O transtorno do espectro do autismo (TEA) é um distúrbio do desenvolvimento neurológico, que afeta a comunicação e o comportamento. Historicamente, o TEA foi descrito como um transtorno puramente psiquiátrico, com fatores genéticos desempenhando o papel mais crítico.
Recentemente, um corpo crescente de literatura tem enfatizado a importância dos fatores ambientais e imunológicos em sua patogênese, com processos inflamatórios/autoimunes atraindo mais atenção. A etiologia precisa do autismo ainda não é conhecida, no entanto, evidências indicaram que a genética, os fatores ambientais e uma resposta imune anormal estão ligados ao aparecimento e o desenvolvimento do autismo.
De acordo com o imunologista, Dr. Javier Ricardo Carbajal Lizárraga, indivíduos com TEA podem demonstrar sinais de resposta imune anormal no sistema nervoso central, sangue periférico e no trato gastrointestinal, tais como citoquinas anormalmente elevadas, infiltração anormal de linfócitos e fagócitos, linfócitos autorreativos, autoanticorpos ou perfis alterados deles, etc.
Por outro lado, algumas terapias focando no controle de processos imunológicos têm mostrado alguns efeitos promissores para aliviar as manifestações de TEA, como, por exemplo, anti-inflamatórios, antimicrobianos e anticorpos (imunoglobulinas).
Embora avanços consideráveis tenham sido feitos na tentativa de elucidar o papel da autoimunidade e/ou inflamação na patogênese da TEA, há grandes inconsistências nas descobertas entre os estudos de campo que podem ser explicadas por diferenças na resposta imunológica subdiagnosticadas, entre as crianças incluídas dentro do espectro.
“É provável que as reações anormais do sistema imunológico, incluindo perfis alterados de citocinas, infecções atípicas crônicas, respostas anormais a estímulos vacinais como hiperinflamação e/ou autoimunidade, tenham um papel importante na TEA. O crescimento da pesquisa sobre o papel da inflamação tem levado à redefinição de muitas doenças, como doença cardíaca, doença de Alzheimer, diabetes tipo 1, diabetes tipo 2 e obesidade, como distúrbios inflamatórios ou autoimunes”, explica Carbajal.
Pesquisas similares identificam perfis de citocinas anormais em depressão, transtorno bipolar e esquizofrenia sugerindo coletivamente que as citocinas induzem tanto o comportamento da doença quanto os sintomas neurológicos e psiquiátricos, e que a inflamação é um fator fundamental na psicopatologia.
Segundo o Dr. Javier Carbajal, atualmente, pode-se concluir que há pelo menos alguns subgrupos de indivíduos com TEA com algumas formas de desregulação do sistema imunológico como, por exemplo, níveis de citocinas alterados, perfil e níveis dos diferentes tipos de imunoglobulinas defeituosos, perfil de células imunológicas e inflamatórias também alterados e/ou resposta a estímulos vacinais (in vitro) desregulados; isso tudo em conjunto ou em diferentes perfis.
“A avaliação do perfil imunológico pode facilitar à identificação de subtipos de TEA como de outras doenças subjacentes e subdiagnosticadas. Também pode ajudar a desenhar novas estratégias de tratamento, além de fornecer marcadores biológicos de resposta a tratamentos mais eficazes”, finaliza o Dr. Javier Carbajal.
Dr. Javier Ricardo Carbajal Lizárraga – ALERGISTA E IMONOLOGISTA – RQE 21798 – CRM-SP 92607 – Formado pela USP e Sociedade Brasileira de Alergia e Imunologia. Médico Consultor em Imunologia e Alergia de Crianças e Adultos na Rede de Hospitais São Camilo; Diretor da Clínica de Alergia e Imunologia – Dr. Javier Carbajal; Membro da Sociedade Brasileira de Alergia e Imunologia ASBAI; Membro da Academia Americana de Alergia Asma e Imunologia AAAA&I; Membro da European Academy of Allergy and Clinical Immunology (EAACI)I; Membro da Sociedad Latinoamericana de Immunodeficiencias LASID; Membro da Clinical Immunology Society CIS; Membro da Sociedade Europeia de Imunodeficiências Primárias ESID. – A Clínica de Alergia e Imunologia Dr. Javier Carbajal é referência em São Paulo por sua orientação voltada ao diagnóstico e tratamento de Doenças Imunológicas Complexas, como Imunodeficiências Primárias, Alergias de difícil controle, Dermatite Atópica Severa, Urticária e Angioedema, Reações Adversas a Fármacos, Doenças Autoimunes e Autoinflamatórias.