O tratamento oncológico requer ótimas condições de saúde bucal, porém, nem todos os pacientes com câncer têm acesso ao tratamento odontológico. Condições precárias de saúde bucal podem impedir a terapia adequada para o tratamento, como também ocasionar a interrupção deste. Daí a importância de um dentista na equipe multidisciplinar ou interdisciplinar da terapêutica do câncer para planejar todo o tratamento odontológicodos pacientes.
A quimioterapia induz efeitos colaterais na cavidade bucal em 40% dos pacientes, aumentando para 90% em crianças com idade inferior a 12 anos. O atendimento odontológico de pacientes com câncer tem o objetivo de prevenir e tratar efeitos colaterais advindos da quimioterapia e/ou radioterapia de cabeça e pescoço, de forma a contribuir para a saúde geral e mental do indivíduo.
Os tratamentos oncológicos interferem bastante na qualidade de vida dos pacientes por serem muito agressivos e desgastantes, dessa forma, devemos trabalhar de maneira integrada com outras aéreas da saúde além da medicina, nutrição, psicologia, entre outras. Quando se fecha um diagnóstico oncológico, cuidados adicionais em relação à saúde bucal devem ser instituídos, porém, nem sempre isso é possível, pela dificuldade de acesso a um tratamento odontológico por parte da família ou por ignorância da importância da saúde bucal para a manutenção da saúde geral.
Os pacientes oncológicos devem receber acompanhamento odontológico, uma vez que os tratamentos quimioterápico e radioterápico causam vários efeitos colaterais na cavidade oral, mesmo que o tumor não seja de cabeça e pescoço. Tais efeitos são: mucosite (inflamação da mucosa), osteorradionecrose (complicação da radioterapia), cárie de radiação e diminuição do fluxo salivar, presentes ou não em maior ou menor quantidade de acordo com o organismo do paciente.
O ideal é que todo o tratamento odontológico seja realizado previamente à quimioterapia e/ou radioterapia de cabeça e pescoço, com o objetivo de eliminar todos os focos infecciosos que possam vir a causar complicações de acordo com o tratamento a ser realizado. Pacientes de alto risco à cárie devem ser submetidos a extrações dentárias, sendo feitas com no mínimo duas semanas de antecedência do início do tratamento, a fim de evitar a ocorrência de osteorradionecrose (necrose óssea).
Durante e após o tratamento oncológico, devemos tomar algumas precauções com relação ao tratamento odontológico, uma vez que a quimioterapia diminui a capacidade imunológica do paciente, dificultando a cicatrização, ocorrendo sangramentos abundantes e deixando os pacientes mais susceptíveis a inflamações e infecções. Deve-se solicitar 24 horas antes de qualquer intervenção, hemograma, coagulograma e taxa glicêmica.
O tratamento do câncer infantil é muito doloroso, merece total atenção por parte dos profissionais e família, pois tais pacientes ficam muito sensíveis ao tratamento, à situação em que se encontram e ao processo da terapêutica. Diante disso, o tratamento odontológico para às crianças da Casa Durval Paiva é realizado de uma forma especial, trabalhando em ambientes calmos, antes e durante os procedimentos, respeitando as necessidades básicas, utilizando métodos de dessensibilizações e fazendo com que a criança possa compreender toda a situação ocorrida no consultório odontológico.
A presença de uma equipe odontológica no local aonde as crianças são albergadas, durante e após seu tratamento contra o câncer, pode contribuir para o prognóstico da doença, melhoria da saúde bucal da criança, auxiliando também na qualidade de vida e auto-estima dos pacientes.
O avanço tecnológico nos tratamentos radioterápicos tem aumentado a sobrevida dos pacientes portadores de tumores. Cirurgia, radioterapia e quimioterapia são métodos disponíveis para diversos tipos de tumores, inclusive os de cabeça e pescoço. A radioterapia é um método local ou regional que busca destruir as células tumorais através de feixes de radiação, e está sendo largamente difundida como tratamento para pacientes portadores de tumores de cabeça e pescoço, aumentando a responsabilidade do cirurgião dentista frente a esses pacientes, sobre as estruturas dentais.
A boca pode ser uma fonte rica em bactérias que são especialmente perigosas para quem vai entrar em tratamento contra o câncer. Previamente ao inicio deste, os pacientes devem passar por uma consulta odontológica onde deve receber as instruções a respeito dos efeitos da radiação ionizantes sobre as estruturas dentais. Onde o profissional irá avaliar a condição clinica do paciente. Primeiramente, procuramos junto aos pacientes da Casa Durval Paiva, um possível foco de infecção, que pode ser uma doença periodontal (doença da gengiva e de todos os tecidos que dão suporte ao dente) ou cáries muito profundas. Também verificamos dentes com mobilidades(moles) e que precisam ser removidos antes de iniciar o tratamento de radioterapia.
Uma avaliação prévia à cirurgia e a radioterapia poderá diminuir de forma efetiva complicações advindas de processos infecciosos ou inflamatórios crônicos, de origem bucal, que podem exacerbar após o tratamento oncológico.
O tratamento clínico deverá ser concluído pelo menos oito dias antes do inicio da terapia. Incluindo exodontias, endodontias, restaurações, periodontia, próteses fixas. Nos pacientes pediátricos em fase de dentição mista, deve-se fazer exodontia dos dentes em esfoliação, restaurações e remoção de cálculos salivares supra e subgengivais através de raspagem de tártaro, assim também como aplicação tópica de flúor gel neutro que vai possibilitar a diminuição da sensibilidade da área tratada.
O tratamento odontológico realizado previamente ao inicio da radioterapia otimiza o tratamento antineoplásico, evitando interrupções durante sua aplicação e melhorando a qualidade de vida dos pacientes.
A sociedade por natureza é dependente e carente de seus pares, suscetíveis a cobranças absurdas, principalmente, em questão de aparência. Os que fogem destes padrões “normais” sejam estes, acima ou abaixo do esperado, com relação a peso, altura ou beleza, na maioria são rotulados de ‘estranhos’, expostos assim a uma forma vexatória denominada de bullying (anos 80) e que atualmente, devido a sua prática no meio digital, teve sua nomenclatura classificada como Cyberbullying, ou bullying virtual.
Na maioria dos casos, as vítimas são o publico jovem, mas não como regra, e, como a tecnologia atravessa paredes, ele não avisa as vítimas, quando e como irá acontecer, simplesmente entra em seus lares, basta um meio tecnológico, seja ele um computador de mesa ou um portátil.
O Cyberbullying inicia de forma sucinta, confundindo-se com uma brincadeira, e, sem perceber, já ultrapassa o limite suportável, e assim, em alguns casos, a vítima tenta contra si mesma, ou contra a vida de seu agressor, determinando o ponto final a pratica. É nesse momento que a convivência em sociedade se torna insuportável para a vítima, que tenta se livrar da pratica do cyberbullying e, em alguns casos, tem ações violentas, tornando-se agressiva, realizando pequenas ou grandes infrações.
Isso gera certo receio durante o tratamento de crianças ou adolescentes com câncer, tendo em vista o momento difícil que os pacientes já vêm passando, principalmente, pelos fatores a que são expostos devido à terapia, como o uso de máscaras e a queda de cabelo, que os tornam em alguns casos alvos do cyberbullying. Diante disso, os pacientes assistidos na Casa Durval Paiva são sempre orientados a explicarem as situações que estão passando, devido a necessidade maior que é a cura para a doença e orientadas que, em casos em que estejam sendo vítimas, possam relatar tudo a seus acompanhantes, para que os mesmos orientem da melhor forma ou busquem a solução para o problema.
Durante o processo de tratamento, é recomendável que os pacientes oncológicos infantojuvenis estejam envolvidos em atividades de conscientização e na formação de sua cidadania digital.
O bruxismo é uma atividade parafuncional do sistema mastigatório que inclui apertar ou ranger os dentes, continuamente, tanto no período diurno ou noturno, geralmente de maneira inconsciente. É um problema que afeta muita gente e isso não exclui as crianças. O hábito de ranger ocorre frequentemente durante o sono, períodos de preocupação, estresse e excitação, acompanhados por um ruído notável. Já o apertamento, em geral sem ruídos, é mais comum durante o dia e pode ser considerado mais destrutivo, uma vez que as forças são contínuas e menos toleradas.
O bruxismo infantil pode ser causado por ansiedade e stress decorrentes de diferentes situações às quais a criança é exposta, uma rotina agitada ou uma mudança de rotina, como a chegada de um irmão, a separação dos pais, uma mudança de escola, o tratamento do câncer ou de uma doença hematológica, por exemplo. Além dos motivos emocionais, também pode estar relacionado a diferentes problemas físicos, como a má oclusão ou mordida desalinhada, que pode ser provocada pelo uso excessivo de mamadeira e chupeta, problemas de respiração como asma ou rinite, deficiências nutricionais ou até fatores hereditários.
É de fundamental importância realizar a anamnese completa da criança em ambiente tranquilo, contando com a participação dos pais para obter informações sobre a história médica geral, hábitos, queixa de dor, relacionamento familiar, social e avaliação do perfil psicológico da criança. Existem algumas maneiras de tentar minimizar ou prevenir o bruxismo nos pequenos. Uma delas é incentivar a mastigação desde cedo. Tentar estabelecer uma rotina de atividades que não seja pesada, estabelecer um ambiente tranquilo na hora de dormir para diminuir a tensão e evitar o bruxismo.
O bruxismo infantil pode ser tratado da mesma forma que em adultos, com placa de bruxismo como alternativa para minimizar o atrito entre os dentes superiores e inferiores. Também pode envolver exercícios e técnicas de relaxamentos orientadas por um psicólogo que ajudam a criança a lidar com o estresse, a ansiedade ou a hiperatividade, que são algumas das principais causas de bruxismo infantil noturno.
Estamos vivendo uma época de mudanças rápidas. Quem diria que agora o seu smartphone teria mais poder computacional que a Nasa tinha quando o homem foi à lua? Ou, que daqui 20 anos, se smartphones como são conhecidos hoje existirem, eles terão 524.288 vezes mais poder de processamento, de acordo com a Lei de Moore?
Já reparou que muita coisa virou um aplicativo? Antes você precisaria de vários equipamentos para fazer o que um smartphone faz hoje. Mas eles se desmaterializam, se digitalizaram e agora o GPS, a câmera, o gravador de voz, a TV, o videogame, estão dentro de seu celular e são acessados por um ícone na área de trabalho.
Antes, para ser uma empresa de sucesso era preciso trabalhar duro por décadas e investir em estruturas pesadas, parrudas e caras. Agora, grandes negócios podem nascer de uma só pessoa ou de um pequeno grupo usando quase nada de investimento ou até ser baseado em trabalho remoto a distância.
Passamos de um momento em que o crescimento de uma empresa era linear e demorado, para um cenário em que, dependendo de como o negócio for projetado, acontece uma disrupção e o crescimento se torna exponencial. Ou seja, ele vai duplicando de período em período e quando esse crescimento passa a barreira dos números inteiros, se torna muito mais visível – e até “assustador”.
O Instagram, por exemplo, em menos de dois anos e com pouco mais de uma dezena de funcionários, teve um salto no número de downloads, usuários e quantidade de fotos postadas. Ao alcançar 30 milhões de usuários revelou-se uma ameaça e foi comprado pelo Facebook.
Muitos destes novos negócios construíram seu modelo em torno dos ativos alavancados. Isto é, Uber não precisou de carros próprios e AirBnB não precisou de quartos próprios para crescerem, eles trouxeram para perto pessoas que queriam participar daquela economia compartilhada e então o céu se tornou seu limite. O mesmo acontece com o Waze, ele usa os smartphones de usuários para capturar informações sobre o trânsito e otimizar a si próprio.
Alguns dados nos mostram como o mundo está realmente mudando a uma velocidade assustadora. De acordo com a Cornell University, de 2015 a 2020 o ranking da Fortune 500 será totalmente renovado. Na época de 1920 o tempo de vida médio de uma empresa na lista das 500 maiores da S&P era de 67 anos, agora é de apenas 15, de acordo com a Yale University, dado que destaca a importância de negócios se renovarem continuamente se não quiserem ficar para trás. Outro dado da Cornell University que merece destaque é que um estudante que está no ensino médio trocará de carreira em média 5x em sua vida. E aqui chegamos ao core deste artigo, sobre o futuro breve da educação.
O mundo mudou tanto nos últimos anos que a graduação deixou de ser o único caminho para alguém trilhar um futuro profissional. Assistimos garotos criando canais no Youtube que os tornaram grandes nomes, sem nunca terem feito um curso superior. Eles influenciam e impactam pessoas, que se identificam com seu estilo. O poder de voz chegou a todos com as mídias sociais, a informação não está mais centralizada em um ou outro e até mesmo uma pessoa comum pode vir a ter um blog com mais alcance e acesso que um veículo de mídia tradicional.
Novas profissões surgiram a partir do avanço das tecnologias e tantas vezes não foram encontrados cursos que preparariam aquela pessoa para exercer aquela função. Foi preciso estudar aqui e ali para aprender como fazer.
Além disso, muita gente passou a abrir mão de grandes empresas ou cargo para se aproximar de seus propósitos, indo trabalhar em startups ou empreendendo, mesmo que isso significasse, em alguns casos, abrir mão de salários altos. Muitas delas passaram a valorizar mais a flexibilidade, o home-office, o tempo para projetos pessoais do que apenas uma conta bancária e um único foco.
Com tantas necessidades não atendidas pela academia, que nem sempre consegue acompanhar o ritmo do mercado, será que estamos caminhando para o fim dos diplomas? Será que finalmente a educação e as instituições de ensino, sofrendo esse chacoalho, vão finalmente se transformar? Afinal, muita coisa mudou, mas as escolas, em sua grande maioria, ainda funcionam como há décadas atrás, apostando em alunos enfileirados e o professor no centro do saber.
Uma coisa é certa, daqui em diante as pessoas vão querer cada vez mais trabalhar “com” pessoas, não “para” pessoas e isso por si só vai modificar drasticamente modelos e estruturas. Se a tecnologia permite que muitas funções sejam executadas de qualquer lugar do mundo, não fará mais sentido reunir funcionários todos os dias em um espaço. E novas dinâmicas exigirão horários alternativos de trabalho, fora do padrão conhecido como horário comercial.
Tudo que é novo costuma assustar. Quando falamos em inovação há um termo cunhado por Shumpeter que diz sobre a “destruição criadora”, porque a princípio para que algo novo possa ser colocado em prática, primeiro as estruturas são sacudidas, o mercado é ameaçado de alguma forma e inicialmente aquela novidade não parece fazer sentido. Tudo isso está bastante relacionado com o choque entre as gerações, porque por mais que tentemos nos manter frescos e jovens, acabamos, em tantos casos, pensando como sempre pensamos. E é exatamente ai que começamos a ficar velhos, quando adotamos a postura de “isso não pode ser assim”. Por que não? Quem sou eu para dizer que um Youtuber está errado em fazer disto uma profissão? Que um influenciador que trabalha com tantas marcas diferentes não tem mérito porque não cursou um curso na educação formal?
Um artigo da Você S/A de agosto de 2017 falou sobre o fim do diploma. Na matéria a ultraespecialização foi citada como uma tendência para os próximos anos, de modo que cada aluna possa construir uma trilha de aprendizado personalizada, combinando cursos formais com informais, bebendo daqui e dali.
Além disso, em um mundo que muda tão rápido, fazer um único curso e dar-se por satisfeito não vai funcionar mais, será preciso passar a vida se atualizando. Tudo isso porque novas e específicas áreas vão precisar de conhecimentos muito específicos. As universidades precisarão se reinventar, oferecendo cursos customizados, flexíveis e responsivos às necessidades dos profissionais, como afirma o reitor da Universidade Northeastern, de Boston (EUA), Joseph E. Aoun, na matéria da revista.
Neste sentido já existem instituições apostando por meio de um consórcio chamado Five College. O aluno não segue uma grade preestabelecida e pode fazer aulas disponíveis em qualquer uma das cinco escolas. Na Universidade de Tampere, na Finlândia, os alunos não apenas aprendem, mas lidam com problemas reais, atuando na prática para a solução do problema. E em um mundo tão conectado e com tanta informação disponível, até mesmo o papel do professor muda, ele passa a atuar como um facilitador, um coache. Além disso, os nanodegrees devem crescer, escolas como Coursera e Udacity já apostam neste modelo e trabalham soft skills.
Todas estas transformações na educação exigirão também um novo olhar das empresas. Será preciso cada vez mais valorizar certificações e atualizações, não apenas o curso ou o nome da instituição em que o candidato se graduou. De acordo com Joseph E. Auon, da Universidade de Northeastern, muitos empregos vão desaparecer por conta da robótica e da inteligência artificial, a graduação precisará se modificar para transformar os alunos à prova desses robôs. Para isso, a educação continuada será essencial. E no meio de tudo isso precisaremos aprender que a melhor forma de lidar com a transformação tecnológica será educar as pessoas a se adaptarem a ela, passando a enxergar a educação como um processo, não como uma etapa a ser cumprida para iniciar a vida adulta e o trabalho.
Se locomover sozinho, sem auxílio, é um importante objetivo a ser alcançado por pacientes em reabilitação. A marcha, definida como a maneira ou estilo de andar, deve ser avaliada logo na primeira consulta com o fisioterapeuta.
Vários fatores podem comprometer o padrão de marcha normal como: o equilíbrio deficiente, a incapacidade de apoiar o peso em um dos membros inferiores devido à fratura ou outra lesão, paralisia em um ou os dois membros inferiores e amputação. Pacientes com câncer podem apresentar alguns desses fatores, pois os sintomas e o tratamento (quimioterapia, radioterapia ou cirurgia) podem causar o seu surgimento.
Antes de iniciar os exercícios terapêuticos, é importante conhecer bem a história clínica do paciente, seu estado geral e os obstáculos que ele possui em casa: tem escada? Tem desnível entre os cômodos? A família auxilia/apoia?
Exercícios de fortalecimento muscular de membros inferiores e superiores associados com treino de equilíbrio devem ser realizados na fase inicial. Depois, dependendo das condições do paciente, deve ser iniciado o treino de marcha com um dispositivo auxiliar, como barras paralelas, andador ou muletas. É fundamental que o fisioterapeuta explique e demonstre como deve ser o uso correto, para que o paciente tenha a capacidade de manipular o dispositivo. Transmitir e promover segurança para o paciente também são fatores importantes para estimulá-lo.
O treino de marcha deve incluir a maior variedade possível de padrões e obstáculos como: marcha para frente e para trás, treino em escada e rampa, treino para transpor obstáculos de variados tamanhos, treino em superfícies estáveis e instáveis (grama e areia, por exemplo).
Após adquirir estabilidade, força e coordenação, pode ser iniciado o treino de marcha independente. O comprimento dos passos e a velocidade devem aumentar gradativamente até que o padrão de marcha esteja reabilitado.
Ver crianças e adolescentes recuperando essa função tão importante para sua independência funcional é algo muito prazeroso. O setor de fisioterapia da Casa Durval Paiva tem um espaço muito amplo, além de equipamentos e mobiliário que permitem uma grande variedade de exercícios e treino de marcha. Aos poucos é possível vermos o medo de cair dando lugar à confiança, a insegurança dando lugar ao sorriso de quem pode ir e vir com o mínimo de auxílio ou de forma independente.
Receber o diagnóstico de câncer nos faz refletir sobre a vida e remete a tudo o que se pode enfrentar nos próximos dias, acreditar que a vida se resumirá somente em dores, medos, ansiedade e tudo o que envolve o estigma do câncer, que após o tratamento não será mais possível ter a vida de antes. De acordo com autor Francisco Barbosa, “O impacto causado pela revelação pode estar associado à representação social do câncer, que é associada à dor e morte”. Mas, no contra fluxo, eis que surgem muitos casos que nos surpreendem e nos fazem pensar o quanto é possível levar uma rotina com qualidade e feliz após o tratamento de câncer.
Em se tratando de câncer infantojuvenil, a reflexão é ainda maior, já que estamos falando de crianças e adolescentes que terão em sua rotina diária algumas mudanças que serão inevitáveis, como o afastamento da escola, da realização de esportes, distanciamento da vida social para um tratamento que não estava planejado e que requer tanto esforço físico, como emocional e ainda com o envolvimento da família, onde todos também parecem adoecer juntos.
Entre tantas histórias, uma nos chama a atenção, que é da adolescente J. S, 17 anos, que se encontrava no auge de sua juventude, quando percebeu alguns sintomas e incômodos que antes não sentia, como: febre persistente, fadiga, mal estar, dentre outros e, ao procurar ajuda médica, para melhor investigação destes sintomas através de exames clínicos e laboratoriais, recebeu o diagnóstico de um linfoma.
Para o escritor Paulo César Alves, “a doença crônica representa um corte na linha da vida do adolescente, que passa agora a apresentar dois momentos: o antes, saudável, e o após, doente. Para a fenomenologia, a doença rompe com os pressupostos da vida cotidiana, justificando as dúvidas e incertezas que marcam as experiências do adoecimento”, afirma.
Trata-se de uma adolescente meiga e com muitos sonhos a serem realizados, com vida social na presença de amigos e familiares, como qualquer outra adolescente de sua idade, que inevitavelmente teve o seu desenvolvimento interrompido, mesmo que por um período, necessitando se ausentar das atividades antigas para então se dedicar ao tratamento quimioterápico e todas as mudanças que envolvem esse tipo de intervenção, passando então a conviver com dores, febres, enjoos, imunidade baixa, dentre outras reações que o processo de tratamento implica.
Nossa paciente J. S. precisou ser muito forte. Com a ajuda da família, superou todas as reações e angústias que lhe eram acometidas durante as internações. A adolescente tinha receio de não conseguir realizar o sonho de voltar a estudar e fazer uma faculdade, já que seu único desejo era de retornar à vida que tinha antes do diagnóstico, com muitos planos e sonhos. Também ansiava por voltar a desempenhar seus afazeres diários, que passou a valorizar ainda mais, desde vestir sua roupa, se alimentar sozinha, cuidar da aparência, ações que devido à debilidade do tratamento, sempre tinha alguém da família para executar em seu lugar, enquanto esteve internada.
Atualmente, J. S realiza acompanhamento com a terapia ocupacional, que dá ênfase na intersubjetividade, escuta e humanização, onde recebe orientações com relação à sua rotina, para um fazer organizado, visto a importância de dar significado ao tempo, por meio de atividades contextualizadas, mesclando entre as laborativas e as de lazer, como uma forma de adequar a nova vida e vivenciá-la com qualidade. J.S. tenta levar a vida o mais normal possível, fazendo as atividades que sempre desejou, distribuindo o seu tempo fazendo o que mais gosta: estudar; teve a oportunidade de fazer cursinho e faculdade e, nas horas livres, passeia com a família e os amigos; se diz muito feliz e supera, a cada dia, as adversidades que a vida implica. Sendo uma pessoa que enfrentou o câncer, relata que agora, enfrentar a vida é um grande prazer.
O termo “cuidados paliativos” vem sendo discutido e ganhando destaque nos últimos anos, porém, a odontologia ainda é pouco divulgada nesse contexto.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em conceito definido em 1990 e atualizado em 2002, “Cuidados Paliativos consistem na assistência promovida por uma equipe multidisciplinar, que objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e seus familiares, diante de uma doença que ameace a vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, da identificação precoce, avaliação impecável e tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais”.
A atuação do cirurgião-dentista (CD) está incluída dentro da equipe multidisciplinar, contudo, desconhecida por vezes por profissionais de saúde, por achar que a intervenção da odontologia pode agravar o estado de saúde em um paciente terminal, refletindo o desconhecimento das potencialidades da odontologia: trabalhar em conjunto com outros membros tendo como foco o cuidado, oferecer aos pacientes e seus entes queridos a melhor qualidade possível de vida – a despeito do estágio de uma doença, ou a necessidade de outros tratamentos.
O verbo paliar, do latim palliare, pallium, significa em seu modo mais abrangente, proteger, cobrir com capa. Em odontologia, o cuidado paliativo pode ser definido como o manejo de pacientes com doenças progressivas ou avançadas, devido ao comprometimento da cavidade oral pela doença ou seu tratamento, direta ou indiretamente.
É importante avaliar a capacidade que o paciente tem de se cuidar, a fim de desenvolver alternativas para melhorar a escovação dos dentes, incluindo indicações especificas de escova dental, pastas e colutórios (medicamentos líquidos utilizados em gargarejos, para a higiene das mucosas da boca ou para tratamento das gengivas) que devem ser fornecidos ao paciente e ao seu cuidador. Muitas vezes, não é possível realizar o tratamento odontológico convencional, mas é de fundamental importância que o paciente e seus familiares sintam que todos os esforços continuam sendo feitos em seu favor.
Cuidados paliativos específicos são requeridos ao paciente nas últimas semanas ou nos últimos seis meses de vida, no momento em que se torna claro que o paciente encontra-se em estado progressivo de declínio. Todo o esforço é feito para que o mesmo permaneça autônomo, com preservação de seu autocuidado e próximo de seus entes queridos. Os cuidados ao fim de vida referem-se, em geral, aos últimos dias ou últimas 72 horas de vida.
Os pacientes da Durval Paiva recebem o atendimento odontológico hospitalar desde o inicio do tratamento, nas recidivas e quando entram em tratamento paliativo, ou seja, fora de possibilidade terapêutica, oferecendo conforto e suporte aos familiares.
Algumas situações em que a odontologia pode contribuir para a melhoria na qualidade de vida de pacientes terminais são: na prevenção e tratamento de focos infecciosos oportunistas em boca; prevenção e tratamento de efeitos colaterais advindos da quimioterapia e/ou radioterapia de cabeça e pescoço, com destaque para mucosite e xerostomia(boca seca); controle dos quadros de sangramento bucal; remoção de dentes decíduos em esfoliação, prevenindo uma aspiração do mesmo; prevenção e tratamento das feridas orais; alívio das dores oro faciais; auxílio aos pacientes, familiares e cuidadores na realização de higiene bucal de rotina de forma delicada e eficiente, evitando as complicações relacionadas a higiene inadequada (como cárie, alterações na gengiva e pneumonias aspirativas).
A urgente necessidade de realizar profundas transformações nas metodologias de ensino para promover oportunidades de aprendizagem significativa que permitam desenvolver as competências para o Século XXI traz também o desafio inexorável de rever os ultrapassados processos de avaliação dos alunos, que ainda são julgados muito mais pelo conhecimento teórico adquirido nos bancos escolares do que por suas habilidades sócio-emocionais e a capacidade de aplicar seus saberes na prática. Nesta nova realidade educacional, os alunos devem ser avaliados por suas competências e não mais como ‘another brick in the wall’.
Tenho insistido que nos próximos 10 a 15 anos, quando nossas crianças e jovens estarão ingressando no mercado de trabalho, o mundo corporativo será completamente diferente do que conhecemos até hoje como fruto da revolução industrial. A economia criativa irá demandar (e já está valorizando) profissionais que sejam inovadores, visionários e, acima de tudo, empreendedores; sempre prontos a enfrentar desafios e solucionar problemas.
Se nas últimas décadas o sucesso na carreira esteve atrelado à capacidade de aprender uma profissão em determinada área (humanas, exatas ou biológicas), as novas gerações precisarão, cada vez mais, aprender a aprender, ou seja, terão que ser multicompetentes e estudar por toda vida.
A automação de funções repetitivas com o avanço da inteligência artificial irá levar ao desaparecimento de profissões milenares, que serão assumidas pelos robôs, e ao surgimento de profissões do futuro que ainda sequer somos capazes de imaginar, fazendo com que os momentos de aprendizagem não estejam mais restritos à infância e à adolescência.
Para ser competitivo, o profissional deste novo mundo precisará acompanhar continuamente a próxima invenção, a próxima tendência, o próximo mercado a eclodir. Está saindo de cena o profissional tecnicista e subindo ao palco o profissional criativo, aberto ao risco e à inovação, capaz de pensar o tempo todo ‘fora da caixa’.
Será que as políticas pedagógicas atuais estão alinhadas aos desafios desta nova sociedade digital, conectada, veloz e sedenta por enterrar antigos modelos corporativos para dar lugar a empresas com gestão horizontal, estruturas organizacionais flexíveis e, acreditem, dispostas a reconhecer o erro como combustível para a inovação?
Cabe a reflexão.
Os modelos pedagógicos de nossas escolas ainda são muito mais direcionados ao ensino teórico para passar no funil do vestibular, obrigando os alunos a decorar fórmulas matemáticas, afluentes de rios ou a morfologia dos insetos para ter depois seus conhecimentos testados e avaliados por notas que não diferenciam as vocações ou interesses individuais.
É uma avaliação cruel, que prioriza a inteligência da decoreba ao invés da inteligência criativa.
Se quiserem realmente formar nossos alunos para a economia do Século XXI, movida pelas novas tecnologias e a revolução nas relações de trabalho, precisaremos dar espaço a uma cultura ‘maker’, o ‘fazer para aprender’, desenvolvendo e implementando metodologias ativas de ensino que tirem os alunos da zona de conforto da sala de aula para desafiá-los a desenvolver projetos multidisciplinares capazes de causar impacto real e efetivo na comunidade em que vivem e, assim, trazerem significado ao aprendizado.
Convido o leitor a fazer uma experiência. Dê um brinquedo novo para uma criança e observe sua reação. Ela irá querer brincar ou desmontar, remontar, investigar o brinquedo, não é mesmo? Este impulso de querer desvendar o desconhecido, descobrir o mundo, perguntar os porquês de tudo é próprio da natureza das crianças. Elas têm um potencial criativo pronto a ser estimulado.
Mas o que a escola faz? Ao invés de priorizar um aprendizado prático, as obrigam a ingerir toneladas de teorias que terão pouca ou nenhuma aplicação na vida pessoal ou profissional. Sem motivação, se tornam reféns de livros didáticos que repetem o mesmo currículo desenhado para atender uma geração que passou a vida inteira buscando ter ‘empregabilidade’, mas que agora precisará ter ‘trabalhabilidade’.
Os profissionais que começarão suas carreiras nas próximas décadas não passarão longos anos no mesmo emprego. Ao invés disso, precisarão reunir competências para trabalhar em diferentes projetos que tragam reconhecimento e realização, que sejam éticos e sustentáveis, que ajudem a mudar o mundo para melhor.
Neste futuro breve, o fim das salas de aula como conhecemos, com um professor despejando o mesmo conteúdo para todos os alunos de forma entediante, será inevitável. E na medida em que adotarem novos formatos de ensino e abrirem suas fronteiras para o ingresso da tecnologia como ferramenta pedagógica, as escolas serão forçadas, claro, a também rever seus processos de avaliação.
Outros critérios deverão ser incorporados. Mais do que simplesmente ser avaliado se estudou para a prova (e esquecer tudo assim que entregá-la ao professor), o aluno será testado por sua força criativa e inovadora, sua capacidade de liderança, de resolver problemas e trabalhar em equipe, de se relacionar, de ter autonomia e proatividade, de aprender com os erros e dominar o uso das novas tecnologias, entre outros parâmetros.
Nesta nova escola, a avaliação deixa de ter um papel de julgar e expor o conhecimento (ou a falta dele) de um aluno para ser vista como a valorização e a validação do aprendizado. Não caberá mais premiar o aluno que tirou boa nota e crucificar o aluno que foi mal na prova. A avaliação deve ser não o fim, mas uma parte intrínseca ao processo de construção do conhecimento.
Na economia criativa e na cultura da inovação o erro é reconhecido como a melhor forma de aprender. E, da mesma forma, a escola precisa incorporar o feedback contínuo ao aluno com critérios muito além dos técnicos avaliados na prova bimestral e na prova final para conquistar uma promoção, ou, no caso, para passar de ano. O professor se despe das vestes de juiz para ser um mediador do aprendizado, fazendo um diagnóstico mais amplo das habilidades e conhecimentos do aluno. Não basta saber; é preciso fazer.
Em processos envolvendo metodologias ativas, tais como aprendizagem baseada em projetos três fatores são essenciais para alcançar resultados significativos: a curiosidade, o interesse pela pesquisa e ter uma postura cooperativa. O conteúdo não deve seguir a velha cartilha. O caminho para o aprendizado significativo está em incentivar o aluno a ser questionador, a buscar respostas para problemas identificados por ele mesmo e a atuar como um time com seus colegas.
Com fácil acesso a um oceano infinito de conteúdos disponíveis na nuvem e tendo à disposição ferramentas tecnológicas que propiciam a interação e participação ativa, estudar deixa de seguir um roteiro unidirecional enfadonho (professor – livros – aluno) para ser impulsionado por um aprendizado colaborativo pautado pelo desejo de aprender, refletir, perguntar, analisar, confrontar, revisitar e descobrir.
A adoção de modelos pedagógicos ativos para que o aluno vivencie na prática o dia a dia profissional e aprenda a enfrentar desafios, trabalhar em equipe e sob pressão, administrar o tempo e fazer sua autoavaliação, entre outras competências, torna a avaliação muito mais complexa do que simplesmente checar o gabarito, exigindo uma visão mais holística sobre o aluno. Pense nisso e lembre-se sempre: um aluno nota 10 não é necessariamente o mais preparado para o futuro.
“A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam criadores, inventores, descobridores. A segunda meta da educação é formar mentes que estejam em condições de criticar, verificar e não aceitar tudo que a elas se propõe”.
Por Luciana Allan – Diretora do Instituto Crescer e Doutora em Educação pela Universidade de São Paulo (USP) com especialização em tecnologias digitais aplicadas à educação
A fragilidade familiar condiz à carência emocional e afetiva por parte do grupo familiar direcionada aos filhos. As crianças que foram rejeitadas, abandonadas, que não receberam carinho afetivo por parte da família tendem a ter uma carência afetiva, pois não aprenderam a dar ou receber carinho. É importante destacar que a maioria dessas pessoas se fecha emocionalmente, vivendo em uma espécie de bolha de difícil acesso. Ao receber o diagnostico a criança e/ou adolescente precisa ter a presença física e afetiva do grupo familiar para lhe encorajar a aderir ao tratamento e para dar continuidade ao processo curativo, que é a longo prazo.
Nota-se que no decorrer dos anos o conceito família vem sofrendo diversas transformações sociais, com variações consideráveis em decorrência dos desenvolvimentos sociais, culturais, de gêneros e econômicos de cada civilização, em face do interesse e do novo redimensionamento da sociedade, transformações essas que afetaram o sentido real de família, onde há uma quebra da estrutura familiar em que membros por não ter vínculos fortalecidos, não conseguem enxergar a gravidade da doença e a importância de se fazer presente nesse momento difícil e doloroso.
O paciente que já tem entendimento se vê sozinho, distante de carinho maternal e cuidados necessários do tratamento. Os profissionais da equipe multidisciplinar devem estar atentos a essas situações de caráter social, visto que irão refletir na adesão e resposta ao tratamento do paciente.
Diante de situações de fragilidade familiar, o profissional de serviço social deve atuar de forma que realize intervenções no grupo familiar com direcionamento a rede assistencial através do Proteção e Atendimento Integral a Família (PAIF), a qual realiza ‘’trabalho de cunho social com famílias, de caráter continuado, com a finalidade de fortalecer a função protetiva da família, prevenir a ruptura de seus vínculos, promover seu acesso e usufruto de direitos e contribuir na melhoria de sua qualidade de vida.’’
A descoberta do câncer e das doenças hematológicas crônicas traz o medo da dor, do sofrimento, da mutilação e a insegurança em relação ao futuro devido ao risco de morte. Assim, se faz extremamente necessário o suporte a criança, aos seus familiares e, não diferentemente, aos cuidadores profissionais.
O trabalho assistencial em saúde é uma atividade profissional que envolve estar em contato íntimo com as situações mais temidas pelo ser humano: a doença, a dor, o sofrimento, o desamparo e a morte. Aqueles que cuidam de pessoas doentes sofrem um desgaste, seja ele físico ou emocional. Muitas vezes, existe o surgimento de sentimentos ambivalentes, inconsciente ou não, que causam situações estressantes, de forte tensão. Há expressões psicológicas de medo, desespero, pânico, depressão, revolta, desconfiança, agressividade e várias outras.
Partindo da ideia de que cuidar é estabelecer relações e participar de modo ativo delas, pode-se dizer que a equipe da Casa Durval Paiva se propõe a isso, a cuidar dos pacientes e seus familiares. Quando o objetivo do trabalho é o cuidado, é importante ficar atento aos dois lados dessa experiência: aquele que recebe os cuidados e o cuidador. Cada um deles terá a vivência de um modo único, com as suas singularidades. Ambos são afetados a depender da intensidade e do tipo de relação que foi estabelecida.
A vinculação do profissional com seu paciente alimenta afetivamente tanto paciente quanto o profissional. Diante dessa afetação tida pelos cuidadores profissionais, pode-se considerar que é necessário que eles preservem um espaço para lidar internamente com o alto valor que se paga ao se aproximar do sofrimento do outro. É preciso pensar em como definir uma clara noção dos limites pessoais e responsabilidades (do profissional), relacionados a influencia que se pode ter sobre os pacientes.
Fatores como a história pessoal – suas vivências anteriores – e profissional do cuidador podem dar origem a tensões importantes. Lembrando que na maioria das formações dos cursos da saúde, a morte é tida como um fracasso e talvez por isso se tenha a dificuldade dos profissionais de lidar com a perda no contexto dos cuidados em saúde. Além disso, na realidade da Casa de Apoio Durval Paiva, os pacientes e familiares passam um longo tempo hospedados na instituição, o que se assemelha aos pacientes que ficam internados em hospitais por um longo período ou dos pacientes crônicos que são acompanhados por uma mesma equipe por muitos anos. O fato de ter um contato prolongado pode ser um dos fatores que intensifica a relação entre os pacientes/familiares e os profissionais.
A equipe frequentemente oferece apoio aos pacientes e familiares e não têm tempo e espaço para elaborar o pesar pelo sofrimento e morte de seus pacientes. A rotina de que sempre há alguém para ser atendido ou algo para fazer faz com que os profissionais deixem para entrar em contato com os seus sentimentos em um momento posterior. Às vezes, esse momento não chega, é sempre adiado, por priorizar o cuidado do outro. Cuidar é um ato de amor ao outro, mas não se pode esquecer que também deve ser um ato de amor consigo mesmo. É preciso reconhecer os limites e respeitar os sentimentos. Estar atento aos sinais que o corpo dá para evitar o surgimento de sintomas.
I ENCONTRO SOBRE ENSINO DE MUSICA PARA PESSOAS COM DEFICIENCIA VISAL – Projeto teve início em setembro de 2011 e surgiu como proposta de ensinar flauta doce para deficientes visuais
PorHellen Almeida
Superação e inclusão. Essas duas palavras, com significados bem diferentes, praticamente se tornam sinônimas quando nos referimos ao projeto de extensão Esperança Viva, da Escola de Música (EMUFRN) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que propõe promover a inclusão por meio da música.
O projeto, que teve início em setembro de 2011, é coordenado pela professora Catarina Shin Lima de Souza, do Departamento de Música e é resultado de uma pesquisa de mestrado da professora com a proposta de ensinar flauta doce para deficientes visuais. “Eu tinha acabado de vir do mestrado e tinha feito a pesquisa nessa área de deficiência visual e chegando aqui a gente via que essas pessoas não tinham oportunidade de estudar música com leitura”, ressalta. Segundo a professora, a maioria deles só sabia de música de ouvido, mas nunca haviam tido acesso à musicografia braille.
Em pouco tempo, o curso de flauta começou a ter vários desdobramentos, surgindo novas atividades para formação dos alunos, como curso de musicografia braille, pesquisas de música e autismo, também com pessoas com deficiência auditiva, paralisia cerebral e Síndrome de Down.
“Tudo vem a partir dessa convivência com as pessoas com deficiência. Eles contribuem positivamente nesse processo de inclusão, eles são os protagonistas”, frisa. Segundo Catarina, o projeto se torna, também, um espaço para formação dos alunos da graduação em música.
O graduando Maurício Eslabão da Fonseca, que se tornou monitor do Esperança Viva em 2015, destaca que participar do projeto tem se tornado uma experiência enriquecedora para sua formação acadêmica. “Além de trazer muita realização pelo que eu faço, me traz uma experiência que está acrescentando a minha formação. Caso eu encontre uma pessoa com deficiência visual no futuro em minhas turmas, vai ser mais fácil promover a inclusão em sala de aula”, ressalta.
Maurício Eslabão reconhece que existe uma diferença ao se ensinar música para pessoas com deficiência visual. É preciso, segundo ele, buscar outras vias para ensinar que não sejam com a metodologia visual. “A gente trabalha com o táctil, a via auditiva, e às vezes mescla uma com a outra, sempre procurando novos caminhos para que dê certo este ensino”, explica.
emufrn – Um dos alunos beneficiados pelo projeto Esperança Viva é Pedro Marcelino de Lira, deficiente visual com baixa visão
Mudança de Vida
Um dos alunos beneficiados pelo projeto Esperança Viva é Pedro Marcelino de Lira. Ele, que teve um derrame por causa de uma coagulação do sangue na retina, é deficiente visual com baixa visão e precisou superar vários obstáculos para aprender a tocar flauta.
“O projeto Esperança Viva trouxe para minha vida uma superação muito grande, foi uma emoção muito grande quando toquei a música Asa Branca na flauta, na Cientec. A música vai fazer sempre parte da minha vida. Se eu aprender todo dia um pouquinho, está bom demais”, comemora.
Pedro conta que a vontade de participar do projeto trouxe também outra superação em sua vida, quando teve um pé amputado. “Eu estava um pouco triste com a situação, aí fui convidado para participar do projeto. Era difícil ir andando até a Escola (de Música) e pensava sempre em desistir”, revela.
Contudo, o incentivo dos monitores do projeto e dos amigos o ajudou a superar as dificuldades. Algum tempo depois, colocou uma prótese que ajudou na locomoção. “Esse projeto aqui fez com que eu me adaptasse o mais rápido possível à minha prótese. O técnico que me acompanhou nesse processo ficou surpreso com a minha garra para voltar a andar logo”, conta.
Com mais de 60 anos, Pedro Lira enfrenta outro desafio: superar as limitações impostas pela idade. Mas, ele mesmo acrescenta que o fato de ser idoso, deficiente físico e deficiente visual não vai impedir que ele continue participando do Esperança Viva. Ele começou no projeto a convite de Paula Viviane da Silva Gomes, que já o conhecia do Instituto de Educação e Reabilitação dos Cegos do RN.
Paula está no projeto desde 2011. “Eles foram mostrar lá no Instituto a proposta do curso de flauta doce. Eu me interessei em participar. Vim, gostei, me apaixonei e estou aqui até hoje”, diz. A paixão despertada pela música está levando Paulinha, como é mais conhecida no grupo, a alçar novos vôos. Ela está no segundo semestre do curso de licenciatura em Música na EMUFRN, dá aulas de flauta doce para o grupo Som Azul, formado por pessoas com autismo e ainda tem aulas de piano e violão.
“Se não tivesse participado do Esperança Viva acho que não estaria na área de música. Foi uma descoberta aqui. Eu me apaixonei demais. O grupo traz mais ainda na minha vida a esperança de viver”, afirma. Paulinha destaca, ainda, que o grupo ajuda a mostrar que os deficientes têm capacidade. “Não é porque somos deficientes que temos que ficar dentro de casa, trancados. Meu sonho é promover cada vez a inclusão de pessoas com deficiência, levando a música para as escolas públicas” frisa.
Eventos
Com a proposta de discutir novas propostas para educação musical especial e inclusiva, acontece na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), entre os dias 12 a 14 de outubro, o V Encontro sobre Ensino de Música para Pessoas com Deficiência Visual (EMDV 2017) e o III Seminário de Música e Inclusão.
Os eventos são uma realização da Escola de Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (EMUFRN), em parceria com a Comissão Permanente de Apoio a Estudantes com Necessidades Educacionais Especiais (Caene) e Pró-reitoria de Extensão (Proex), tendo como apoiadores a Arte Musical, a Credsuper e o curso de Letras/Libras da UFRN.
Professora Catarina Shin, que faz parte da comissão organizadora, espera que cerca de 250 pessoas participem dos eventos
A professora Catarina Shin, que faz parte da comissão organizadora, espera que cerca de 250 pessoas participem dos eventos. De acordo com a professora, a proposta é construir um currículo inclusivo para o ensino da música que possa fomentar na aprendizagem das pessoas com deficiência.
A programação desta edição inclui atividades reflexivas e práticas em torno da temática de educação musical especial e inclusiva, voltada também a outros tipos de deficiência, como deficiência auditiva, Síndrome de Down, microcefalia e autismo. “Queremos discutir como está este processo de inclusão, partilhar conhecimento para melhor conduzir as aulas, desenvolver o ensino em contextos especial e inclusivo, além de ouvir relatos de experiências”, acrescenta.
O evento acontece no auditório Onofre Lopes, na Escola de Música. A abertura acontece no dia 12, às 8h, com a palestra Desenho Universal para Aprendizagem (DUA) e o Ensino de Música: pensando possibilidades, proferida pelo professor Saimonton Tinoco (UFPB).
Mais informações sobre a programação estão disponíveis na página do evento.
Natal-RN aparece como a quinta cidade com maior endividamento do país
É preocupante a avaliação do cenário da pesquisa divulgada pela FecomércioSP – Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo, no dia 29 de setembro, ainda que se reportem a dados apurados em 2016, mas seguramente não devemos ter evoluído.
É até provável que estejamos indo de encontro e em um estágio pior, devido ao prolongamento dos atrasos dos salários e, como se não bastasse, tem a Prefeitura Municipal do Natal que vem pagando, também, em atraso, embora em menor escala se comparado ao Governo.
Entre as tantas conclusões, dos múltiplos números levantados com base em dados do Banco Central do Brasil e do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que sinalizaram a capital do Rio Grande do Norte como a quinta mais endividada do país, sendo em média 75% da população com dívidas registradas. Na visão do CORECON, destacam-se as seguintes observações:
1) Quase 40% das famílias estão endividadas no Brasil, correspondente a cerca de 60 milhões de brasileiros ou 1/4 da população nacional. Isso significa que, para cada grupo de 10 cidadãos, quatro pessoas têm alguma dívida;
2) Estudos da FecomércioSP divulgados, no último dia 29/09, apontam Natal/RN como a quinta maior proporção de capital dos endividados no Brasil, com 196.072 potiguares inadimplentes, num universo de 8,8 milhões de endividados nas capitais;
3) A proporção da inadimplência de 75% da população das famílias endividadas está acima da média nacional, em torno de 57% nas capitais;
4) Outra estatística preocupante, é que estamos em quarto lugar, em relação ao comprometimento da renda das famílias com 37%, quando a média nacional, em 2016, é da ordem de 30% do comprometimento da renda.
5) Para completar o cenário negativo na pesquisa da FecomércioSP, Natal está classificada, em primeiro lugar, no valor da dívida média por família com um valor de dívidas contraídas em R$ 1.816 reais. Sendo assim, a única capital do Nordeste com um valor médio acima da média nacional, que é de R$ 1.777 reais e muito acima da nossa vizinha João Pessoa- PB, com um valor médio de dívida por família de apenas R$ 813 reais, cerca de mil reais a menos em comparação as famílias natalenses.
6) O valor alto da dívida da família potiguar, da ordem de R$ 1.816 reais, aumenta as dificuldades para liquidação das mesmas e é um dos fatores responsáveis para Natal ser a campeã do Nordeste e a quinta no RankingNacional;
7) Para os 104 mil servidores do Estado, que já estão indo para o vigésimo mês de salário pago, com mais de 30 dias de atraso, a situação vem se agravando gradativamente, cuja maioria das dívidas contabilizadas em juros e multas, estão a do cartão de crédito e a do cheque especial;
8) Os reflexos dos salários atrasados levam os servidores a ficarem, na prática, com as suas capacidades de pagamento divididos pela metade, já que, com um único salário recebido, o servidor tem que arcar, sempre, com compromissos equivalentes a dois meses, tendo em vista que os credores não esperam e são implacáveis nas cobranças de altos juros de inadimplência, próximo aos 400% ao ano, para os casos de cartões de créditos, por exemplo;
9) Outro quesito merecedor de destaque é: a economia potiguar é incipiente e possui baixa diversificação dos fatores de produção, propiciando, assim, muita dependência da massa salarial proveniente fortemente do setor público da União, do Estado e do Município, essas agravadas pelos atrasos nos salários dos Servidores do Estado e da Prefeitura Municipal do Natal;
10) Ressaltamos, no entanto, que os atrasos salariais nesses setores são dão devido a crise nacional – presentes na pesquisa de 2014 a 2016 – , as quais elevou-se o desemprego, a forte recessão, inflação em alta e a taxa Selic. Tem-se que destacar, ainda, a exagerada e imprudente expansão das facilidades nas concessões de crédito, as quais a população, em todos os níveis sociais, teve como grande vilã para a formação desse conglomerado de endividados, num cenário preocupante, pelos descontroles acentuados nas finanças pessoais das famílias brasileiras, como expõe a pesquisa, constando o comprometimento da renda em 30% com limite máximo;
Resta à sociedade potiguar ficar vigilante e participativa para que, os recursos do empréstimo que o Governo do Estado está contraindo para investimentos, sejam aplicados com qualidade no intuito de aquecer a economia local. Tais recursos irão viabilizar, simultaneamente, o ressarcimento ao RN das concessões fiscais do PROADI (Programa de Apoio ao Desenvolvimento Industrial doRio Grande do Norte), já concedidas pelo erário, de forma a recompor o caixa do Estado e os servidores voltem a ter tranquilidade constitucional e os salários em dia, para irrigar a economia potiguar.
O RN tem que buscar ordenamento fiscal, que passa por um melhor equilíbrio dos recursos das Receitas Correntes Líquidas – RCL, repartidas inadequadamente entre os três poderes e, equalizar o déficit previdenciário que é insustentável, consumindo, atualmente, R$ 150 milhões mensais e em escalada acelerada de crescimento vegetativo.
O Estado necessita recuperar a capacidade de investir e traçar um planejamento de médio e longo prazo, aproveitando os potenciais nas áreas da geração de energias renováveis, no turismo, na carcinicultura e no agronegócio do camarão, pescado e da fruticultura irrigada, entre tantas outras promissoras áreas para o desenvolvimento sustentável do Rio Grande do Norte.
Autor de dois Best Sellers e especialista em técnicas de influência e persuasão, Cialdini apresentará de 22 a 24 de setembro como utilizar 7 gatilhos mentais para obter resultados favoráveis em negociações e vendas
São Paulo, 12 de setembro de 2017 – O evento Mastery é uma jornada de 4 imersões com os melhores head trainers do mundo para que carreiras e empresas possam decolar ainda em 2017, driblando as adversidades do atual cenário econômico. A primeira imersão ocorreu em agosto, com a participação de Rafa Prado, e a próxima ocorrerá de 22 a 24 de setembro com a presença de Robert Cialdini, o criador do conceito gatilhos mentais.
Autor de dois Best-Sellers, “As Armas da Persuasão” e “Pré-suasão”, Robert Cialdini é PHD e professor emérito da Universidade da Califórnia, além de ser considerado um dos maiores especialistas em negociação, influência e persuasão de todos os tempos.
Durante a segunda imersão do Mastery, Cialdini mostrará um passo a passo para que empresários potencializem suas habilidades de convencer clientes e parceiros de negócios em prol de seus objetivos. E, dessa forma, tornar processos comerciais mais impactantes e persuasivos, aumentando substancialmente fechamentos de contratos.
“Nestes três dias de evento Mastery, vou prover conhecimentos avançados para que os participantes possam ter grandes sucessos em suas vendas e negociações. Com vários exemplos, vou apresentar como é a prática da “pré-suasão”, que, somada aos 6 princípios universais da influência, é capaz de elevar dramaticamente a eficácia de ações comerciais”, esclarece Cialdini.
Os 6 princípios psicológicos à que o especialista se refere e que comandam as condutas humanas são reciprocidade, coerência, aprovação, afinidade, autoridade e escassez. Segundo ele, conhecer estes princípios ou gatilhos mentais em profundidade permite que as pessoas sejam de fato influenciadoras quando agir assim for primordial.
Gatilhos Mentais
No livro “As Armas da Persuasão”, o psicólogo apresenta de maneira detalhada a pesquisa de campo que realizou com uma grande variedade de profissionais fazem uso da persuasão para atingir seus resultados. Para isso ele realizou entrevistas, pesquisas práticas e até se infiltrou como verdadeiro espião em ambiente que influencia e persuasão são recorrentes. Ou seja, Cialdini não se contentou com teorias e apenas observações para desenvolver as técnicas que compartilhará, também de forma prática, nos 3 dias de evento Mastery.
Já o livro “Pré-suasão – A Influência Começa Antes Mesmo da Primeira Palavra” apresenta o 7º princípio universal da influência. “Pré-suasão” trata-se de usar elementos que indiretamente geram empatia e contribuem para tornar situações mais influenciadoras. Este livro foi lançado no Brasil em junho deste ano e o evento Mastery é uma oportunidade inédita para que empresários brasileiros possam absorver esse conhecimento pessoalmente com Cialdini, visto que cada imersão possui no máximo 100 participantes e é a primeira vez que o especialista vem ao Brasil, desde que o livro foi lançado em português.
Mastery
É o mais completo programa de capacitação, mentoria e networking com os maiores gurus do mundo nas áreas de marketing, vendas, negócios já visto no Brasil. É um evento de altíssimo nível com no máximo 200 participantes de um grupo seleto de empresários, executivos e empreendedores.
A metodologia do programa se inspira nos programas executivos da Harvard Business School e educação empreendedora da Babson College, tendo um programa 100% orientado à prática e resolução de problemas, com atividades em grupo, individuais e espaço para perguntas e respostas em tempo real.
O evento é dividido em 4 imersões e cada imersão possui três dias de duração, iniciando na sexta-feira, das 14h às 18h, onde haverá um coquetel de recepção a partir das 19h30. Nos mais dias, as atividades iniciam às 10h e se encerraram às 19h, com intervalos para almoço e coffee break para networking.
A primeira etapa ocorreu em agosto com participação de Rafa Prado, um fenômeno do mercado digital e criador do conceito do evento Mastery, além outros eventos geradores de 8 dígitos de faturamento. Rafa é também autor do best seller “100 Graus, O Ponto de Ebulição do Sucesso” e do evento Ebulição Instantânea, um divisor de águas no cenário nacional.
Realizou-se no dia 14 de agosto de 2017, no gabinete da reitoria da Universidade Federal de Campina Grande, (UFCG), importante e histórico evento que marcou o ato de doação de terras que fez Agassiz Almeida à UFCG de uma área de 246 hectares, situada na localidade Canudos, município de Boa Vista, PB, destinada a uma reserva de preservação ambiental para estudos e pesquisas da flora e fauna do cariri paraibano.
Com as presenças do reitor da UFCG Vicemário Simões, professores e pesquisadores integrados ao projeto de preservação ambiental, o reitor desta instituição recebeu das mãos do escritor e professor Agassiz Almeida documento de cessão desta área.
Com tocantes palavras de reconhecimento pelo alto gesto de Agassiz Almeida, o reitor Vicemário Simões o presenteou com um cactus plantado num pequeno vaso, simbolizando a resistente flora caririzeira, e acrescentou: “Recebe a UFCG das mãos de Agassiz Almeida este documento de doação que expressa, sem dúvida, a grandeza de um homem público, que marcou a sua vida com uma ampla visão como professor, escritor e militante político. Antes deste ato de doação, Agassiz Almeida manteve audiências com o superintendente do IBAMA na Paraíba, Edberto Farias, e com o diretor do Instituto Nacional do Semiárido, Salomão Medeiros, também entrou em contato com dirigentes do Ministério do Meio Ambiente, em Brasília, e com representantes de organizações ambientalistas, solicitando apoio ao seu projeto de preservação ambiental.
A professora Conceição Araújo, representando o corpo docente da UFCG, e visivelmente emocionada, ressaltou: “Agassiz Almeida tem raízes no nosso cariri e traz consigo um alto espírito público que só a história irá julgá-lo. Este projeto de implantação ambiental, sr. reitor não é apenas de uma instituição, mas de toda comunidade nordestina”.
José Bezerra, presidente da ADUFCG declarou: “Conheço a história de Agassiz Almeida desde a sua juventude, quando naquela época abraçava como vereador a campanha ‘O petróleo é nosso’, hoje toca-me profunda alegria ao assistir este gesto de doação de uma área de terras que irá servir, decerto para estudos e pesquisas da ecologia caririzeira”.
Tiago Araújo, um dos coordenadores do projeto ambiental, disse: “Esta doação que a UFCG recebe de Agassiz Almeida pertence a toda comunidade universitária, razão pela qual esperamos que este projeto seja implantado”.
Na ocasião, foi apresentado ao professor Agassiz Almeida um quadro que retrata o prédio da antiga Faculdade de Ciências Econômicas de Campina Grande, da qual ele foi o seu fundador.
Não contendo a emoção, Agassiz Almeida falou: “Com esta doação que faço à UFCG, caros professores, rompemos uma cultura que vem desde o período colonial em que uma elite egoísta e individualista sangra o estado, as instituições públicas e o próprio povo brasileiro. Disse mais; até hoje, o povo brasileiro paga pesado tributo a uma minoria dominante despojada de qualquer sentimento de brasilidade. Sr. reitor, há certos momentos na vida dos homens e das instituições que se projetam para além do nosso tempo, é quando lançamos um olhar para o amanhã. Esta cessão de terras representa um pequeno exemplo a fim de despertar a nação para os graves problemas que ameaçam o ecossistema do nosso planeta.
Há mais de dois mil anos, Aristóteles disse que o homem é um ser político, nós acrescentamos, o homem também é um ser histórico.
Em 2016, doamos à Universidade Federal da Paraíba (UFPB), o nosso acervo literário e documental. Hoje, com este projeto de preservação ambiental que ofereço a comunidade acadêmica, espero a sua implantação, sr. reitor.
Já estamos a ouvir, não tão longe, partindo das consciências livres, um SOS em defesa da flora e da fauna do cariri paraibano.
A assistência farmacêutica promove a recuperação da saúde. Nesse contexto, o farmacêutico realiza atividades relacionadas ao medicamento, como: aquisição, armazenamento, conservação e dispensação. Também monitora as prescrições médicas e alerta aos pacientes quanto ao cuidado com a automedicação e o uso racional dos medicamentos.
Essa orientação é feita com o intuito de melhorar a qualidade de vida, já que os medicamentos usados durante o tratamento são de forma contínua e por um período longo; o que pode ocasionar reações adversas desagradáveis e, consequentemente, causar certa rejeição dos pacientes. Os medicamentos são dispensados apenas mediante prescrição médica.
A assistência farmacêutica às crianças e adolescentes oferecida na Casa Durval Paiva orienta e esclarece quanto à importância do uso correto e racional de medicamentos. Uma vez que o farmacêutico conhece as propriedades do medicamento, ele se torna um dos responsáveis pelo sucesso da terapêutica dos pacientes.Orienta que os medicamentos não devem ser usados de maneira incorreta, explica a importância de seguir as prescrições médicas para que, dessa forma, não ocorram erros na medicação, diminuindo a eficácia do tratamento.
Alerta ainda que não deve ocorrer a automedicação por parte do paciente, no intuito de aumentar a dosagem das medicações para acelerar o processo de cura e obter o efeito esperado, pois poderá trazer danos à saúde como: reações adversas, interações medicamentosas e a diminuição da eficácia do tratamento, o que poderá tornar o tratamento mais demorado, potencializar ou até mesmo mascarar a doença.
O farmacêutico atua dando o suporte a dispensação de medicamentos e prescrições, como consequência desse trabalho, aumenta a adesão ao tratamento. Em alguns casos são elaboradas tabelas com figuras que identifiquem os horários das medicações, com o intuito de reforçar a importância de o paciente seguir todos os horários e evitar o esquecimento do medicamento. O trabalho realizado pelo farmacêutico vai além do medicamento, ele atua na promoção da saúde do paciente contribuindo para sua melhora. Atuando em ações que possibilitem a recuperação e reabilitação da saúde.
De acordo com a Política Nacional de medicamentos Assistência Farmacêutica é o conjunto de ações voltadas à promoção, proteção e recuperação da saúde, tanto individual, como coletiva, tendo o medicamento como insumo essencial e visando o seu uso racional. Envolve a pesquisa, o desenvolvimento e a produção de medicamentos e insumos, bem como, a sua seleção e serviços, acompanhamento e avaliação de sua utilização, na perspectiva da obtenção de resultados concretos e da melhoria da qualidade de vida da população.
Quem canta seus males espanta! Não há ditado popular mais sábio e válido para contextualizar o trabalho musical desenvolvido com as mães de crianças e adolescentes em tratamento oncológico e hematológico na Casa de Apoio à Criança com Câncer Durval Paiva.
Os males trazidos pela doença para aquele que representa a própria vida, como são os filhos para as mães, trazem consigo uma mudança sem precedentes na rotina e na vida de cada uma dessas mulheres. Quando tratamos especificamente de mulheres, de mães, estamos nos referindo aquelas que representam a força de quem está do início ao fim do tratamento acompanhando seus filhos nessa batalha a favor da vida. Mulheres de diversos lugares, de diversos contextos familiares, mulheres que deixam seus lares, que acompanham de longe a vida dos demais filhos passar, que perdem o posto de esposa, mas tudo por uma causa e um bem maior que o próprio ser. Mulheres que abriram mão da própria vida, para se doar integralmente ao outro, integralmente ao seu filho.
Elas que precisam ser a todo custo a fonte de força para seus pequenos, mesmo quando não há de onde retirar, sorrir enquanto os veem chorar, trazer esperança no olhar, no falar; que são impedidas de fraquejar perante aquela dor que as consome de uma forma que só quem a vivencia pode explicar.
Então, como cuidar de quem cuida? Como trazer um sopro de vida e de esperança para essas mulheres que “adoecem” junto aos seus filhos? Como tornar seus dias menos doloridos? Como possibilitar que elas se expressem e interajam? Como fazê-las ser além da “mãezinha”? Ser a Maria, Antônia, Vera, Joana, Eliane, Célia, Íris, Aparecida, Ione, Lidiane, Iolanda, Katiane? Cada família, um mundo, mas com uma marca que as assemelham.
Por compreender que a música marca as pessoas das mais diversas formas e que se caracteriza como uma linguagem que chega aos diversos povos, independentemente da compreensão linguística, busca-se através dela cuidar também dessas mulheres e oferecer oportunidade de novos conhecimentos através de uma prática terapeutizante.
Na perspectiva de melhorar a qualidade de vida enquanto as crianças/adolescentes estão em tratamento, à Instituição desenvolveu o projeto Coral Bem Viver. Suas atividades foram iniciadas no ano de 2006, sendo uma ação direcionada às mães/acompanhantes, através da realização de oficinas de música (canto/coral). Levando em consideração a sua importância na área cultural, e também como prática terapêutica alternativa, com vistas à melhoria da qualidade de vida e da formação no campo da música brasileira com sua multiplicidade, amplia-se o horizonte de possibilidades de aprendizagem de todos os sujeitos envolvidos.
Pelo exposto, acredita-se que a música (canto/coral) é um recurso metodológico facilitador, pois através da cultura, em todos os seus aspectos, artísticos ou outros, tanto de criação, quanto de admiração e divulgação, tem como resultado fortalecer a identidade pessoal e social do indivíduo. Integrando-o em sua família e em sua comunidade, fornecendo-lhe, através do bem estar mental e social um maior conhecimento de mundo. Assim, a música se caracteriza como eixo de expressão, integração e transformação, sendo impulsionadora para (re)significação da vida dessas mulheres.
(Mas o moleiro de Sans-souci era mais afirmativo: Ainda há juízes em Berlim!)
Confesso que não tenho a mesma convicção do moleiro de Sans Souci, que desafiou Frederico II, rei da Prússia, confiando, unicamente, nos “juízes de Berlim”, que, então, faziam prevalecer a Lei, mesmo diante das investidas dos poderosos.
Acho que a maioria de vocês já leu o poema de François Andrieux, onde se narra a história em que aquele soberano decide construir para si e seus amigos um local de lazer e prazeres finos.
No terreno, onde se construiria a área de lazer do rei, havia um moinho, pertencente ao chamado moleiro de Sans-souci (“sem preocupação”). Este vivia uma vida humilde, produzindo, no moinho, a farinha, cuja venda garantia a sua sobrevivência e de sua família, uma tradição que já vinha de pai para filho.
Irritado com a negativa do moleiro em lhe vender o terreno, o Rei ameaçou: “Você bem sabe que, mesmo que não me venda a terra, eu, como rei, poderia tomá-la sem nada lhe pagar”. O moleiro, então retrucou com a famosa frase: “O senhor? Tomar-me o moinho? Só se não houvesse juízes em Berlim!”
Pois, bem! Esta confiança na Supremacia da Lei, que animava os mais humildes diante da soberba dos poderosos, fazia com que os cidadãos do andar debaixo resistissem às pretensões injustas e confiassem que a Justiça seria feita, mesmo contra os poderosos.
É claro que as coisas, os costumes, os valores, a natureza dos seres humanos… mudaram! Aquele sonho da Justiça, acima do Humilde e do Poderoso para fazer valer o princípio pétreo de que todos deveríamos nos curvar diante das Leis, já não se sonha mais. Antes, era uma luta de todos por Liberdade, Igualdade e Fraternidade! Saíamos dos regimes déspotas e opressores. A Justiça se firmava ao lado dos oprimidos e dos que derramavam seu sangue em nome da Liberdade. Pelo menos os que eram iluminados pelo resplendor do Humanismo!
Hoje, na fase bárbara e cruel do capitalismo neoliberal, a Justiça se transforma, infernalmente, nesse instrumento perverso de aplicação selvagem das Leis, criadas por esses poderosos usurpadores das riquezas sociais e, rapidamente, todo esse arcabouço jurídico, que deveria proteger os despossuídos de direitos, se transforma numa verdadeira ditadura, onde a razão não é sentida, nem a lógica é levada em consideração.
Em 2010, prefeito eleito de Janduis, pequena e pobre cidade do interior do Rio Grande do Norte, vivenciando uma seca de 3 anos, com salários de funcionários atrasados, sem dispor de 50 mil reais para fazer um Concurso Público, cortando salário do prefeito, do vice e dos secretários, contratei, através de Lei Municipal, aprovada pela Câmara Municipal, médicos, enfermeiros, professores e outros técnicos para suprirem os serviços públicos municipais… Não poderia agir de outra maneira. Assumi o compromisso de fazer o Concurso Público, assim que a Prefeitura tivesse os 50 mil. E assim o fiz.
Mas veio o senhor promotor, que me denunciou por descumprir a Lei. Como em Janduís tinha uma comarca, pensei: “Em Janduis, ainda existe Juiz! Mas este, também, me considerou culpado e empurrou o processo pra Natal. Porém, não perdi a fé na Justiça e me tranquilizei, refletindo, pensando no moleiro de Sans-souci: “Com certeza, ainda há Juizes em Natal! Eles compreenderão que contratei médicos e professores, emergencialmente, para salvar vidas e ensinar as nossas crianças e adolescentes! Ainda mais, eu fiz o Concurso, assim que a Prefeitura pode…”
Fui a Natal, no dia do julgamento. Uma desembargadora. Dois desembargadores. Dois advogados para tentar reverter um quadro que já tinha um veredicto firmado: “Não tem perdão pra quem contrata sem Concurso!” Que crime, hein? E um réu, eu, que estava alí, também, para julgar “quem ia me julgar”, numa lembrança do diplomata e dramaturgo russo Alexander Griboyedov, nascido em 1795, em sua peça histórica e satírica da sociedade russa de então: ‘Gore ot uma”.
Sem muita discussão e consideração, sem senso de razão e de lógica, sem tentar compreender como pessoas honestas e abnegadas conseguem guiar seu povo por anos a fio, com poucos recursos, sacrificando-se a si e as suas famílias, alimentando famintos, matando a sede, dando casa, protegendo, fomentando emprego e renda, mantendo os serviços públicos essenciais, a voz estridente e acusatória, que penetra a sua alma, estupra a sua consciência, o acusa de cometer crimes contra a legalidade, tira os seus direitos de cidadão (votar e ser votado), de contratar com o poder público e pagar uma multa absurda de 10 vezes maior que o salário recebido na época. Me veio à mente os anos de chumbo da ditadura militar que eu e toda a minha geração combatemos, derramando nosso sangue, gemendo nos calabouços das torturas e da morte.
Sai do Tribunal, não derrubado, nem vencido! Mas com uma pura certeza: “Sim, em Natal ainda há Juízes! Mas eles estão do outro lado da barricada: do lado dos que pretendem manter esta sociedade injusta, desigual, intolerante e desumana, submissos a Leis, que já não proporcionam os direitos das maiorias despossuídas, nem protegem os que não têm posses, nem riquezas!
Podem até tirar nossos direitos de votar e ser votado, podem até tirar as poucas economias que temos, podem até tentar tirar o direito que temos a uma velhice sossegada, mas não tirarão, jamais, a nossa capacidade de nos indignarmos contra os que nos ofendem e condenam, pois uma coisa é certa: existe uma Outra Verdade que nos liberta e nos faz lutar, existe uma Outra História que limpará os nossos nomes, existe uma Outra Justiça da qual nos orgulharemos!
O câncer é uma doença que traz consigo uma forte carga emocional. Em alguns casos, até mesmo o isolamento das crianças, uma vez que é ainda muito associada à morte e sofrimento. É interessante que durante esta fase se tenha um acompanhamento maior para que seja possível a recuperação da autoestima e a volta às suas relações sociais, o que pode ser conseguido através das interações em redes sociais, sempre monitoradas por profissionais da área, visando uma melhora em sua qualidade de vida.
Após passar pelas fases iniciais de contato e integração com a equipe multidisciplinar e afastamento do isolamento, os participantes tendem a se envolver ou voltar a fazer o uso de redes sociais ou trabalhos em grupos, pois, através dessas experiências com as redes sociais são capazes de realizar a troca de convivências que serão de suma importância para a vivência dessa fase de enfrentamento do câncer.
O instrutor de informática atua como facilitador desse processo, precisando saber articular as experiências e tirar sempre algo de produtivo dessas interações realizadas durante as aulas. Tendo em vista que tem o trabalho de ajudar a superar a maior dificuldade encontrada pelos pacientes que é o não querer voltar a se expor em redes sociais, principalmente, com receio do preconceito que pode vir a sofrer.
Vale salientar que se trata de uma oportunidade de saber que cada fase do tratamento oncológico tem a sua importância e que existem sempre formas construtivas de enfrentá-las. Lidar com tudo isso é doloroso, mas em alguns momentos realmente acaba se tornando menos tenso quando os alunos expõem suas experiências e são dadas a eles oportunidades de compartilhar medos e angústias se tornando mais agradável ainda por descobrir o fato de existir outras pessoas com vivências semelhantes e enfrentamentos distintos para a mesma realidade.
Esse meio é o mais fácil de trabalhar a reinserção social das crianças que passam pelo tratamento do câncer, pois abre espaço para discussões e construções de novas amizades. As crianças costumam se expressar de forma lúdica, ou seja, através de jogos presentes até mesmo em redes sociais, cabendo ao instrutor orientar quanto ao uso.
O trabalho realizado na Durval Paiva tenta unir as emoções que são trazidas a partir da entrada do paciente ao ambiente da Casa. Pais, crianças, adolescentes, todos necessitam de um espaço terapêutico em que possam ser resgatados os momentos de prazer e de discussões, trabalhando também com as crianças e adolescentes para o resgate da sua ética, cidadania e reinserção social.
Durante as internações hospitalares para realizar o tratamento do câncer, quando o paciente é uma criança/adolescente, devemos lembrar que além de cuidar do enfermo, deve-se ter uma atenção importante aos familiares. Danos causados pela doença também são capazes de afetar os pais de modo intenso, pois pode haver uma mudança na rotina doméstica, no aspecto financeiro e profissional dos cuidadores, tendo potencial até de afetar a vida conjugal dos pares, o que algumas vezes causa certa desestruturação na família. Em geral, as famílias se envolvem com tudo o que acontece, do momento do diagnóstico até as intercorrências do tratamento, tudo gira ao redor do doente, de seu estado físico e psíquico. Assim, há angústia quando o paciente passa mal, sustos caso algo diferente aconteça e superproteção no cotidiano familiar.
É importante ter um cuidado especial com os acompanhantes que passam por um momento de crise, dada a ocorrência de um desequilíbrio entre a quantidade de ajustamento necessário de uma única vez e os recursos psíquicos imediatamente disponíveis para lidar com ele. O desequilíbrio na dinâmica familiar é muito comum em situações em que o paciente mora em um município diferente daquele que realiza o tratamento e tem internações recorrentes, pois diante da necessidade da criança/adolescente ter uma atenção integral de pelo menos um familiar, na maioria das vezes, a mãe, essa acompanhante se ausenta do trabalho, das atividades domésticas, dos grupos sociais que frequentava e até mesmo fica distante do marido e dos outros filhos.
Em alguns casos, que são acompanhados pela Casa Durval Paiva, após o diagnóstico de câncer de um dos filhos, a família passa por uma nova configuração familiar. Geralmente, o pai fica responsável pela manutenção financeira da família, aumentando a cobrança pessoal, pois, se antes a família tinha a renda do pai e da mãe, agora ele será o único responsável pela aquisição dos recursos. Os outros filhos precisam ter uma pessoa de referência que assuma os cuidados. Comumente são as avós ou tias que ocupam esse lugar, enquanto a mãe está acompanhando o filho doente. E, por vezes, surgem conflitos conjugais, principalmente pelo casal estar passando por um momento de fragilidade emocional e ter dificuldade de solucioná-los.
Por vezes, o familiar que acompanha o paciente (geralmente, a mãe) quer poupar aquele outro que está distante (comumente, o pai), por imaginar que vai minimizar o sofrimento do outro se ele não tiver acesso às informações. Nessas situações, pode vir à tona sentimentos de culpa por omitir ou por imaginar que tais notícias causarão sofrimento. O familiar que não vivencia a rotina do tratamento tem o direito violado de ter acesso às informações clínicas do paciente, dificultando que ele entre em contato com o sistema de crenças – com a sua visão diante da doença e da vida – possibilitando mudanças nos estigmas relacionados ao câncer.
É importante que o psico-oncologista trabalhe o fortalecimento dos vínculos afetivos entre família e paciente, tendo como objetivo facilitar o diálogo verdadeiro, capacitando-os a compartilhar experiências e emoções, como também a participação dos familiares nas decisões junto ao paciente. É pensar que através de relações e vínculos saudáveis, eles podem ter mais facilidade para seguir juntos, formando uma grande parceria. No momento em que se atende o filho, eles podem compartilhar as dores, medos e angústias para que estas possam ser amenizadas.
As perdas, fantasias e medos são aspectos que podem ser trabalhados pela equipe multidisciplinar através da clarificação e comunicação. A sociedade silencia a dor da alma porque é ameaçadora. O psico-oncologista deve trabalhar com as crenças individuais que cada um delas apresenta. Para compreender como uma pessoa lida com o adoecimento de alguém muito querido é necessário entender como ela interpreta a doença.