A tecnologia e o avanço das ferramentas de inteligência artificial, é muito evidente e incrível, agregando valor e até mesmo praticidade. O ChatGPT é uma dessas alternativas que veio para ficar, contribuindo com muitas informações sobre os mais diversos temas, inclusive sobre a saúde mental.
Porém, precisamos entender com muita cautela, qual a contribuição efetiva e a função que essas ferramentas vão desempenhar em nossas vidas. Municiar de dicas e informações teóricas é uma coisa. Pretender fazer o papel do Psicólogo ou Psicoterapeuta, é outra, completamente diferente.
Quando falamos de acompanhamento terapêutico, não podemos esquecer de alguns pontos fundamentais nessa interação da prática clínica, que ocorre entre paciente x profissional de saúde mental. São eles: o vínculo que se cria é imprescindível, entre os atuantes, para não abrir espaço para a falta de empatia ou da confiança mútua que é essencial no processo de cura.
E, claro que o ChatGPT não consegue criar esse vínculo; A personalização também é muito importante, uma vez que somos seres individuais e nossas histórias são únicas e construídas à partir de sentimentos, emoções e percepções diferentes. E é, exatamente, essa experiência pessoal que ajuda e auxilia a adaptação e interação do profissional que está realizando o atendimento;
Além disso, temos o suporte emocional fornecido e instrumentalizado através de técnicas específicas, aplicadas pelo terapeuta, estimulando a exploração de emoções e do comportamento do paciente. Processo distante da realidade de um algoritmo que não possui compreensão emocional necessária. E, por fim, mas não menos importante, destacamos a ética e segurança do tratamento, como pilares inegáveis, para garantir a privacidade das informações pessoais do indivíduo. Um sigilo ético que também não se aplica ao ChatGPT.
Analisando todos os pontos relevantes, conclui-se que, uma inteligência artificial não é capaz de substituir o profissional de saúde mental, por não conseguir criar um plano terapêutico humanizado, que atenda a todos os requisitos de um acompanhamento psicológico eficaz e personalizado. Visto isso, é muito preocupante o avanço, nas redes sociais, de falas que pregam a possibilidade de substituição da terapia por ferramentas tecnológicas.
Apesar do acesso rápido ás informações se tornar um grande atrativo, em um mundo onde tudo é urgente, não podemos esquecer que falar de saúde mental, é falar de tudo o que é subjetivo. Terapia exige tempo, acolhimento, escuta ativa e cuidadosa, interação real e humana. São esses elementos que constroem a transformação pessoal do indivíduo que busca, através da terapia, o autoconhecimento e estratégias eficientes para aprender a gerenciar suas emoções. E não é uma máquina ou um algoritmo programado que conseguirá proporcionar tais avanços.
Enfim, como cereja do bolo, para concluir essa análise da eficiência ou não de uma terapia realizada por ChatGPT, podemos destacar uma ação fundamental e preciosa, desempenhada pelo psicólogo ou psicoterapeuta em uma terapia, que nunca uma máquina automatizada, conseguirá reproduzir com a excelência do ser humano: escutar o que o paciente não fala, permitir que ele se escute de verdade e dar a ele o tempo necessário para olhar para si e perceber seus gatilhos.
Portanto, o ChatGPT é uma tecnologia muito positiva para muitas coisas, mas ela não substitui o espaço terapêutico e o trabalho do profissional de saúde mental, que é único, profundo e capaz de realizar as intervenções necessárias para alcançar a cura emocional.
Dra. Andréa Ladislau / Psicanalista