Áreas com seca voltaram no Maranhão, avançaram em Pernambuco e recuaram na Bahia. Nos outros seis estados da região, as áreas com seca permaneceram estáveis em relação a janeiro
Devido às chuvas abaixo da média nos últimos meses, a seca ressurgiu no noroeste do Maranhão e avançou em Pernambuco em fevereiro. No sentido oposto, devido às chuvas acima da normalidade, a seca grave recuou no nordeste e no centro do Rio Grande do Norte e a seca fraca desapareceu no sudoeste da Bahia. A seguir veja a situação atualizada de cada estado nordestino segundo o Monitor de Secas.
Na comparação entre janeiro e fevereiro, Alagoas teve a permanência da severidade do fenômeno com a manutenção da seca moderada em 18% do estado – quadro mais brando desde dezembro de 2020, quando 14% do território alagoano passou pelo fenômeno. Em termos de área com seca, Alagoas seguiu com 45% de seu território com a presença do fenômeno em comparação a janeiro. Essa é a menor porção com seca desde julho de 2020, quando foram registrados 29% nessa situação.
Em fevereiro a severidade do fenômeno ficou estável na Bahia com a permanência da seca moderada em 3% do território baiano e da seca fraca em 13%. Tal severidade é a menor no estado desde o início do Monitor de Secas em julho de 2014, assim como ocorreu em janeiro. A área total com seca no estado caiu levemente de 17% para 15%, o que representa a menor área com o fenômeno na Bahia também desde o início do Monitor de Secas, sendo que o menor percentual anterior tinha sido registrado em janeiro: 17%.
Segundo o Monitor de Secas, em fevereiro o Ceará teve estabilidade da área com seca no patamar de 89%, o que representa a menor área com o fenômeno no estado desde dezembro de 2020, quando 83% do território cearense registrou seca. Em termos de severidade, a área com seca moderada seguiu presente em 3% do estado. Além disso, outros 86% do território passaram por seca fraca. Esta é a menor severidade desde dezembro de 2020, quando a seca moderada não foi registrada e houve seca fraca em 83% do Ceará.
Em fevereiro a seca fraca ressurgiu em 11% do noroeste do Maranhão, mas ainda assim foi o menor percentual dentre os estados nordestinos. O estado também teve a menor severidade do fenômeno no Nordeste no último mês.
No caso da Paraíba, a área total com seca seguiu estável em 85% do estado em fevereiro, que representa a menor área com o fenômeno desde dezembro de 2020, quando 83% do território paraibano passou por seca. Além disso, a severidade do fenômeno ficou estável com seca grave em 32% do estado, seca moderada em outros 32% e seca fraca em 21% do território paraibano. Essa é a situação mais branda do fenômeno desde outubro de 2021, quando 27% da Paraíba passou por seca grave.
Pernambuco, entre janeiro e fevereiro, teve a estabilidade da severidade da seca em relação a janeiro com a permanência da seca moderada em 42% do estado. Já a área com seca fraca avançou de 46% para 51% do território pernambucano. Essa é a menor severidade do fenômeno no estado desde janeiro de 2021, quando foi observada seca moderada em 37% de Pernambuco. Quanto à área total com o fenômeno, houve uma ampliação de 89% para 93% no estado.
No Piauí a área com seca se manteve estável em 32% de seu território entre janeiro e fevereiro, o que representa a menor área com o fenômeno no estado desde o início do Monitor de Secas em julho de 2014. Quanto à severidade da seca no Piauí, também foi identificada uma estabilidade, sendo que o estado registrou somente seca fraca pelo segundo mês consecutivo – condição mais branda do fenômeno desde julho de 2014 no Piauí.
Entre janeiro e fevereiro, o Rio Grande do Norte teve um abrandamento da seca com o forte recuo da seca grave de 62% para 16% do estado, que é a melhor condição desde fevereiro de 2021, quando houve seca moderada em 81% do RN. Apesar da melhora, o estado registrou a condição mais severa do Nordeste no último mês. A área total com o fenômeno seguiu estável, já que a seca é registrada em 100% do Rio Grande do Norte consecutivamente há 1 ano e 3 meses.
Em fevereiro foi observada a estabilidade da seca em Sergipe em comparação a janeiro. Nesse período as áreas com seca moderada seguiram no patamar de 54% do estado, o que representa a menor severidade do fenômeno desde setembro de 2020, quando foi observada seca moderada em 19% do estado. A área total com o fenômeno segue abrangendo 100% do território sergipano consecutivamente há 1 ano e 5 meses, desde outubro de 2020, maior sequência entre os estados nordestinos.
Considerando o recorte por região, o Sul registrou o maior percentual de área com seca, mantendo os 98% entre janeiro e fevereiro. No Centro-Oeste e no Sudeste houve respectivamente um recuo do fenômeno de 60% para 56% e de 54% para 49%, sendo a primeira vez que mais da metade do Sudeste ficou livre do fenômeno desde que os quatro estados da região passaram a ser monitorados em novembro de 2020. No Nordeste a área com seca avançou de 34% para 36%, mas segue sendo a menor em termos percentuais entre as quatro regiões.
Entre janeiro e fevereiro, em termos de severidade da seca, seis estados tiveram um abrandamento do fenômeno no último mês segundo o Monitor de Secas: Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio Grande do Norte e São Paulo. Tanto no Distrito Federal quanto no Espírito Santo, o fenômeno não foi registrado, assim como em janeiro. No sentido oposto, os três estados da região Sul – Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina – tiveram uma intensificação da seca. Em outros nove estados, a severidade do fenômeno se manteve estável: Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Sergipe e Tocantins.
Considerando as quatro regiões integralmente acompanhadas pelo Monitor de Secas, a maior severidade observada em fevereiro aconteceu no Sudeste, que registrou 5% de seca excepcional, a mais aguda da escala do Monitor, apesar da melhora das condições em comparação a janeiro. O Sul teve a segunda maior severidade de janeiro com 18% de seca extrema e 54% de seca grave. No Centro-Oeste houve um abrandamento do quadro com a redução da seca grave de 25% para 23% de seu território. Já o Nordeste teve a menor severidade do último mês e foi a única região a não ter registro de seca extrema ou excepcional no período.
Entre janeiro e fevereiro, três estados registraram o aumento da área com seca: Maranhão (onde a seca fraca voltou a ser registrada), Pernambuco e Tocantins. Por outro lado, a área com o fenômeno diminuiu em cinco estados: Bahia, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Nas outras 13 unidades da Federação acompanhadas pelo Monitor, não houve variação do território com seca: Alagoas, Ceará, Distrito Federal (livre do fenômeno), Espírito Santo (também sem seca), Mato Grosso do Sul, Paraíba, Paraná, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe.
Assim como em janeiro, cinco estados registraram seca em 100% do território no último mês: Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo e Sergipe. Somente duas unidades da Federação ficaram livres do fenômeno em fevereiro: Distrito Federal e Espírito Santo. Os demais 14 estados acompanhados pelo Monitor apresentam entre 10,6% e 97,9% de suas áreas com o fenômeno, sendo que para percentuais acima de 99% considera-se a totalidade dos territórios com seca.
As cores do gráfico indicam as regiões CENTRO-OESTE, SUDESTE, NORDESTE, SUL e NORTE
Com base no território de cada unidade da Federação acompanhada, Mato Grosso do Sul lidera a área total com seca, seguido por Mato Grosso, Rio Grande do Sul, São Paulo e Goiás. No total a área com o fenômeno foi de 2,5 milhões de quilômetros quadrados e se fosse um país seria o 10º maior do mundo, superando os 2,3 milhões de km² da Argélia.
As cores do gráfico indicam as regiões CENTRO-OESTE, SUDESTE, NORDESTE, SUL e NORTE.
O Monitor realiza o acompanhamento contínuo do grau de severidade das secas no Brasil com base em indicadores do fenômeno e nos impactos causados em curto e/ou longo prazo. Os impactos de curto prazo são para déficits de precipitações recentes até seis meses. Acima desse período, os impactos são de longo prazo. Essa ferramenta vem sendo utilizada para auxiliar a execução de políticas públicas de combate à seca e pode ser acessada tanto pelo site monitordesecas.ana.gov.br quanto pelo aplicativo Monitor de Secas, disponível gratuitamente para dispositivos móveis com os sistemas Android e iOS.
Com uma presença cada vez mais nacional, o Monitor abrange as cinco regiões do Brasil, o que inclui os nove estados do Nordeste, os três do Sul, os quatro do Sudeste, os três do Centro-Oeste mais o Distrito Federal, além de Tocantins. O processo de expansão continuará até alcançar todas as 27 unidades da Federação.
O Monitor de Secas é coordenado pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), com o apoio da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (FUNCEME), e desenvolvido conjuntamente com diversas instituições estaduais e federais ligadas às áreas de clima e recursos hídricos, que atuam na autoria e validação dos mapas. As instituições que atuam no Monitor de Secas em seus respectivos estados são as seguintes:
- ALAGOAS: Secretaria de Estado de Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (SEMARH)
- BAHIA: Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA)
- CEARÁ: FUNCEME, Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (COGERH) e Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (EMATERCE)
- MARANHÃO: Laboratório de Meteorologia do Núcleo Geoambiental da Universidade Estadual do Maranhão (LABMET-UEMA)
- PARAÍBA: Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba (AESA)
- PERNAMBUCO: Agência Pernambucana de Águas e Clima (APAC), Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA)
- PIAUÍ: Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMAR)
- RIO GRANDE DO NORTE: Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (EMPARN) e Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (SEMARH)
- SERGIPE: Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano e Sustentabilidade (SEDURBS)
A metodologia do Monitor de Secas, em operação desde 2014, foi baseada no modelo de acompanhamento de secas dos Estados Unidos e do México. O cronograma de atividades inclui as fases de coleta de dados, cálculo dos indicadores de seca, traçado dos rascunhos do Mapa pela equipe de autoria, validação dos estados envolvidos e divulgação da versão final do Mapa do Monitor, que indica a ausência do fenômeno ou uma seca relativa, significando que as categorias de seca em uma determinada área são estabelecidas em relação ao próprio histórico da região.