Baixo custo de manutenção, preço de recarga, zero emissão de poluentes, silêncio a bordo e menor desvalorização são vantagens em comparação com modelos a combustão
Recentemente, o brasileiro se deparou com o nono aumento da gasolina no ano (27,5%), elevando o valor do litro da gasolina a mais de R$ 7 em pelo menos quatro estados brasileiros. A instabilidade do preço dos combustíveis faz com que os motoristas do país se atentem a uma tendência mundial: os carros elétricos e híbridos, cuja venda subiu 66% no Brasil neste ano. “O futuro do carro elétrico está cada vez mais próximo”, afirma Raphael Pintão, sócio-diretor da NeoCharge, empresa pioneira em infraestrutura para veículos elétricos.
No Brasil, o segmento de veículos elétricos segue em crescimento desde sua inserção no mercado, em meados de 2012. Segundo a Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE), a venda de carros elétricos disparou 66% em 2021 no comparativo anual. A principal vantagem dos automóveis movidos a eletricidade, além de poupar os motoristas de enfrentarem os bruscos aumentos do preço dos combustíveis e reduzir a emissão de gases poluentes, é que o quilômetro rodado utilizando a energia elétrica como combustível é mais barato.
Raphael Pintão explica que a expectativa de crescimento no Brasil é exponencial para os próximos anos, com participação cada vez maior do veículo elétrico puro ─ o Battery Electric Vehicle (BEV) ─ na vida dos brasileiros e, consequentemente, o desafio de criar uma rede de abastecimento para residências, comércios e rodovias. A estrutura ainda está crescendo, mas os carros elétricos vêm se tornando uma realidade no Brasil, afirma.
Para o sócio-diretor da NeoCharge, além da questão sustentável, há quatro motivos que farão os veículos elétricos explodirem em vendas no mundo e no Brasil: primeiramente, o custo do abastecimento, que é quatro vezes menor em relação ao veículo a combustão, seguido pela eficiência do motor elétrico, que é de aproximadamente 95% contra algo em torno de 12% a 30% do motor à combustão.
Outro fator importante é a manutenção, já que o veículo elétrico tem 2000 peças móveis ─ o Tesla Model S, por exemplo, tem 18 (menos de 1% do veículo a combustão). E, por último, a performance, já que o motor elétrico entrega torque máximo instantaneamente, enquanto o motor a combustão entrega o torque máximo aproximadamente a 3000 RPM (Rotação Por Minuto).
“Há alguma pressão contrária por parte dos fabricantes de motor a combustão e os de etanol, mas a eletrificação é um movimento sem volta e o crescimento aqui será rápido, acompanhando o resto do mundo”, afirma. Para ele, o que falta é somente um plano mais ambicioso e estruturado, de longo prazo, para substituição consciente da frota antiga pela elétrica.
O carro elétrico tem potencial para reduzir sensivelmente a poluição urbana, inclusive a poluição sonora, já que o funcionamento do motor é muito silencioso. E outras vantagens ainda podem ser sentidas no bolso dos motoristas: estima-se que o custo por quilômetro para alimentar um elétrico é um terço menor do que se gasta com um carro a gasolina.
Segundo uma pesquisa divulgada recentemente pela Agência Internacional de Energia (AIE), a energia produzida para abastecer a frota global de automóveis elétricos foi responsável pela emissão de 51 megatoneladas de carbono, aproximadamente a metade do volume gerado por uma frota semelhante de veículos movidos a combustão, impedindo a emissão de 53 megatoneladas.
Na Europa, alguns países já têm data para proibir a venda de veículos a combustão e algumas das maiores montadoras do mundo já anunciaram que deixarão de investir nos propulsores convencionais de combustão interna. Neste ano, diversos fabricantes automotivos estabeleceram metas de eletrificação a médio prazo. A maioria das marcas anunciou que quer que toda ─ ou boa parte da linha ─ seja híbrida ou elétrica até 2030.
Elétricos e híbridos são o futuro
Os carros elétricos e híbridos — que funcionam com um motor para combustível e outro elétrico — podem representar a maioria de veículos no Brasil até 2035, de acordo com levantamento da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), em parceria com o Boston Consulting Group. Ainda que mais lento, em relação a outros países, o setor está crescendo e se consolidando no Brasil.
Houve avanços consideráveis nos últimos anos, como a redução de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para veículos elétricos e a Resolução Normativa nº 819/2018 da ANEEL, que regulamenta a cobrança de recarga para veículos elétricos. Já em relação à infraestrutura, vale citar algumas leis que obrigam a instalação de carregadores em determinados tipos de empreendimentos, que já são aplicadas nas cidades de Brasília e São Paulo. E para os proprietários/usuários também há incentivos em algumas cidades brasileiras, como a isenção de rodízio e do IPVA, entre outros.
A rede de abastecimento para esses veículos no Brasil ainda é pequena se comparada com o mercado internacional, mas é possível encontrar algumas iniciativas pelo país, como, por exemplo, os pontos de recarga instalados na rodovia BR-27, no Paraná, que corta o estado de leste a oeste, e na rodovia Presidente Dutra, que liga as capitais de São Paulo e Rio de Janeiro. “Além disso, vale lembrar que a maior parte dos carregadores ficarão na casa dos proprietários dos veículos”, afirma Pintão. “A demanda residencial tem aumentado bastante, boa parte de nossos projetos são para construtoras e condomínios”, acrescenta.
Em março de 2021, na cidade de São Paulo, entrou em vigor a Lei Municipal nº 17.336 que dispõe sobre a obrigatoriedade da previsão de solução para carregamento de veículos elétricos em edifícios (condomínios) residenciais e comerciais. O que significa que prédios construídos na capital, desde abril de 2021, devem contar com estrutura de recarga para elétricos. A iniciativa, assim como a isenção de impostos para os veículos, tem como intuito fomentar a substituição dos motores a combustão por elétricos.
Segundo o levantamento da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), em parceria com o Boston Consulting Group, se houver investimentos e incentivos ao setor de carros elétricos, 62% dos automóveis zero-quilômetro do país serão elétricos ou híbridos em 2035. Nesse cenário, as vendas de modelos movidos a gasolina ou diesel representariam 38% do mercado.
Menor uso de energia e combustível, mais sustentabilidade
Acompanhando o crescimento da frota de veículos elétricos no Brasil, aumenta também a procura por métodos para alimentar esses automóveis de forma limpa e econômica. Não é somente o preço dos combustíveis que vem subindo, mas a eletricidade tem aumentado também — desde 2001, segundo a própria Aneel, a tarifa encareceu mais de 230%. Em 2021, a projeção de aumento é de 13% e a possibilidade de um racionamento de energia é crescente.
A solução para diminuir a conta é produzir energia em casa. Muitos brasileiros já estão atentos a essa tendência. Segundo dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), o número de instalações de painéis solares em domicílios subiu 70% no país em relação a 2019. E, segundo projeção da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), até 2050 o Brasil terá 18% de seus lares produzindo a própria energia com painéis fotovoltaicos. “O futuro é pensar formas sustentáveis e é isso que a nossa empresa faz”, afirma Raphael, lembrando que a NeoCharge nasceu como um braço da NeoSolar, líder de mercado em energia solar fotovoltaica.
Sobre a NeoCharge
A NeoCharge nasceu em 2016 como um braço da NeoSolar, fundada em 2010 e líder de mercado em energia solar fotovoltaica. A empresa paulista leva em seu DNA o espírito empreendedor e o desenvolvimento de negócios que impactam positivamente a vida de todos, estendendo a missão de promover a mobilidade elétrica no Brasil. A NeoCharge oferece soluções em infraestrutura de recarga para veículos elétricos através de distribuição de equipamentos, cursos, serviços técnicos e operação compartilhada de estações de recarga e eletropostos.
Fontes da pesquisa sobre aumento da gasolina:
Em 2021, houve uma alta da gasolina de 27,5%, no ano, e de 37%, em 12 meses, conforme o IBGE. O preço do litro da gasolina comum já passa dos R$ 7 em pelo menos quatro estados brasileiros, segundo a pesquisa semanal de preços da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), realizada em 22 de agosto.