EmLagoa Salgada, projeto investe em saúde e equilíbrio |
Vilma Torres – Extensão.com/UFRN |
Foto: Cícero Oliveira – Agecom/UFRN |
Amanda e Gedso apertam as sacolas e descem com cuidado a escorregadia ladeira de barro, danificada pelas chuvas recentes. A rua, última do perímetro urbano, foi interditada para a passagem de carros, e o acesso a prédios e casas deve ser feito a pé até que se concluam as obras do pavimento. O termômetro mostra quase 29° C às duas da tarde, mas os dois trilheiros seguem. Afinal, lá no fim da rua, 30 pequenos pacientes fazem algazarra enquanto aguardam com as novas escovinhas coloridas na mão.
A estudante Amanda Felix, no nono período de odontologia, virou “tia Amanda” e logo envolveu crianças e professoras nos cuidados com a saúde bucal. O público era de meninos e meninas entre cinco e seis anos. “Primeiro faz um trenzinho, para frente e para trás. Em cima e em baixo. Depois faz uma bolinha em cada um dos dentinhos”, pedia ela em frente à plateia atenta. Para ajudar a fixar o passo a passo da escovação, Amanda tirava da sacola bonecos manipuláveis de espuma, bocas gigantes e outros objetos lúdicos. A Creche Delzuite M. Soares da Costa, em Lagoa Salgada, onde ocorreu a visita, foi uma das instituições escolhidas para participar do Projeto Dentinho, idealizado pelo grupo de voluntários do Programa Trilhas Potiguares 2022 da UFRN. A escolha do projeto foi baseada em demandas levadas por dirigentes municipais a especialistas da universidade. Após avaliações, foi percebida a necessidade de se investir na adoção de ações preventivas no cuidado à saúde junto ao público jovem e infantil daquela comunidade. “Aqui temos uma realidade diferente, na qual podemos ter experiências ótimas com pessoas de outras áreas da saúde e da psicologia para nos auxiliar com assuntos diversos”, diz Amanda. A estudante abriu mão da primeira semana de férias da universidade para fazer voluntariado e jura que a satisfação de doar o seu tempo para ajudar ao próximo compensa os perrengues da jornada. “Eu sei que poderia estar descansando ou fazendo outras coisas, mas não tem nada que substitua a troca de experiências com essas pessoas”, afirma. Os representantes da cidade de Lagoa Salgada solicitaram ao projeto atividades direcionadas à saúde, porém com um tom voltado para o autoconhecimento e o equilíbrio emocional. Em outra unidade, Gedso Rezende, aluno do último período de psicologia, reuniu um grupo de adolescentes para aplicar uma atividade de técnica projetiva chamada de Árvore da Vida. A técnica consiste em, por meio de um desenho, descobrir características particulares de cada participante, resgatar memórias e organizar as expectativas para o futuro. Os estudantes projetam no desenho de raízes, tronco e copa de uma árvore as diversas fases da vida: nas raízes são colocadas as pessoas e fatos importantes do passado, datas e acontecimentos relevantes. O tronco mostra o que o adolescente tem no hoje, o que vê como sólido, o que já foi construído. Copa, folhas e flores seriam o que ele pensa em relação ao futuro, planos e expectativas. “Assim esses adolescentes podem se conhecer melhor e se ajudar”, acredita Gedso. Gedso também abriu mão de uma semana de férias para participar mais uma vez do projeto, mesmo estando sobrecarregado com as demandas de final de curso. “Acho que é a magia”, diz. O trilheiro se emocionou ao chegar na cidade no dia 31 de julho e se deparar com a recepção de uma banda de música para celebrar a chegada dos voluntários da UFRN. “É uma magia tão forte que, quando vi a banda, chorei. Não consegui me segurar, foi tudo muito lindo. Por isso que retorno ao projeto”, completou o estudante. O projeto Trilhas Potiguares vai até o dia 5 de agosto em Lagoa Salgada e mais dez municípios do interior do Rio Grande do Norte. LEIA NO PORTAL UFRN. |