Uma das áreas mais poluentes do mundo, a construção civil tem sido moldada por conceitos sustentáveis advindos da bioarquitetura
(crédito: divulgação istock)
Quando o assunto é poluição ambiental, é comum que as primeiras imagens que venham à mente sejam de indústrias, carros, sujeira nos rios e muita fumaça. Porém pouco se fala da poluição causada pela construção civil. Segundo o Conselho Internacional da Construção (CIB), a construção civil consome cerca de 40% de toda a energia produzida, e é responsável por 30% das emissões de gases na atmosfera e por 30% dos resíduos sólidos gerados.
Além do impacto das obras em si, a expansão das áreas em construção faz pressão sobre ecossistemas inteiros, alterando assim o habitat de animais e a flora local. Tamanho estrago desafia os profissionais da área, como engenheiros e arquitetos, a minimizarem os impactos causados pelas construções e a procurar formas mais sustentáveis de construir.
Conhecendo a arquitetura sustentável
É nessa esteira que um novo conceito tem surgido. A arquitetura sustentável ou bioarquitetura preza pelo bom uso dos recursos naturais e energéticos e pela minimização do impacto nos ecossistemas, através do uso de materiais sustentáveis e estudos mais elaborados dos impactos de cada construção.
A arquitetura sustentável tem sido importante na discussão e implementação de diversas mudanças, como a do próprio design das construções. Abordagens que buscam incorporar eficiência energética, utilização de luz natural, eficiência térmica e também integração com a natureza têm ganhado um espaço importante no que se convencionou chamar de design bioclimático.
Materiais locais barateiam os custos e trazem sustentabilidade
Na prática, os projetos sustentáveis buscam entender as condições climáticas locais, por exemplo, e também utilizar os recursos disponíveis localmente. Os materiais, aliás, são parte fundamental para o sucesso do empreendimento eco-friendly. Entre os principais expoentes, estão os materiais reciclados, os biodegradáveis – caso do tijolo de micélio, feito a partir de fungos – e o concreto verde, feito a partir de materiais orgânicos.
O uso de materiais locais também visa reduzir a pegada de carbono. Hoje, sabe-se que a madeira tem a capacidade de sequestrar carbono, assim como a palha, cada vez mais incorporada em construções. O concreto, por sua vez, tem perdido a importância, mas tem ainda sido usado na sua forma reciclada. Afinal, é um material altamente poluente, responsável por 8% das emissões mundiais de dióxido de carbono.
Técnicas visam criar ambientes mais agradáveis e salubres
A arquitetura sustentável também busca sistemas autossuficientes de circulação de ar nas construções, proporcionando mais conforto térmico para os ocupantes, dispensando assim o ar-condicionado, por exemplo. A iluminação natural e o telhado verde também contribuem com esse e outros benefícios. Este último, por exemplo, é capaz de captar água da chuva e dissipa o efeito de ilha de calor, tão comum nas cidades.
Dada a importância do tema, não é de espantar que cada vez mais os cursos de arquitetura e urbanismo abordem essa tendência, tanto no aspecto teórico quanto no prático. Tratando de temas como a certificação LEED, tão difundida no Brasil, o profissional que detém conhecimentos do tema pode vir a ser um consultor, orientando e difundindo cada vez mais a importância da sustentabilidade na construção civil.