Mais de 4 milhões de empresas abriram as portas em 2021, embora o número de falências tenha crescido 34,6%. Neste cenário, é importante saber o que fazer para sobreviver
O número de pessoas que entraram no empreendedorismo no Brasil cresceu. Segundo o relatório Global Entrepreneurship Monitor 2021/2022, o país ocupa a 7ª posição no mundo ー o que representa um grande crescimento, sendo que em 2020 estava no 13° lugar.
Na prática, isso significa que a taxa de empreendedores estabelecidos passou de 8,7% para 9,9% em apenas 1 ano. O índice considera o total de empresários com mais de 3,5 anos de operação e com idade acima de 18 anos.
Apesar do resultado positivo merecer comemoração, ainda existe a possibilidade de muitas melhorias. Afinal, muitos desafios podem ser superados para facilitar o empreendedorismo no Brasil.
A evolução do empreendedorismo no Brasil
Os dados do Global Entrepreneurship Monitor 2021/2022 indicaram que o Brasil tem 14 milhões de empreendedores entre 18 e 64 anos. Entre os países com melhores resultados, vale ressaltar:
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Coreia do Sul: 16,4%.
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Grécia: 14,7%.
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Guatemala: 12,7%.
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Cazaquistão: 12,1%.
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Polônia: 11,1%.
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Turquia: 11%.
No Brasil, a pesquisa é realizada pelo Sebrae. Segundo o presidente do órgão, Carlos Melles, a melhoria significativa no índice de empreendedores sinaliza que esses negócios conseguiram sobreviver à pandemia.
Melles ainda indicou que o principal responsável pelo bom resultado foi o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronamp). Isso porque ele alega que a principal necessidade dos empreendedores é o crédito.
Somente em 2020, o Pronamp garantiu R$ 37,5 bilhões em financiamento. No ano seguinte, a iniciativa se transformou em uma política pública permanente — o que refletiu no número de empresas abertas durante o ano.
Em 2021, foram pouco mais de 4 milhões de novos empreendimentos. Esse resultado representa um crescimento de 19,7% em comparação com o ano anterior — portanto, é um recorde. Esse dado é do Mapa de Empresas, publicado pelo Ministério da Economia.
De acordo com os dados da ferramenta, em junho de 2022 existem 19,4 milhões de empresas ativas. Desse total, 310 mil foram abertas em abril. De janeiro a abril, foram 1,350 milhão de empreendimentos abrindo as portas. Em comparação com o último quadrimestre de 2021, o crescimento foi de 11,5%.
Do total de empresas ativas no país, 48,9% são do setor de serviços. Em seguida está o comércio, com 32,6%. Completam a lista:
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Indústria de transformação: 9,3%.
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Construção civil: 7,9%.
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Agropecuária: 0,7%.
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Extrativa mineral: 0,1%.
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Outros: 0,5%.
Todo esse cenário positivo incentiva mais pessoas a empreenderem. Tanto é que o estudo do Instituto Locomotiva mostrou que 27% dos brasileiros querem criar ou aumentar o próprio negócio.
Este é o maior sonho dos brasileiros. Em segundo lugar, está a compra da casa própria, com 26% da preferência. De acordo com o presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles, a pandemia mostrou que é possível empreender.
Outro fator relevante é o índice de empreendedorismo por vocação — ou por oportunidade. O Global Entrepreneurship Monitor mostrou que a taxa cresceu, chegando a 76%. Por sua vez, o empreendedorismo por necessidade diminuiu e alcançou 48,9%.
Isso mostra que há uma mudança no perfil do empreendedor. Inclusive, 76% dos entrevistados destacaram que sua motivação para abrir um negócio é “fazer a diferença no mundo”.
Os dados que ainda dificultam a vida do empreendedor
Apesar de todos esses resultados positivos, o cenário do empreendedorismo no Brasil ainda tem muito a melhorar. O próprio Global Entrepreneurship Monitor 2021/2022 mostra isso.
Se o índice de empreendedores estabelecidos aumentou, a dos iniciais caiu. Essa faixa é dividida em:
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Nascentes: têm até 3 meses de funcionamento. A taxa permaneceu em 10,2%.
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Novos: apresentam de 3 meses a 3,5 anos. A taxa caiu de 13,4% para 11%.
Ou seja, mais empresas faliram antes de chegar aos 3,5 anos de existência. Isso tende a se refletir nos dados futuros.
Outro índice que exige atenção é do Mapa das Empresas. Em 2021, foram fechadas mais de 1,4 milhões de empresas — uma alta de 34,6% em comparação com 2020.
Existem vários motivos para a falência dos negócios. Conforme pesquisa da Confederação nacional dos Jovens Empresários (Conaje), as principais dores internas de quem começou um negócio são:
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Contabilidade e finanças: 30%.
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Gestão de pessoas: 27%.
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Trâmites de abertura e planejamento: 25%.
Por sua vez, os maiores desafios a serem superados são:
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Alta carga tributária: 48%.
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Burocracia: 30%.
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Concorrência da informalidade: 22%.
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Legislação complexa: 20%.
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Falta de acesso a crédito: 20%.
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Falta de um ecossistema empreendedor: 17%.
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Logística: 8%.
A maioria destes fatores pode ser amenizada com uma boa gestão financeira. Ao ter cuidado com as questões fiscais e tributárias, é possível evitar multas e penalizações. Ao mesmo tempo, existe a possibilidade de recuperar créditos tributários quando for o caso.
A falta de um ecossistema empreendedor pode ser superada com a realização de investimentos focados na inovação. Já os problemas logísticos podem ser amenizados com a ajuda da tecnologia e aplicações de capital voltadas a esta finalidade.
Dicas para manter seu negócio funcionando em um mercado repleto de oportunidades e desafios
Diante desse cenário, fica a pergunta: o que fazer para aproveitar as oportunidades do mercado, empreender e manter seu negócio funcionando? As suas ações devem partir de 3 aspectos:
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Planejamento estratégico: guia as suas atividades porque define todas as ações a serem realizadas de forma sistemática. Por isso, ajuda a encontrar o ponto de partida.
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Planejamento financeiro: exige o uso de um sistema de gestão financeira para centralizar os dados e garantir um acompanhamento detalhado de custos, despesas e receitas. Assim, é possível tomar decisões e assegurar a saúde financeira da empresa.
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Planejamento de conteúdo: consiste na adoção de estratégias de marketing para atrair clientes e divulgar produtos e serviços.
Todas essas etapas dependem de um passo direcionado à transformação digital. Portanto, é fundamental automatizar as operações — especialmente as financeiras. Desta forma, todos os dados e informações ficam armazenados em sistemas online e podem ser acessados sempre que necessário.
Eles também se mantêm atualizados em tempo real, o que ajuda a descobrir oportunidades e identificar gargalos. Por exemplo, com um software de gestão financeira, você acompanha o fluxo de caixa e descobre as contas a pagar e a receber.
Se verificar algum descasamento de caixa, é possível tomar uma atitude para preservar o capital. Pode ser a negociação com um fornecedor, a fim de adiar o pagamento de algum valor, ou a contratação de uma linha de crédito.
Neste processo, também vale a pena ter conhecimento em gestão financeira ou ter um apoio especializado — o que ajuda a tomar as decisões certas. Apesar disso, a pesquisa da Conaje mostrou que 23% dos empreendedores iniciantes não procuram ajuda. Este dado ajuda a explicar o nível ainda elevado de negócios fechando antes de completarem 3,5 anos.
De toda forma, é preciso ter noção de que é fundamental ser persistente e nunca desistir. Até mesmo porque existem entraves a superar. Conforme o Global Entrepreneurship Monitor, o Brasil tem o segundo menor nível de acesso a finanças, com nota 3,2.
O país também recebeu notas baixas em outros dois quesitos:
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Políticas governamentais: inclui impostos e burocracia, onde o Brasil recebeu nota 2,3.
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Infraestrutura: é a terceira mais baixa entre as economias classificadas pelo estudo como GEM Nível C, tendo recebido a nota 5,2.
Apesar de tudo isso, a dinâmica interna dos consumidores é favorável. Por isso, é possível obter apoio — especialmente se for realizada uma gestão financeira eficiente e com a ajuda de um sistema especializado.
Assim, a empresa tem mais chance de permanecer funcionando porque tem a saúde financeira necessária. O resultado é a chance de aproveitar as abrangentes oportunidades do cenário do empreendedorismo no Brasil e ter um negócio com gestão e finanças saudáveis.