Adoção de práticas ESG e de economia circular tornaram-se uma necessidade global urgente, para reverter os danos causados nas últimas décadas
As mudanças climáticas tornaram-se muito mais visíveis e frequentes nos últimos anos. Estações indefinidas, períodos longos de seca e chuva, nuvens de poeira, furacões: o planeta tem enviado sinais de que tem tentado se auto regenerar, mas as ações humanas, de forma desenfreada, não têm contribuído para este processo natural. Um exemplo real é a antecipação das datas que demonstram o “Dia de Sobrecarga da Terra”, que neste ano de 2021, aconteceu ainda no mês de julho, no dia 29.
Neste cenário, as relações de consumo e produção têm muito a contribuir. Pensando em como reescrever essa história, com a proposta de uma verdadeira mudança em prol de um mundo melhor, a Avery Dennison promoveu, no último dia 21 de outubro, o quinto e último webinar da série “Reconstruir o amanhã juntos”. O encontro contou com um time de especialistas que discutiram práticas de como “ReGenerar” o planeta, a partir de seus produtos, ações e iniciativas que envolvam processos produtivos, bem como toda a cadeia.
O evento online contou com a moderação da jornalista especializada em ciência, saúde, ambiente e negócios, Gabriela Ensinck, e com a participação dos especialistas Camilo Sandoval, presidente da Associação das Nações Unidas (UNA) da Colômbia; Ivan Trillo, gerente de marketing de sustentabilidade e reciclabilidade da Dow, situada no México; Edson Grandisoli, especialista em educação e embaixador acadêmico do Movimento Circular no Brasil; e Cecília Mazza, gerente de sustentabilidade da Avery Dennison na América Latina.
“Passamos por um momento de crise socioambiental e climática muito importante. Nossa forma de produzir e consumir tem muito a ver com isso. Nesse aspecto, as empresas são parte do problema e da solução. Por isso, é tão importante falar, cada vez mais, em sustentabilidade, economia circular e economia regenerativa, que é um passo adiante”, declara Gabriela.
Sustentabilidade e o papel das iniciativas privadas
De acordo com Camilo Sandoval, apesar de os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs) da Organização das Nações Unidas (ONU) terem sido projetados para que fossem implementados pelos governos, em escala nacional, o papel do setor privado é essencial para o sucesso dessas ações. “As empresas podem e devem contribuir em suas atividades com a busca dessas metas, avaliando seu impacto e estabelecendo para si objetivos ambiciosos, que divulguem, com transparência, seus resultados. Não importa o tamanho da empresa, é preciso maximizar seu impacto positivo no desenvolvimento sustentável, utilizando os ODSs como marcos globais em sua estratégia de sustentabilidade, com responsabilidade social e empresarial”, destaca o executivo.
Ivan Trillo complementa que as empresas são parte do problema, porém não se contentam com essa posição. “Buscamos ser parte da solução. A DOW está presente em muitos setores e, falando especificamente sobre plásticos, muitos questionamentos são levantados, como ‘para onde este material irá após consumo?’; ‘quem vai recuperá-lo?’; ‘qual será seu destino final?’; e, aqui, entramos no tema de economia circular, que pode responder muito bem a todo esse processo”, comenta.
Para que as futuras gerações possam encontrar oportunidades e melhores condições para o seu desenvolvimento, Cecília Mazza pontua que a Avery Dennison traçou, globalmente, objetivos alinhados aos desafios ambientais e sociais mais urgentes; e frisa que, não basta apenas falar de sustentabilidade, é preciso reparar os danos já causados. “Desde 2015 temos esses objetivos implantados e temos feito grandes progressos, especialmente ao trabalhar e continuar oferecendo inovações que promovem a economia circular, que é o nosso principal foco aqui. É necessário construir um caminho colaborativo em toda a cadeia, com todos os integrantes, para unir forças e gerar esse impacto positivo. Por isso, pensamos em regeneração. A mudança começa conosco”, destaca.
O Movimento Circular, do qual Edson Grandisoli é coordenador educacional e embaixador acadêmico no Brasil, caminha justamente na direção de estimular essa transformação nas pessoas e empresas e promover essa união. “Costumo compreender a sustentabilidade como um processo de transformação profundo e não somente um destino ou indicador. Para agir de forma diferente precisamos de vontade e coragem”, ressalta o educador.
Princípios ESG e a importância de adotá-los
As práticas, critérios ou estratégias ESG ajudam a medir o desempenho de uma organização no que se refere às práticas sustentáveis e socialmente responsáveis ― o que é muito importante para atender às exigências de respeito à transparência. Segundo Cecília Mazza, os dados dessas ações, traduzidos em relatórios, podem gerar um grande valor a longo prazo e ajudar a aumentar o valor de mercado de uma organização. “Vale ressaltar a importância do comprometimento da alta gestão e dos diretores, não somente supervisionando essas práticas, mas impulsionando-as, fazendo com que sejam parte de uma estratégia global maior, uma estratégia comercial, não somente para controlar, mas que esteja envolvida com todo o processo”, evidencia.
Implantação de práticas ESG e os erros mais comuns
De acordo com Ivan Trillo, entre os erros mais comuns na implantação das práticas ESG está o entendimento dos conceitos, pois trata-se de um caminho que deve ser seguido não por exigências e, sim, por convicções. Outro erro mencionado pelo executivo está em adotar práticas diferentes, lidando com o negócio de forma distinta, uma vez que a estratégia ESG precisa ser um guarda-chuva na empresa e, sem dúvida, cabem adaptações entre diferentes lugares e unidades de operação. “É preciso ter conhecimento de que é algo que devemos fazer por necessidade e que deve ser implementado de forma equivalente em todas as unidades de negócio. As empresas que se adaptam a esses conceitos são as empresas que crescem, causam impacto aos olhos dos investidores, um impacto positivo, e geram satisfação”, pontua.
Da filantropia empresarial à economia regenerativa
Remetendo ao início do despertar para a consciência socioambiental, as empresas que adotavam práticas sustentáveis tinham sua imagem atrelada à filantropia e à caridade. Com o passar do tempo, essas ações foram tomando corpo e passaram a ser cada vez mais necessárias para garantir o futuro do planeta, a partir da regeneração do meio ambiente e da sociedade.
“A ideia de regeneração dialoga muito com a ideia de uma nova economia, considerando os preceitos da economia circular. Entre nossos processos de regeneração, um deles está muito ligado com nossa regeneração de relacionamento com a natureza, considerando-a um bem comum, um direito de todos. Precisamos regenerar nossos relacionamentos para criarmos laços de cooperação, confiança e corresponsabilização. Somente com a regeneração poderemos caminhar para uma era mais justa e sustentável”, declara Edson Grandisoli.
Economia circular a partir de um portfólio de produtos
Dados do Banco Mundial afirmam que produzimos 2 bilhões de toneladas de lixo todos os anos e que a população mundial até 2050 vai crescer 25%, o que vai contribuir para o aumento desses resíduos, portanto, é preciso agir imediatamente.
Cecília Mazza destaca que para a Avery Dennison, a sustentabilidade é parte da estratégia integrada às etapas de design de materiais, operações, culturas e tomadas de decisão. Devido a isso, em 2020, a empresa reformulou seu compromisso com três grandes objetivos: oferecer inovações que impulsionem a economia circular; reduzir o impacto no meio ambiente; e gerar um impacto social positivo, sobretudo, cultivando um ambiente de trabalho diverso, equitativo e inclusivo. “Na Avery Dennison a eliminação ou redução de resíduos é muito importante, não só nas operações, mas nas cadeias. Pensando nos resíduos gerados pela cadeia de autoadesivos, em 2019, implantamos no Brasil o Programa AD Circular, visando a conexão dos extremos, de modo a dar vida nova aos resíduos de etiquetas autoadesivas. Recentemente, o programa foi implementado no México e o objetivo é expandi-lo para outros países da região”, comenta a executiva.
Em termos de circularidade de materiais e produtos, Cecília pontua que a empresa tem desenvolvimentos notáveis quanto à carteira de produtos sustentáveis, visando diminuir a pegada de carbono dos clientes, aumentar os índices de reciclagem e acompanhar as regulações divulgadas em relação ao tema. “Por isso temos soluções como o CleanFlake, um adesivo inovador que facilita o processo de reciclagem, eliminando a etiqueta sem deixar resíduos no pet, permitindo a reciclagem desse pet sem contaminação. Temos também soluções certificadas, provenientes de fontes responsáveis, com redução de alguns componentes. Além de itens com conteúdo de material reciclado, pós-consumo. E há algumas semanas foi lançado no Brasil o liner r-Pet, que contém 30% de material reciclado, proveniente de garrafas pet”, explica.
Colaboração para a economia regenerativa
Em meio aos desafios para implantar práticas sustentáveis que envolvam uma longa cadeia produtiva, Camilo Sandoval declara que as parcerias entre as empresas do setor são essenciais para que haja uma colaboração efetiva e atinja-se o objetivo do coletivo em reduzir impactos e promover mudanças positivas em termos socioambientais.
“A associação de empresas, mesmo que sejam concorrentes, faz muito sentido nessas ações. As parcerias intersetoriais são fundamentais para o sucesso a longo prazo para a implementação das iniciativas. Ao enxergar que outras companhias são concorrentes no campo comercial, mas em termos de sustentabilidade possam ser parcerias e colaboradoras, os benefícios voltam em forma de core business, agregando valor às iniciativas. A colaboração é parte dos objetivos de desenvolvimento sustentável, que prevê desde 2017 esses cenários de parceria e colaboração”, conclui.
Sobre a Avery Dennison
Avery Dennison (NYSE: AVY) é uma empresa global de ciência em materiais, especializada em design e produção de uma grande variedade de materiais para rotulagem e funcionais. Os produtos da empresa são usados por grande parte das indústrias e incluem materiais autoadesivos, sensíveis à pressão, para rotulagem e aplicações para comunicação visual; fitas e outras soluções para aplicações industriais, médicas e varejo; etiquetas, rótulos e adereços para vestuário; além de soluções de identificação por radiofrequência (RFID) para mercado de moda e outros. Com sede em Glendale, Califórnia, a empresa emprega aproximadamente 30.000 funcionários em mais de 50 países. As vendas reportadas em 2020 foram de 7,0 bilhões de dólares americanos. Saiba mais em www.averydennison.com