Por Giba Barroso e Vitor Azambuja*
Se a criatividade é uma habilidade fundamental para o trabalho e para a vida, então nada mais justo que ela seja ensinada desde cedo nas escolas. E isso vai exigir cada vez mais professores capacitados e preparados para essa abordagem.
No Relatório de Emprego 2023 do Fórum Econômico Mundial, o pensamento analítico e o criativo lideram o ranking de competências mais exigidas pelo mercado de trabalho até 2027, seguida por conhecimentos de inteligência artificial e big data. Visto que uma inovação ou tecnologia só se materializam com pensamento analítico e criativo, faz todo sentido as habilidades cognitivas estarem no topo da lista.
Mas o ponto chave é que a criatividade, mesmo sendo um dom inato para alguns, precisa de estímulos e acompanhamento para florescer. Isso é feito com educadores atualizados e de repertório pedagógico para conduzir os alunos pelo mundo do aprendizado e da cultura digital. Ou seja, um professor preparado, capacitado e antenado é um guia para os alunos que precisam estar conectados com o futuro.
Nesse sentido, a inclusão de conteúdos sobre abordagens criativas e tecnologia no repertório pedagógico – sim, porque as crianças são nativas digitais – está se mostrando muito eficaz. Nos EUA, uma pesquisa da consultoria Gallup revela que mais de 75% dos educadores que incluíram a criatividade e uso de ferramentas online no ensino revelaram que os alunos demonstraram mais habilidades de resolução de problemas do que os de professores que usaram pouco essas técnicas.
Formação de professores
Esse é um dos motivos pelos quais os professores precisam se manter atualizados sobre a aplicação da tecnologia nas salas de aula e inovação na sua formação continuada. Muitos deles querem se qualificar no tema, mas não têm ideia de onde começar.
Os próprios educadores admitem essa necessidade. No relatório Diagnóstico do Nível de Adoção de Tecnologia nas Escolas Públicas Brasileiras 2022 do Centro de Inovação para a Educação Brasileira (CIEB). Na escala de 1 a 5 de conhecimentos digitais (sendo 5 a maior avaliação), os professores se consideram, em média, no nível 2.
Quando falamos em capacitação de professores, o papel da escola é fundamental. Ela deve ser um laboratório de ideias e oferecer cursos internos de formação docente com base nessa abordagem. Também cabe ao professor, na medida do possível, investir em cursos de extensão da educação, MBA, eventos congressos, feiras, palestras e cursos de tecnologia.
É claro que lidar com a tecnologia pode ser desafiante para alguns professores, mas o ponto de partida é sempre usar as ferramentas digitais em prol de um projeto pedagógico. E não é preciso usar sistemas avançados.
Com a ajuda dos professores, por exemplo, os estudantes podem criar, desenhar e narrar uma história com personagens. Todo o material (desenhos e voz) pode ser digitalizado e transformado em um desenho animado por meio de ferramentas de imagens e edição.
Metodologias ativas
Esse é um exemplo de metodologia ativa de ensino, desenvolvida para ajudar os alunos a construírem conhecimento de maneira lúdica, criativa e focada no protagonismo do aprendizado. Existem muitas delas à disposição, mas cabe ao professor a curadoria de uso, pesquisa e proposição daquilo que mais se encaixa ao aprendizado.
Embora conhecer novas dinâmicas de ensino seja essencial para que o professor escolha a mais adequada, a sua principal atribuição segue a de manter-se atualizado para ampliar a sua leitura de mundo e direcionamento de aprendizados.
Em um mundo onde a velocidade de transformação é mais rápida do que em gerações passadas, um professor conectado e atualizado com as evoluções do mundo está mais apto a ensinar os alunos a lidarem com os desafios futuros.
*Giba Barroso e Vitor Azambuja são especialistas em educação e sócios-fundadores do De Criança Para Criança (DCPC).
Sobre o De Criança Para Criança (DCPC)
O programa DCPC oferece um leque de metodologias de educação híbrida para escolas de todo o mundo. Do futuro para a escola, a proposta da empresa é oferecer às crianças a oportunidade de serem protagonistas, colocando-as no centro da aprendizagem. Através de uma metodologia chamada “Criando Juntos”, os professores são orientados a serem mediadores, fazendo com que os próprios alunos desenvolvam conhecimento sobre temáticas diversas. A partir de discussões, constroem coletivamente histórias, fazem desenhos e gravam locuções relativas às narrativas criadas, que, enviadas por meio de uma plataforma colaborativa, serão transformadas em desenhos animados feitos pelo De Criança Para Criança, expandindo os horizontes educacionais.