Vinho e comida nordestina: harmonização com Sarrabulho, Sarapatel e Acarajé
Sommelier da Banca do Ramon ensina como escolher os vinhos ideais para combinar com pratos de sabores característicos e intensos típicos da Região Nordeste
Acarajé (iStock)
Setembro de 2023, Rio de Janeiro – Três pratos típicos da culinária nordestina, cada um com uma combinação especial de ingredientes que proporciona uma explosão de sabores. Sarrabulho, Sarapatel e Acarajé fazem parte da história do Nordeste e se tornaram pratos emblemáticos da região. Normalmente acompanhadas de cerveja e caipirinha, as comidas regionais também podem harmonizar bem com vinhos. Os sommeliers da Banca do Ramon – empório tradicional no Mercadão de São Paulo – analisaram preparações tipicamente brasileiras e estudaram maneiras de harmonizá-las com a bebida.
Sarrabulho e sarapatel são pratos feitos à base de miúdos de porco, cabrito ou bode. De origem portuguesa, as receitas surgiram na Idade Média – quando a produção de alimentos era escassa e todas as partes dos insumos disponíveis eram aproveitadas. Chegando ao Nordeste, mais temperos foram incorporados às receitas originais, dando a elas um toque bem brasileiro.
Vísceras como fígado e coração e pedaços de carne magra são cozidas com arroz e temperadas com cebola, pimentão, colorau e pimenta-do-reino no preparo do Sarrabulho. O toque final – e principal característica do prato de sabor terroso e textura macia – é a inclusão do sangue no final do cozimento, compondo um molho escuro que envolve o arroz.
O Sarapatel é também feito com vísceras e tem o sangue desses animais na lista de ingredientes, mas seu gosto é mais picante e ácido, já que esta receita também inclui vinagre e cominho como tempero. Mais parecido com um guisado, o sarapatel não leva arroz.
De raízes africanas, o Acarajé também chegou ao Brasil na época da colonização, mas é bem diferente do Sarrabulho e do Sarapatel. De maneira bastante simplificada, a iguaria pode ser definida como um bolinho de feijão-fradinho temperado com cebola e sal e frito no azeite de dendê. Quase sempre é recheado com camarões.
Harmonização de vinhos com comidas nordestinas: sabores podem ser suavizados ou aguçados
Quando escolhido corretamente, o vinho consegue intensificar os sabores marcantes da culinária regional, promovendo uma experiência gastronômica fora do comum mesmo para quem já está acostumado com esses sabores. Quem garante é Jamil Abdala, sommelier da Banca do Ramon:
“Os vinhos que mais harmonizam com esses pratos contém mais taninos, substâncias que ajudam a cortar a gordura presente no alimento. Tintos ou brancos de maior acidez também são indicados, limpam o paladar entre mordidas e refrescando a refeição”.
Para o Sarrabulho, que é feito com carne de carneiro ou bode e muito comum no Ceará, os vinhos mais robustos, como um vinho tinto do Douro ou um tinto alentejano são as melhores pedidas: “A robustez do vinho vai complementar os sabores intensos do prato”, ensina Abdala.
O mesmo vale para o Sarapatel – variação mais encontrada no vizinho Pernambuco -, um guisado espesso e rico, com pedaços de carne macios. Quanto mais encorpado for o molho, melhor. Como os cortes da carne de porco utilizados nesta receita são mais gordurosos, os vinhos altamente tânicos são os que harmonizam melhor. As uvas Rabigato e Pinot Noir – ácidas e frescas – são as melhores para harmonizar com o prato.
Uvas Pinot Noir | Danielle Comer (Unsplash)
Já o Acarajé combina com vinhos brancos de maior acidez, garantindo um sabor mais leve e coeso. Um vinho branco fresco e frutado, como um Sauvignon Blanc ou um Riesling, são os que melhor harmonizam com os bolinhos fritos em imersão de dendê, orienta o sommelier.
Vinhos podem ser harmonizados com comidas do Brasil inteiro: hub de conteúdos mostra como
A campanha “O que o Brasil tem de Mais Delicioso“, da Banca do Ramon, é uma grande homenagem à cozinha regional brasileira. Em um mapa interativo do país, é possível escolher entre as 5 regiões do país e clicar em todos os estados. O mapa vai te levar até o prato típico de cada um deles, indicando seu modo de preparo e como escolher o vinho ideal para combinar. É uma iniciativa que ajuda a propagar a rica culinária brasileira e ainda mostra que a comida regional pode sim ser acompanhada de um bom vinho.
Sobre a Banca do Ramon
A Banca do Ramon é uma das mais tradicionais e procuradas do Mercado Municipal Paulistano, o mais conceituado do Brasil. Inaugurada em 1933, a banca oferece mais de 6 mil itens de variados tipos, como queijos, azeite, bacalhau, laticínios e mais uma grande quantidade de produtos de alta qualidade, nacionais e importados. A Banca do Ramon também conta com um grande catálogo de vinhos, dos brancos aos tintos, com as mais diferentes propriedades. Além da venda em atacado e varejo, a Banca do Ramon também entrega em todo o Brasil.