A vida para além do câncer: A realidade de muitas famílias invisibilizadas
Keillha Israely – Assistente Social Casa Durval Paiva – CRESS/RN 3592
O diagnóstico de câncer é algo que não se escolhe e, na maioria das vezes, não se espera. Porém, este pode chegar para qualquer pessoa, de qualquer idade ou condição financeira. Depois da confirmação, a vida não se resume ao câncer. “Existe vida e problemas para além do câncer”.
Atuando como assistente social na Casa de Apoio à Criança com Câncer Durval Paiva, há 5 anos, já me deparei com diversas famílias invisibilizadas, que existem, porém, não são vistas, notadas e que chegam, num primeiro momento, com a demanda urgente de tratar a doença, de buscar a cura para o câncer.
Entretanto, a partir do momento que passamos a acompanhar de perto cada caso e realidade, vamos dando espaço, voz e vez, aprendendo que existem diversas demandas e necessidades para além do câncer.
É necessário, acima de tudo, acolher e respeitar essas famílias, bem como, buscar oferecer o suporte que estas necessitam. Tratam-se de indivíduos que chegam com as mais diversas situações de vulnerabilidade social, negação de direitos, violência, negligência, abandono, dentre outras. Atrelado a tudo isso, ainda existe o tão temido tratamento de câncer e medo da morte.
Podemos afirmar que é, no mínimo, desafiador, lidar com tantas situações adversas, que, às vezes, passam despercebidas, pois são veladas e invisibilizadas. Mas, que necessitam ser acolhidas, discutidas e encaminhadas. Enfim, trata-se de um trabalho que deve ser realizado a muitas mãos, com a equipe multidisciplinar, com os mais diversos atores no campo da defesa dos diretos, com as políticas públicas e intersetoriais, com os municípios, os Estados e a União, para darmos visibilidade, assim como, para tentarmos minimizar tantas situações de privações.
Não existe uma receita pronta, muito menos “vara de condão”, para resolvermos tais problemas, pois atuamos dentro dos limites e possibilidades dessa realidade caótica que vivemos, mas lembrando, acima de tudo, que devemos apoiar, acolher e respeitar essas famílias, que são sujeitos de direitos.