Obra “NFT’s, influencers e a música […] do artista […]” partiu de uma reflexão publicada no Medium, ganhando uma versão física em 2022 pela Editora Casatrês.
O escritor paulistano Rodrigo Goldacker (@rodrigoldacker), escreve intensamente desde os doze anos. Em seu perfil no Medium são mais de mil e quinhentos seguidores e duas centenas de textos que foram publicados desde 2016. A obra “NFT’s, influencers e a música […] do artista […]” partiu de uma de suas reflexões publicadas na plataforma, ganhando uma versão física em 2022 pela Editora Casatrês. Conhecido por sua versatilidade literária, Goldacker mergulha no universo digital e oferece uma análise perspicaz sobre o impacto das novas tecnologias na cultura e no mercado artístico.
O livro explora a ascensão dos NFTs e como eles, juntamente com as estratégias dos influenciadores digitais, estão moldando a indústria musical e o conceito de propriedade intelectual no ambiente virtual. O texto técnico, que começa lidando com criatividade, impedições e mercado artístico, deságua em como pontos e palavras, teoricamente habituais, exigem do indivíduo alguma fluência e atenção para oportunidades levantadas no mundo conectado.
O ensaio trata sobre personalidades artísticas e todo tipo de capital simbólico social e cibernético atrelado a obras e criadores. O “pitch” para começar a escrever veio de um artista que assinava sua música ambiente com uma sequência de caracteres impronunciáveis e sequer “digitáveis”.
Rodrigo questiona: “Por que escolher fazer algo assim? Por que complicar ‘de propósito’ para restringir o acesso?” As perguntas persistem até oportunas reflexões sobre o atual mercado de influência e o modo como a informação e aptidão digital, que parecem tão óbvias, ainda são capitais restritos, mas não precisamente relacionados ao dinheiro.
Goldacker, que já tem uma carreira consolidada como redator e escritor acadêmico, utiliza seu conhecimento em comunicação e suas observações sobre o mercado de publicidade para abordar a mercantilização da cultura e os efeitos das tendências digitais. “NFT’s, influencers e a música […] do artista […]” é um trabalho que não só reflete a complexidade das interações modernas entre tecnologia e cultura, mas também oferece insights sobre o futuro das artes no mundo digital.
Escritor versátil e de obras plurais
Redator que “vive das palavras”, Rodrigo é graduado em Publicidade e Propaganda pela Faculdade Cásper Líbero. Seu currículo acadêmico apresenta ainda uma especialização em UX Writing, pelo Instituto de Desenho Instrucional e mestrado em Comunicação, também pela Cásper. É natural de São Paulo, capital, e desde a infância já carregava certa convicção do que gostaria de ser e do que fazer. “Sempre quis ser escritor e comecei a fazer isso de um jeito bem obsessivo. Passei minha adolescência, juventude e vida adulta todas escrevendo”, conta.
Suas principais referências são cimentadas na filosofia do século XX. “Albert Camus, Carl Jung e Judith Butler são três bases importantes para mim em pensamento e que acabam aparecendo muito em tudo que escrevo, principalmente nos ensaios, mas isso também ‘vaza’ para as poesias e romances”, aponta. Ele ainda cita o porta-voz da geração beat, Jack Kerouac, como uma referência para sua formação, e escritores como Hermann Hesse, Roberto Bolaño, Haruki Murakami, Clarice Lispector, Fernando Pessoa e Franz Kafka.
Sua literatura, apesar de não ser necessariamente autobiográfica, carrega marcas de sua história, como “Verde Verdade” (301 pág., 2023), obra que Rodrigo qualifica como uma desconstrução e atualização dos romances de estrada, inspirado na literatura beatnik. Escrito quando tinha 18 anos, o livro é uma homenagem àquele que seria seu leitor ideal, o avô, já falecido. Sua história, que fala do encontro entre dois andarilhos que se conectam, tem raízes profundas no relacionamento do escritor com o familiar na infância.
O autor ainda prepara novos lançamentos, como é o caso de um livro de poesia que compreende poemas escritos entre os anos de 2022 e 2023, publicados principalmente no portal Fazia Poesia (acrescentando outros, nomeados como “excessos” por terem sido compostos anteriormente) previsto para ser lançado pelo NADA∴Studio Criativo; “Ensaio das Expectativas Míticas” e um romance experimental chamado “O Prisioneiro e os Outros”.
Prêmio Amazon de Literatura Jovem
Rodrigo foi um dos cinco finalistas da primeira edição do Prêmio Amazon de Literatura Jovem com a ficção “Eu Só Existo às Terças-Feiras”, selecionado entre quase 700 livros. A obra, por ser finalista, está sendo adaptada para audiobook.
O romance psicológico desenvolve uma premissa curiosa e criativa enquanto tece sua trama de suspense com constantes reviravoltas. Viktor é um adolescente que cursa o colegial e há alguns anos lida com uma cisão de personalidade. Em seu corpo habitam sete indivíduos distintos. Um para cada dia da semana e é com a nomenclatura de cada período que os fragmentos são batizados. Quem conta essa história é a personalidade que, como o título declara, só existe às terças-feiras. Os leitores irão testemunhar as paranoias de um narrador confuso, que precisa preencher as lacunas do que ocorre entre cada “apagão” de uma semana – enquanto desvenda como agem e quais são as intenções dos outros indivíduos que compõem Viktor. Em ritmo divertido, uma conspiração (pessoal e) familiar se manifesta colocando em risco a existência do protagonista, Terça.
Para “Eu Só Existo…” existem possibilidades abertas em grandes casas editoriais acerca do futuro da obra. O escritor, porém, está focado em continuar produzindo. “Quero continuar escrevendo poesias, contos, ensaios, textos mais técnicos e histórias de ficção. Em algum momento penso também na escrita de coisas mais autobiográficas, mas ainda me questiono sobre como fazer isso dadas as questões sensíveis que envolveria” afirma. Rodrigo também está se aventurando pela literatura de gênero. Desde 2018 vem trabalhando em um livro de terror, que está com o primeiro ato pronto, mas como se trata de um projeto mais ambicioso, não existe perspectiva para a sua data de lançamento.