Eleições 2018
Urnas eletrônicas completam 22 anos com garantias de seguranças de dados nas eleições
Por João Sales
O voto direto e secreto é um direito garantido pela Constituição para que todo cidadão possa escolher, sem a interferência ou imposição de terceiros, as pessoas que irão cumprir mandatos em cargos dos poderes Executivo e Legislativo.
Ele, o voto, é o instrumento mais valioso para uma sociedade democrática. É por meio dele que os cidadãos têm a oportunidade de demonstrar quais programas de governo, apresentados pelos candidatos, eles mais se identificam e acreditam serem os mais adequados, para a manutenção de valores básicos, à cidadania como a igualdade de acesso a direitos civis e políticas públicas de educação, saúde, segurança e lazer.
Desde 1996, a Justiça Eleitoral tem implementado no Brasil um sistema de coletor de votos eletrônicos com a premissa de que, comparado ao sistema de voto impresso, ele garante ao eleitor mais segurança no sigilo e velocidade na apuração do voto.
Mesmo após 22 anos da implementação das urnas eletrônicas, o desconhecimento da sociedade acerca do processo eleitoral tem gerado dúvidas e até mesmo desconfiança sobre em que medida as eleições informatizadas no Brasil dariam margem para possíveis fraudes.
Mas será que existem respaldos técnicos que justifiquem essa desconfiança? Quais ferramentas a Justiça Eleitoral dispõe para garantir a transparência e a fiscalização durante o processo eleitoral?
A urna eletrônica
As urnas eletrônicas brasileiras são propriedade da Justiça Eleitoral, que possui a sua patente. Elas são produzidas por empresas selecionadas por meio de licitação pública, e se modernizaram com passar do anos, a pretexto de assegurar defesas contras invasão de hackers.
“Ela possui uma cadeia de segurança na sua parte física (Hardware) e no seu sistema (software). Qualquer acessório da urna que sofra um ajuste que não seja pela Justiça Eleitoral, irá travar alegando a alteração no equipamento”, explica Marcos Maia, Secretário de Tecnologia da Informação do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte (TRE-RN).
Maia aponta três principais mecanismos e barreiras de segurança. A primeira é o isolamento da urna, que não é ligada a nenhum outro equipamento ou rede no momento da votação, algo que inviabiliza a invasão de um hacker que deseje acessar seus dados.
Além disso, quando termina a eleição, é emitido um boletim, de acesso público, com o resultado de cada seção eleitoral. Esse resultado é transferido, de forma magnética para um pendrive próprio do TRE, usando criptografia, que embaralha os dados contidos nele.
“Só quem vai saber desembaralhar esses dados são os sistemas da Justiça Eleitoral, então se alguém pegar o pendrive e tentar mexer, antes de tudo não vai entender nada, porque está tudo embaralhado, e mesmo que ele mexa, quando chegar aqui será rejeitado”, destaca.
Outro mecanismo criado para facilitar a fiscalização é o Urna na Mão , aplicativo oficial da Justiça Eleitoral para leitura em QRcode do boletim impresso e emitido pela urna da seção eleitoral no final do período de votação, possibilitando ao eleitor visualizar uma cópia digital desses boletins no celular ou tablet.
Transparência
Como assegurar o sigilo total do voto e ao mesmo provar que ele é computado da maneira correta? A Justiça Eleitoral tenta resolver esse impasse por meio de diversas auditagens que são realizadas no período preparatório para a eleição.
Desde 2003, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) utiliza o Registro Digital do Voto (RDV) como um instrumento para facilitar a auditagem. Todos os partidos políticos e coligações têm direito a cópias do RDV de todas as urnas. Além disso, a cada dois anos são realizados testes de segurança públicos, abertos para órgãos e qualquer cidadão interessado, nos quais, durante três dias, são feitas varreduras no sistema.
Nesses testes, segundo Marcos Maia, é possível encontrar fragilidades e vulnerabilidades pequenas, que são prontamente resolvidas, mas nada que venha a comprometer o sigilo ou permitir a transferência de voto de um candidato para outro.
José Antonio Spinelli Lindoso, cientista político e professor do Departamento de Ciências Sociais, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), opina que o sistema de voto eletrônico no Brasil é “considerado universalmente por vários analistas das áreas das ciências políticas como os da área tecnológica, um sistema altamente seguro”.
“Trouxe mais segurança às eleições brasileiras e tem possibilitado que haja um processo de auditagem capaz de detectar possíveis e prováveis falhas, uma vez que não há nenhum sistema cem por cento seguro , mas até agora em todos os processos eleitorais em que se usou, a urna eletrônica não houve nenhum questionamento mais sério”, aponta.
Fiscalização
Como medidas de fiscalização para as eleições de 2018, no Rio Grande do Norte, assim como nos demais estados, haverá um sorteio no dia 6 de outubro, para escolher três urnas eletrônicas para passar por um votação paralela. Usando candidatos reais, os partidos políticos votam em cédulas de papel e depositam numa urna que será aberta no dia da eleição, para que os fiscais digitem essas cédulas num sistema de microcomputador idêntico ao sistema da urna eletrônica, para verificar se os resultados são iguais.
Além disso, três seções eleitorais serão sorteadas para fazer uma verificação se os sistemas no dia da eleição são os mesmos que foram lacrados pelos partidos políticos e pela Justiça Eleitoral no TSE.
O clima das eleições e as notícias falsas
Embora todo o processo de fiscalização das urnas eletrônicas seja transparente e aberto aos partidos políticos e cidadãos interessados, a participação popular não é numerosa. A princípio, isso poderia representar uma confiança na legitimidade do processo eleitoral, porém o desconhecimento tem permitido com que notícias falsas a respeito da segurança das urnas sejam replicadas na internet.
“O que se vê nessa época de redes sociais, de forma muito intensa, é que a pessoa planta uma notícia sem saber de onde veio e até que se consiga dizer que aquilo é uma invenção, a notícia já viralizou, o que atribui uma imagem negativa para o processo eleitoral. Tentamos sempre rebater, mas são muitas”, ressalta Marcos Maia.
José Antonio Spinelli avalia o questionamento sobre segurança das urnas no período eleitoral como algo inusitado e surpreendente, devido à prevalência do teor político acima do interesse técnico.
“Eu não vejo, neste momento, a discussão sobre as urnas eletrônicas como algo saudável, porque não é apenas um questionamento técnico, mas um questionamento político, ideológico, que pode ter incidência sobre o processo eleitoral, funcionando como gatilho para uma provável anulação das eleições ou uma intervenção de fora para invalidar o processo”, pontua.
De olho na eleição: pesquisas por telefone
Especialista explica como são feitas as polêmicas pesquisas de intenção de voto via telefone
Desde 1989, as pesquisas eleitorais acompanham as eleições brasileiras. Sempre polêmicas, elas despertam a curiosidade do público e a ira de quem duvida da real intenção delas, que teriam poder para manipular os eleitores e o mercado financeiro. Coincidentemente, a divulgação de pesquisas eleitorais não é permitida no dia da eleição, justamente por influenciar de alguma forma o eleitor.
Embora as pesquisas muitas vezes não acertem os resultados finais, elas são amostras do comportamento do público em determinado momento. A forma mais apropriada de considerar os resultados das pesquisas como um possível resultado é analisando a curva de diversas pesquisas realizadas dentro de um período.
Nas eleições 2018, surgiram diversos debates a respeito de uma nova metodologia de pesquisa utilizadas por alguns institutos, entre eles DataPoder360 e Ibespe, que é a pesquisa eleitoral telefônica. Embora esse método seja utilizado como principal em países desenvolvidos, no Brasil ainda existe uma grande resistência tanto dos indivíduos, que tendem a ter uma grande rejeição com ligações desse tipo – especialmente das ligações feitas por sistema automatizado (robôs) – quanto dos institutos de pesquisas presenciais, que afirmam que a pesquisa telefônica não representaria a real intenção dos eleitores, além de segregar os 10% da população brasileira que não possuem linhas telefônicas.
Porém, segundo Ricardo Zanlorenzi, diretor geral da Nexcore, empresa especialista em tecnologia da informação e comunicação empresarial, esse modelo pode ser interpretado de forma benéfica se forem analisadas questões como segurança, eficiência e baixo custo. “O sistema de pesquisa automatizada pode ou não utilizar inteligência artificial durante a ligação, onde o robô toma as decisões de acordo com a resposta do entrevistado considerando a base de dados que ele possui”, explica o especialista.
Ricardo acredita que esse modelo de pesquisa seria mais efetivo durante uma eleição de segundo turno, onde o usuário pode optar somente por duas opções, o que geraria maior aceitação dos participantes. Já numa pesquisa com 13 candidatos, o participante poderia falar o nome do candidato ou digitar o número no teclado do aparelho telefônico. Caso a pesquisa não seja efetivada corretamente, ela é considerada como insciente. Em pesquisas presidenciais realizadas pelo DataPoder360, por exemplo, foram realizados mais de 58 mil telefonemas, totalizando aproximadamente 10.500 entrevistas válidas. O número amplo deve-se pela busca do perfil demográfico correto em todas as regiões do Brasil.
No geral, as pesquisas telefônicas são uma forte tendência e já são utilizadas com pesquisas de público para diversos segmentos e interesses. “Elas custam em média 1/3 do valor de uma pesquisa presencial, efetivando o mesmo número de entrevistados. Os dados coletados são armazenados e criptografados, garantindo a segurança da informação e impedindo que um interceptador decifre a chave de acesso com rapidez e facilidade”, completa Zanlorenzi.
MP Eleitoral quer evitar notícias falsas nas Eleições 2018
Representantes de partidos políticos do estado assinaram termo de compromisso
O Ministério Público Eleitoral firmou um acordo de colaboração com os Partidos Políticos e coligações potiguares. O objetivo é combater fake newsdurante as Eleições 2018 e, de acordo com o termo de compromisso assinado pelos grupos, promover “a manutenção de um ambiente eleitoral imune da disseminação de notícias falsas”.
Uma das principais motivações por trás do acordo leva em consideração que as fake news são um grande risco para a democracia – já que a manipulação de notícias, assim como o uso de robôs e perfis automatizados, por exemplo, podem distorcer a liberdade de voto do eleitorado e interferir diretamente na legitimidade do processo eleitoral.
Ao todo, mais de 10 partidos ou coligações concordaram com o documento e se comprometeram a atuar contra as fake news no próximo pleito. Entre eles estão os partidos PSTU, PSDB, PSB, Psol, PRTB, Novo, Rede e Solidariedade. As coligações 100% RN, Do Lado Certo e Trabalho e Superação também assinaram o termo e devem “reprovar qualquer prática ou expediente referente à utilização de conteúdo falso”.
Presidenciáveis farão mais oito debates até o 1º turno; veja agenda
Os candidatos a presidente da República nas eleições deste ano ainda farão mais oito debates até o dia da votação em 1º turno, em 7 de outubro. Os dois primeiros encontros aconteceram na Band, em 9 de agosto, e na RedeTV!, nesta sexta-feira, 17, e reuniram oito postulantes ao Palácio do Planalto – Jair Bolsonaro (PSL), Geraldo Alckmin (PSDB), Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede), Alvaro Dias (Podemos), Henrique Meirelles (MDB), Guilherme Boulos (PSOL) e Cabo Daciolo (Avante).
O critério das emissoras foi chamar apenas os candidatos cujas coligações têm ao menos cinco congressistas – deputados ou senadores – com mandatos atualmente. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que se encaixaria nesse critério, não participou porque está preso em Curitiba pela Operação Lava Jato e teve sua participação vetada pela Justiça eleitoral.
O próximo debate acontecerá no dia 27 de agosto, em evento promovido pela rádio Jovem Pan, que, em parceria com o Instituto de Formação de Líderes (IFL), vai reunir os cinco candidatos com melhores resultados nas pesquisas de intenção de voto no 5º Fórum Liberdade e Democracia, em São Paulo, com transmissão nas plataformas digitais da emissora.
No dia 19, VEJA realizará, em São Paulo, mais uma edição do Fórum Amarelas ao Vivo, versão de palco das Páginas Amarelas. Nas sabatinas, presidenciáveis serão questionados pelos principais jornalistas de VEJA sobre seus programas de governo e propostas para o futuro do país.
Confira a agenda dos debates de 2018:
27 de agosto, 18h40 – Jovem Pan e IFL
9 de setembro, 19h30 – TV Gazeta e O Estado de S.Paulo
18 de setembro, 10h – Piauí e Poder360
19 de setembro, 9h – VEJA Amarelas ao Vivo
20 de setembro, 21h30 – TV Aparecida, TV Cultura e CNBB
26 de setembro, 18h – SBT, UOL e Folha de S.Paulo
30 de setembro, 22h – Record e R7
4 de outubro, 21h30 – TV Globo
Fonte: https://www.msn.com