Comparados com quem têm Ensino Médio completo a diferença salarial pode variar até 219% a mais
A acessibilidade à educação no ensino superior no Brasil é um tema de grande relevância, uma vez que o acesso igualitário a oportunidades de aprendizado e desenvolvimento profissional é essencial para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva. No entanto, o país enfrenta desafios significativos nesse aspecto.
Rodrigo Bouyer, avaliador do INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira e sócio da BrandU Consultoria Educacional e da Somos Young, durante a apresentação do Young Podcast apresentou dados fundamentais sobre o tema. Segundo o CEMPRE (Cadastro Central de Empresas) de 2023, administrado pelo IBGE, quem é formado pelo Ensino Superior no Brasil ganha até 219,4% mais em comparação com estudantes que possuem apenas o Ensino Médio completo. “Quando falamos de “ganhos”, nós estamos falando de dignidade, qualidade de vida, bem estar, acesso a bons serviços e assim sucessivamente”, completa o especialista.
Acrescenta ainda que, segundo a PNAD Contínua de 2022, de responsabilidade do mesmo órgão, aqueles com Ensino Superior têm três vezes mais chance de conseguir um emprego. Além disso, segundo a OCDE, esse grupo conta com 6 anos a mais de expectativa de vida. “No meu entendimento, o real desenvolvimento do país depende da educação em todos os níveis, depende da pesquisa, depende da inovação e depende da extensão universitária para fins de redução das desigualdades”, afirma Bouyer.
É importante destacar que o Brasil tem avançado na ampliação do acesso ao ensino superior nas últimas décadas, com a criação de programas como o Programa Universidade para Todos (Prouni) e o Fundo de Financiamento Estudantil (FIES), que oferecem bolsas e financiamentos para estudantes de baixa renda. Essas iniciativas têm permitido que um número maior de jovens brasileiros tenha a oportunidade de ingressar em instituições de ensino superior.
No entanto, a acessibilidade à educação superior no Brasil ainda enfrenta desafios significativos. Um deles é a desigualdade regional, com concentração de instituições de ensino superior nas regiões mais desenvolvidas do país, o que dificulta o acesso para estudantes de áreas mais remotas. Além disso, a qualidade do ensino superior é variável, e muitos estudantes enfrentam dificuldades em encontrar cursos de boa qualidade em suas áreas de interesse.
Segundo Luciane Ceretta, Conselheira da Câmara de Educação Superior do CNE, Presidente da Associação Catarinense das Fundações Educacionais (ACAFE) e Reitora da Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC), para se conquistar uma educação mais abrangente e inclusiva no país precisa ser um esforço de todos os órgãos em conjunto, mas que precisa existir um apoio governamental vital para o bom funcionamento. As universidades comunitárias de Santa Catarina, segundo a especialista, são responsáveis por 56% da ciência produzida no estado. “Isso só é possível porque há um investimento que se faz por meio do protagonismo dessas instituições.”
Além disso, a acessibilidade à educação superior também está relacionada à empregabilidade. Indivíduos que enfrentam barreiras financeiras para acessar o ensino superior podem ter dificuldades em competir no mercado de trabalho. Portanto, é fundamental que o governo e as instituições de ensino continuem a buscar maneiras de tornar a educação superior mais acessível por meio de políticas de inclusão, bolsas de estudo e programas de apoio.
Para Ceretta, o ensino presencial também é o mais ideal para a educação de qualidade. “Permite com que esses sujeitos-informação possam intervir realmente na realidade local e transformar essa realidade”. Hoje, 95% das universidades comunitárias de SC oferecem esse método de ensino.
Para Aristides Cimadon, conselheiro da Câmara de Educação Superior do CNE e Secretário de Educação do Estado de Santa Catarina, uma das autoridades mais respeitadas no Ensino Superior brasileiro, onde atua desde 1977. O comprometimento exigido para aumentar a disponibilidade de ensino superior representa, na realidade, um aporte de recursos destinado a enriquecer o potencial humano, fomentar o crescimento econômico, fortalecer as empresas e estimular o progresso em níveis locais, regionais e nacionais. “Essas instituições comunitárias, que deram acesso aos jovens regionalmente, propiciaram a Santa Catarina um grande desenvolvimento na formação de pessoas e estas proporcionaram desenvolvimento econômico excepcional à Santa Catarina”.
Cimadon percebe que, em seu estado, o diploma não passa de um mero papel.
O podcast está disponível no link: https://www.youtube.com/@SomosYoung