade de vida, cefalometrias feminizadas, aparência feminina de gênero, boa estética geral e alta satisfação, elementos que estavam presentes em um mês e estáveis em mais de seis meses após a cirurgia”, afirma o cirurgião plástico Ruben Penteado, diretor do Centro de Medicina Integrada.
Os pesquisadores analisaram os resultados de 66 pacientes consecutivos submetidos à cirurgia de feminilização facial. A idade média dos pacientes foi de 39 anos; dois terços haviam iniciado seu processo de afirmação de gênero nos cinco anos anteriores. O estudo foi publicado no Plastic and Reconstructive Surgery®, a revista médica oficial da Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos (ASPS).
Como é típico da cirurgia de feminilização facial, os pacientes foram submetidos a uma série de procedimentos diferentes, projetados para proporcionar uma aparência facial mais feminina: uma média de 4,2 procedimentos por paciente.
Os procedimentos mais comuns focados em reduzir e remodelar o osso subjacente da testa, mandíbula e queixo – identificados pelos pacientes como características “mais masculinas” de seus rostos.
As avaliações sobre o antes e o depois mostraram melhora em vários resultados importantes. Em um escore de feminização facial de 100 pontos (com 100 denotando satisfação completa), o escore médio aumentou de 47,2 antes da cirurgia para 80,6 aos seis meses após a cirurgia. O escore de feminilização facial já demonstrou estar correlacionado com uma avaliação padrão da qualidade de vida.
O estudo também incluiu a cefalometria – um conjunto de medidas computadorizadas para avaliar se a estrutura facial tinha características tipicamente femininas ou masculinas.
Embora as diferenças nessas medidas objetivas sejam pequenas, “seus efeitos sinérgicos na alteração geral da face são substanciais”, defendem os pesquisadores.
“A cirurgia de feminilização facial é uma das áreas que mais crescem na cirurgia plástica e é cada vez mais reconhecida como um tratamento clinicamente necessário para a disforia de gênero. O novo estudo é um dos primeiros estudos prospectivos sobre a cirurgia de feminilização facial, usando avaliações padrão realizadas antes e após a cirurgia”, explica Ruben Penteado, que é membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.