Ana Luiza Cardoso e Lucas Aguiar – ACS Caern
No dia 1º de maio é celebrado o Dia do Trabalhador. Essa data marca a luta por melhores condições de trabalho e pelo reconhecimento da importância do trabalhador para a sociedade. Na Caern, os trabalhadores são os pilares para que os serviços de águas e esgotos funcionem plenamente. Por isso, é importante destacar que, para além de exercer suas funções laborais, os trabalhadores são seres humanos que têm suas famílias, suas experiências individuais e suas próprias histórias.
Para o presidente da Caern, Roberto Linhares, a data é uma oportunidade de mais uma vez reconhecer a importância do trabalhador para que a companhia atinja seus objetivos. “É preciso reafirmar o nosso compromisso com o bem-estar do trabalhador, pois são eles que estão na linha de frente para resolver as adversidades encontradas nos sistemas de águas e de esgotos do Rio Grande do Norte”, comenta. “Para um bom funcionamento dos serviços, é preciso que a sociedade também seja uma aliada dos trabalhadores e trabalhadoras da Caern. Com o repasse de informações precisas e o reconhecimento do papel social de cada um”.
Atualmente, a companhia conta com 2023 empregados, além de outros na categoria de terceirizados, estagiários e aprendizes.
Na sequência de matérias a seguir, destacamos o trabalho de alguns personagens que se orgulham de fazer parte desse sistema. Desempenhando o papel que a ele é atribuído e representando todos os demais trabalhadores da companhia.
Uma diversidade de histórias, unidas pelo esforço para promover o melhor resultado
A Caern conta com empregados que há anos operam na linha de frente e prestam serviços a diferentes comunidades. Um exemplo é o Técnico em Saneamento Terrance Silva, que trabalha há mais de 40 anos na Caern e atualmente se dedica à Unidade de Manutenção de Esgotos (UMES).
Terrance é um dos técnicos responsáveis por fiscalizar o setor que atende às zonas sul, leste e oeste de Natal. A UMES conta com 24 operadores divididos em 8 equipes com 3 operadores por caminhão. As principais frentes de serviço da unidade são as desobstruções em ramais condominiais, ramais convencionais e nas redes de esgotos. O trabalhador diz que durante todos esses anos se dedica em oferecer melhorias para atender as demandas da população.
“Minha história com a Caern é linda. Eu ingressei na Caern em 1982 para estagiar no setor de esgotos, levando a proposta do sistema condominial de esgotamento sanitário para a periferia dos bairros de Natal e, posteriormente, expandindo para o interior do Rio Grande do Norte”, afirma. Ele destaca ainda que os trabalhadores da companhia são formados por pessoas qualificadas e que têm um valor fundamental para a sociedade.
Além da operação de esgotos, o setor de águas é outra importante frente de atuação da Caern. Na Unidade de Águas de Parnamirim (UNAP) encontramos as histórias de Márcio Mazzili, que trabalha na companhia há 13 anos, e de João Batista Oliveira, que trabalha há 20 anos. Ambos são responsáveis por retirar diariamente vazamentos de água no município de Parnamirim. Eles falam que as demandas mais comuns são referentes à falta d’água e à identificação de vazamentos em ramais.
“É de suma importância o trabalho desenvolvido na Caern, porque nós temos água potável praticamente escassa no mundo e a gente consegue aqui em Parnamirim, dentro do prazo de 48 horas, solucionar esses problemas de vazamentos”, pontua João Batista. Os dois falam ainda da relevância daquele trabalhador que opera água e esgoto, pois é preciso um conhecimento técnico para identificar e solucionar os impasses de manutenção, além de um enorme esforço físico e mental para desempenhar as atividades.
Trabalhadores da Caern chegam a descer seis metros de profundidade para retirar lixo da rede de esgoto
A percepção de alguns é livrar-se do lixo de qualquer forma, inclusive jogando na rede de esgoto. É o mesmo que varrer a sujeira para debaixo do tapete, pois o que vai gerar, são demandas para os trabalhadores do sistema de esgoto que convivem diariamente com problemas devido ao mau uso no sistema. Por má conduta da população, eles são obrigados a descer em espaços confinados, até 6 metros de profundidade, desafiando um ar rarefeito e temperaturas altas.
“Infelizmente as pessoas transformam a rede de esgoto em um latão de lixo”, resume o operador Valmir Aires Pinheiro, que executa há cerca de dez anos, o chamado serviço em espaços confinados. Os trabalhadores precisam descer em poços de visita, as conhecidas bocas de lobo e nos porões das Estações Elevatórias de Esgoto, para fazer limpeza.
Eles retiram paralelepípedos ou outros materiais, que a sucção do caminhão da Unidade de Esgoto, não conseguiu retirar. “O caminhão faz a sucção de material pastoso. Sólidos, como paralelepípedos, nós temos que descer para ir buscar”, explica Valmir.
Descer em um poço de visita, com cerca de 1,20 metro de diâmetro, içado por um cinto de segurança preso a um tripé que controla a chegada do mesmo no interior dos poços de visita, exige perícia destes homens. Roupas impermeáveis são vestidas para evitar o contato com os efluentes. Em situações em que é necessário passar mais tempo, a equipe se reveza, devido às dificuldades próprias do confinamento.
São situações esporádicas, mas que envolvem coragem para trabalhar em um ambiente completamente fechado, escuro e com gás metano. Um serviço que segue rigorosamente as normas de segurança e procedimentos. Valmir, por cumprir as normas, nunca vivenciou nenhuma situação perigosa durante a execução do seu serviço. Mas lembra que a ajuda da população é essencial para diminuir os riscos para os trabalhadores do esgoto.
“A conscientização é um meio de amenizar os problemas do sistema”, reforça o operador. São encontrados dentro do sistema de esgoto de paralelepípedos, até garrafas pets, latinhas de refrigerante, restos de roupas e inúmeros outros objetos.
Valmir lembra que no esgoto condominial, que as pessoas possuem as caixas de esgoto no fundo das residências, são muito comuns problemas também devido ao mau uso do esgoto. Tanto é jogado lixo na caixa de inspeção, como fazem reforma e cobrem esse equipamento necessário para execução do serviço de desobstrução da rede.
Em Estações Elevatórias de Esgoto, é necessário fazer esporadicamente a descida de trabalhadores até o porão das mesmas, devido à quantidade de areia que junta no subsolo, dificultando o bombeamento de efluentes. As Elevatórias transportam esgoto até as Estações de Tratamento.
Da próxima vez que pensar em jogar lixo na rede de esgoto, lembre-se que tem uma equipe inteira esforçando-se diariamente para limpar o que você poderia ter dado a destinação correta.
Se a água chega na sua casa, pode ter certeza que o manobrista fez parte disso
O sistema de abastecimento de água de uma cidade é composto de diversos equipamentos, como reservatórios, Estações de Tratamento de Água e registros. A Caern possui operadores que executam a função de manobrista. O nome, que poderia ser confundido com motorista, em nada tem a ver com conduzir veículo. Eles possuem a missão de distribuir a água entre os bairros, garantindo que o sistema esteja funcionando plenamente.
A exclusividade da função é nas cidades maiores, que possuem muitos registros de manobra, e precisa de equipe específica para executar a distribuição. Nas cidades menores, com menos registros, os operadores de sistemas fazem esse trabalho. A distribuição de água feita de forma setorizada é essencial para o sistema de abastecimento, evitando desperdício e garantindo maior controle no planejamento de ações.
Os manobristas possuem uma ferramenta de trabalho essencial chamada: chave de manobra. É um equipamento que fica um pouco acima da cintura de uma pessoa, em formato de um T e feito em aço. Essa chave é utilizada nos registros de distribuição espalhados pela cidade para enviar a água para os diversos setores. O operador Francisco Janilson Melo Cavalcanti fará 23 anos na função de manobrista em maio. Em média, ele abre e fecha de oitenta a cem registros por dia, seguindo uma rota específica dentro da zona urbana de Mossoró.
É responsabilidade dos manobristas também acompanhar o funcionamento dos poços em Mossoró. Eles acompanham tanto o desempenho elétrico, como a quantidade de água que sai (vazão) para abastecer os locais, assim como a reservação de água. “No período de inverno, o consumo diminui e temos que ter cuidado para evitar transbordamento de reservatórios”, menciona Janilson. Por meio de aplicativo, os manobristas acompanham durante a execução do seu serviço, e em tempo real, a situação dos poços da cidade. Assim como avisa a equipe de manutenção caso seja necessário executar serviços no sistema.
Janilson lembra que existem pessoas que não compreendem a função do manobrista e atribuem aos mesmos a responsabilidade por não chegar água nos imóveis. “Executamos nossa função conforme o sistema. Se um poço para, podemos fazer a distribuição com a adutora. Mas em situações de parada do poço vai reduzir a oferta de água e atribuem a suspensão do abastecimento ao nosso trabalho. Infelizmente tem pessoas que não entendem isso”, ressalta.
Ao mesmo tempo, ele lembra que o melhor de sua função são os elogios feitos pelos consumidores. “Só deixo esse trabalho pela aposentadoria”, resume Janilson que não abre mão de executar a nobre função de percorrer ruas em diversos bairros de Mossoró, levando água a quem precisa.