Endo belly, ou “barriga de endometriose”: como o verão e as ondas de calor podem agravar sintomas da doença
Inchaço na região abdominal pode gerar desconfortos físicos e emocionais nas pacientes, explica médico especialista
Quando o assunto são os sintomas de endometriose, o mais comum é limitar a compreensão às intensas cólicas; no entanto, a condição também está relacionada a outros tipos de incômodos, como a “endo belly”, ou a barriga de endometriose. A chegada do verão – e as ondas de calor que o Brasil vem enfrentando – podem agravar este sintoma e os incômodos gerados por ele.
O termo se refere ao inchaço abdominal que, muitas vezes, faz com que a barriga fique tão estufada e proeminente que pode ser confundida com uma gestação. “Isso pode gerar angústia, especialmente para mulheres que têm endometriose e estão tentando engravidar. Isso também pode levar o corpo a uma série de reações bioquímicas, emocionais e, consequentemente, comportamentais nestas pacientes”, comenta o Dr. Patrick Bellelis, especialista em endometriose e colaborador do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.
A endo belly ocorre porque o ambiente inflamatório gerado pela endometriose causa irritação na região gástrica, bem como gases e alças intestinais dilatadas. Além do inchaço, mulheres com focos da doença no intestino são mais propensas a desenvolverem prisão de ventre, náuseas, diarreia e sensação de torção intestinal. Em épocas mais quentes, isso pode se intensificar, já que as altas temperaturas fazem os vasos sanguíneos se dilatarem, causando naturalmente inchaço, dor e sensação de ganho de peso.
“É importante observar os sintomas com cuidado. Comumente, eles se limitam a aparecer em determinados momentos do ciclo menstrual, mas também surgem sem um determinado padrão ao longo dos outros dias do mês”, explica Dr. Patrick.
Independente do que possa ocasionar a endo belly, é determinante manter uma rotina de hábitos saudáveis, aliando uma boa alimentação à prática de exercícios físicos e uma boa hidratação. Essas ações, além de combaterem a doença, auxiliam na saúde mental, com consequências positivas na qualidade de vida.
“O ideal é que sempre haja uma avaliação médica para investigar que doença é a responsável pelo aparecimento deste sintoma. Nem sempre será endometriose; pode ser uma doença celíaca, candidíase, síndrome do intestino permeável ou o crescimento bacteriano do intestino delgado. Além disso, nem toda mulher com endometriose vai desenvolver endo belly. É preciso analisar caso a caso”, conclui Dr. Patrick.
Clínica Bellelis – Ginecologia
O ginecologista Patrick Bellelis é Doutor em Ciências Médicas pela Universidade de São Paulo (USP); graduado em medicina pela Faculdade de Medicina do ABC; especialista em Ginecologia e Obstetrícia, Laparoscopia e Histeroscopia pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo); além de ser especialista em Endoscopia Ginecológica e Endometriose pelo Hospital das Clínicas da USP. Possui ampla experiência na área de Cirurgia Ginecológica Minimamente Invasiva, atuando principalmente nos seguintes temas: endometriose, mioma, patologias intrauterinas e infertilidade. Fez parte da diretoria da Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva (SBE) de 2007 a 2022, além de ter integrado a Comissão Especializada de Endometriose da FEBRASGO até 2021. Em 2010, tornou-se médico assistente do setor de Endometriose do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital das Clínicas da USP; em 2011, tornou-se professor do curso de especialização em Cirurgia Ginecológica Minimamente Invasiva — pós-graduação lato sensu, do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio Libanês; e, desde 2012, é professor do Instituto de Treinamento em Técnicas Minimamente Invasivas e Cirurgia Robótica (IRCAD), do Hospital de Câncer de Barretos.