Algumas gigantes já quebraram nos últimos anos e mostraram que, embora parecessem bem-sucedidas, sempre é preciso planejar, inovar e se adaptar
Ao longo dos anos, grandes empresas surgiram, prosperaram e desapareceram ou diminuíram quase completamente a sua participação em seu segmento de atuação. Em um mundo em constante mudança, é preciso aprender com elas como não ir à falência.
Não faltam exemplos de grandes empresas que encerraram as atividades por não terem aproveitado oportunidades, resistirem aos novos tempos ou terem uma má gestão da mudança, entre outros motivos.
Por outro lado, há casos positivos que conseguiram dar a volta por cima e atualmente são líderes em seus segmentos.
Em um país como o Brasil, no qual os microempreendedores individuais (MEI), micro e pequenas empresas apresentam uma taxa de mortalidade de negócios entre 29% e 17% em 5 anos, segundo a pesquisa Sobrevivência de Empresas (2020) do Sebrae, entender os erros e acertos dos peixes grandes podem evitar que as empresas fechem as portas.
Yahoo
Antes da popularização do Google, o Yahoo, uma espécie de diretório de links, contabilizava quase 100 milhões de visualizações por dia e mais de 30 milhões de visitantes únicos por mês, de acordo com a BBC.
Com a criação de serviços como Yahoo Mail, a aquisição de outros, como o GeoCities, e a criação de portais de notícias, nada parecia deter o crescimento desse fenômeno. No ano 2000, a empresa chegou a valer US$ 118,75.
No entanto, o Yahoo perdeu grandes oportunidades: por duas vezes, deixou de adquirir o Google e quase comprou o Facebook, mas os negócios não foram para frente.
A empresa não resistiu à competição com players mais jovens e, apesar de ter implementado soluções para se reerguer, como sua própria tecnologia de buscas, a resposta veio tarde demais e o Yahoo se desvalorizou em seus quase 30 anos de existência.
Kodak
A empresa que criou o filme fotográfico, desenvolvido em 1880, foi uma das pioneiras e mais inovadoras no mundo da fotografia — antes de sua queda.
Na década de 1970, a Kodak detinha 90% do mercado de filmes e 85% do mercado de câmeras nos Estados Unidos, além de uma ampla participação em todo o mundo.
As inovações não paravam na companhia e, em 1975, um dos engenheiros desenvolveu a primeira câmera digital de que se tem notícia. Por ironia do destino, foi justamente o desenvolvimento dessa tecnologia que acelerou o declínio da empresa.
A novidade só foi lançada na década de 90 e, com a crescente preferência dos consumidores pelos modelos digitais, os principais produtos da Kodak foram perdendo espaço.
Somou-se a esse cenário um erro numa planilha de Excel que resultou em uma perda milionária para a companhia em 2005 e uma desvalorização de 31% em suas ações. Anos depois, em 2012, a empresa entrou com pedido de falência.
A Kodak falhou ao resistir, manter-se tradicional e a não aderir às tendências que poderiam ter feito com que ela continuasse a ser um grande nome do setor.
Cosac Naify
Uma das mais prestigiadas editoras brasileiras, a Cosac Naify se consagrou no mercado com livros de arte de luxo. Em 2015, 20 anos depois de seu surgimento, seu fundador, Charles Cosac, anunciou o fechamento das portas.
Contendo 1.600 títulos em seu catálogo, o fundador alega que a editora nunca teve lucro. Seu sócio americano, Michael Naify, desistiu da empreitada, e Charles bancou sozinho por alguns anos o prejuízo.
Com projetos editoriais que demandam altos investimentos, voltados a um público nichado formado por professores acadêmicos e estudantes de arte, a Cosac Naify buscou se repaginar, mas, no entendimento do fundador, isso não seria possível sem perder a sua essência.
No total, o investimento na editora foi de cerca de R$ 70 milhões. As perdas acumulam o dobro desse valor.
Marvel
Dona dos blockbusters “Vingadores”, “Pantera Negra”, “Homem de Ferro” e outros, a Marvel já esteve à beira do abismo antes de se lançar nas telonas.
Originalmente fundada em 1939 como uma editora de histórias em quadrinhos, a empresa cresceu rapidamente com a popularização das HQs nos Estados Unidos.
Na segunda metade da década de 90, houve uma queda na venda dos quadrinhos, que fizeram a companhia acumular dívidas e prejuízos, até pedir falência em 1996.
Para reverter a situação, a empresa buscou diversificar as receitas e entrou em novos mercados. Foi quando vendeu os direitos de duas franquias para Hollywood: Homem-Aranha e X-Men. Esse foi só o começo.
A empreitada deu tão certo que foi capaz de tirar a Marvel do buraco. O Homem de Ferro, que nunca havia sido bem-sucedido, se tornou um grande herói. E, em 2010, a Disney comprou a empresa, que hoje tem neste modelo de negócio uma verdadeira mina de ouro.
Nokia
Líder no segmento de celulares quando o equipamento ainda era novidade, a Nokia chegou a dominar 80% desse mercado. A empresa é responsável por modelos icônicos, como o Nokia 2280, e o Ngage, uma primeira versão do que se tornou o smartphone.
A chegada dos celulares Blackberry ao mercado, com mais funções que os modelos Nokia, ameaçou a companhia. Não muito tempo depois, veio a Apple com o primeiro iPhone, o que acabou de vez com o interesse do consumidor pelos celulares da empresa finlandesa.
A companhia buscou revitalizar seu negócio e apostou no Windows Mobile, que não emplacou frente aos sistemas operacionais Android e iOS. Sua divisão de celulares foi comprada pela Microsoft em 2013 por um valor irrisório.
A Nokia, no entanto, não está acabada. Atualmente, a companhia se dedica a soluções de tecnologia, como o 5G, um mercado que tem potencial de ser lucrativo nos próximos anos.
Forever 21
A fast fashion que, quando desembarcou no Brasil, causou longas filas em shoppings, já não é um dos maiores expoentes do mercado de moda. No Rio de Janeiro, a marca chegou a ser despejada devido a inadimplência.
Em seu apogeu, a Forever 21 teve 817 lojas em mais de 50 países após uma expansão.
Apesar do aparente sucesso, em 2019, a empresa entrou com um pedido de falência em uma corte dos Estados Unidos, com o objetivo de facilitar um processo de reestruturação. A decisão fez com que as lojas nos mercados asiático e europeu fechassem as portas, e, no Brasil, ao menos 11 pontos de venda foram encerrados.
Uma série de fatores culminou para o pedido de falência, da falta de adaptação dos produtos ao mercado consumidor a processos movidos devido a acusações de plágio.
No entanto, a demora para implementar um plano de negócios que contemplasse o mercado virtual, onde o público-alvo da marca faz as compras, foi decisivo para impactar negativamente o futuro da empresa, que busca se reerguer.
Harley-Davidson
As motos de grande porte e cilindrada que hoje são associadas à aventura e liberdade nem sempre despertaram esses sentimentos. Na década de 80, o cenário era bem mais desafiador.
Nos anos 70, a empresa produzia cerca de 75 mil unidades por ano, mas a qualidade deixava a desejar, razão pela qual os americanos davam preferência às motos da concorrente japonesa.
A Harley-Davidson convenceu o governo a aumentar os impostos para as fabricantes estrangeiras, mas não foi o suficiente para se recuperar. A solução foi investir no marketing.
A empresa percebeu que alguns compradores adotavam as poderosas motos como um estilo de vida e começou a realizar eventos, treinar motoqueiros, lançar roupas especiais, entre outras ações que fortaleceram a marca, reconquistaram seu público-alvo e ainda salvaram a empresa da falência.
bom sistema de gestão financeira, uma boa estratégia rumo à inovação e resiliência, é possível reverter a situação e construir empresas sólidas e duradouras. As lições para evitar que uma empresa em crise peça falência atravessam todo negócio. Com um