Liderança sustentável impacta positivamente o negócio e a sociedade

Liderança sustentável impacta positivamente o negócio e a sociedade

Bárbara Nogueira *

 

Falar de sustentabilidade tem se tornado cada vez mais natural na sociedade. Com o intuito de ampliar o debate e a mobilização em torno do tema, são celebradas, no mês de março, algumas datas importantes, como o Dia Nacional de Conscientização sobre as Mudanças Climáticas (16) e o Dia Mundial da Água (22). Neste momento único de reflexões e de transformação de padrões em todo o mundo, são ótimas oportunidades para abordar alternativas mais sustentáveis nas diversas atividades, especialmente dentro das empresas. Nesse sentido, é importante chamar a atenção para o papel dos líderes, pois são eles que poderão contribuir e atuar fortemente como agentes estratégicos, refletindo positivamente na produtividade do negócio, aliada à preservação do planeta.

Aqui, vale lembrar que o termo sustentabilidade não se refere apenas ao meio ambiente, mas envolve outros pilares econômicos e sociais, tais como saúde, comunidade, compliance, entre outros. As organizações, principalmente as de maior porte, têm se preocupado, constantemente, em reduzir ao máximo os impactos de seus processos produtivos, tendo em vista todos esses aspectos. E os gestores precisam estar bem engajados a tal propósito, além de acompanhar as novas exigências da população. Por isso, hoje, mais do que nunca, a figura do líder também passa por adaptações, ganhando o formato que conhecemos como liderança sustentável.

Normalmente, trata-se daquele profissional que desenvolve, com facilidade, posturas diferenciadas frente ao olhar sustentável e se coloca, de forma coerente, entre o discurso e a prática. Lidera naturalmente pelo exemplo. Dessa forma, capta seguidores e lança tendências nas três dimensões: social, ambiental e econômica. Além disso, são pessoas que atuam como grandes agentes precursores de inovação e motivam os demais ao seu redor, pensando globalmente e agindo localmente.

Dentre as características principais dos líderes sustentáveis, destaca-se compreender muito bem o contexto de stakeholders, ou seja, das partes afetadas, direta ou indiretamente, pela organização. Além disso, são fiéis aos discursos e colocam em prática, de fato, os valores da companhia. Possuem liderança focada no desenvolvimento dos liderados, questionam as políticas da corporação e têm visão holística do negócio, sempre atentos à qualidade do trabalho e aos interesses individuais de seus colaboradores.

Outro ponto de destaque é o fato de os líderes sustentáveis, geralmente, terem inteligência emocional e autoconhecimento bem desenvolvidos. Consequentemente, eles apresentam uma boa percepção em relação a si, o que lhes permite manter seus valores e princípios bastante alinhados com suas ações e discursos. Com isso, estão mais aptos a tomar decisões assertivas e coerentes dentro das organizações, com foco na sustentabilidade.

Por fim, o mundo corporativo, em geral, continua as discussões acerca do “novo normal” e como será o pós-pandemia, com ênfase na cultura organizacional, na governança e na responsabilidade socioambiental. Enquanto isso, existem aqueles que já atuam para criar novas estratégias e tendências, imaginando, inclusive, uma transição para um outro tipo de sociedade, que se preocupa não somente  com o lucro, como também com os impactos globais. E o papel da liderança sustentável é fundamental na gestão de pessoas em prol desses propósitos, possibilitando que as empresas possam efetivamente gerar valor para a sociedade.


  • Graduada em Psicologia, Bárbara Nogueira é diretora, board advisor e headhunter da Prime Talent, empresa de busca e seleção de executivos de média e alta gestão, que atua em todos os setores da economia na América Latina, com escritórios em São Paulo e Belo Horizonte. Possui certificação de Executive Coach pela International Association of Coaching e em Micro Expressões e programação Neurolinguística. Além disso, é pós-graduada em Negócios e em Formação de Conselheira de Administração, ambas pela Fundação Dom Cabral. Tem vivência internacional na Inglaterra e Estados Unidos.

Dia Mundial do Rato; neurocientista nos convida a enxergar o lado vilão e herói do animal

Apesar de serem conhecidos pelos malefícios que podem causar a saúde humana, estes seres foram e ainda são importantes para a evolução da nossa espécie

No dia 4 de abril comemora-se mundialmente o Dia do Rato.  A data foi instituída no ano de 2002 com o objetivo de romper preconceitos contra o roedor e fazer com que estes pequenos sejam reconhecidos também como animais de estimação.

Membro da Federação Européia de Neurociência, o PhD neurocientista e neuropsicólogo Fabiano Abreu,  aproveita a data para propor uma reflexão interessante acerca dos papéis sociais que essa figura representa na história humana. Para ele, o rato pode ser visto tanto como vilão, quanto como herói da raça humana.

Fabiano nos convida a analisar, por exemplo, o papel do rato no contexto da peste bubônica. “Neste cenário histórico, que é amplamente conhecido por se tratar de uma epidemia que matou aproximadamente 25 milhões de pessoas na Europa, entre 1347 e 1351, o rato assume um lugar de vilão. Além disso, os ratos são portadores de mais de 35 doenças transmissíveis aos homens e aos animais domésticos, condição que sustenta ainda mais a má fama desses pequenos mamíferos entre os humanos “, afirmou.

Mas ele explica que seria errado definir os roedores com esse rótulo sem antes reconhecermos que existe outro protagonismo importante exercido por estes animais na humanidade: o de cobaia das ciências.

“Grandes avanços na saúde pública foram propiciados à humanidade, graças à utilização destes animais na pesquisa científica. Um dos exemplos está na descoberta e no controle de qualidade de vacinas. Os testes em ratos também foram essenciais para a descoberta de anestésicos, de antibióticos, anti-inflamatórios, antidepressivos, quimioterápicos, e dos hormônios anticoncepcionais. Perceba que, neste contexto, os ratos passam a ser definidos como heróis”, comenta ele.

O neurocientista esclareceu ainda que um dos motivos do rato ser escolhido para as diversas experiências é pela sua fisiologia ser semelhante à fisiologia dos humanos. “É um grande equívoco e desconhecimento da realidade afirmar que os animais não são mais necessários para a descoberta de novas vacinas, medicamentos e terapias”, pontuou.

O dualismo dos roedores

Para Fabiano, o único consenso possível é aceitarmos que, além das semelhanças fisiológicas, os ratos se assemelham aos humanos no que diz respeito a sua existência dualística. “É engraçado pensar que, assim como nós, os ratos não podem ser definidos como vilões ou heróis, porque os papéis que estes roedores exercem no mundo, a partir da dinâmica humana, faz com que eles sejam ambos. A filosofia do dualismo abraça ratos e humanos”, conclui ele com tom de comicidade.

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Biografia 

Fabiano de Abreu Rodrigues é um jornalista com Mestrado e Doutorado em Ciências da Saúde nas áreas de Neurociências e Psicologia pela universidade EBWU nos Estados Unidos e na Université Libre des Sciences de l’Homme de Paris. Ainda na área da neurociência, pós-graduação na Universidade Faveni do Brasil em neurociência da aprendizagem, cognitiva e neurolinguística e Especialização em propriedade elétricas dos neurônios e regiões cerebrais na Universidade de Harvard nos Estados Unidos. Pós-Graduação em Neuropsicologia pela Cognos de Portugal, Mestre em Psicanálise pelo Instituto e Faculdade Gaio, membro da Unesco e Neuropsicanalista pela Sociedade Brasileira de Psicanálise Clínica. Especialização em Nutrição Clínica e Riscos Psicossociais pela TrainingHouse de Portugal e Filosofia na Universidade de Madrid e Carlos III na Espanha.

Integrante da SPN – Sociedade Portuguesa de Neurociências – 814, da SBNEC – Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento – 6028488 e da FENS – Federation of European Neuroscience Societies – PT30079 e membro da Mensa, sociedade de pessoas de alto QI com sede na Inglaterra.

Créditos de: Divulgação

Conselhos para renascer com a Páscoa

Um período muito aguardado para cristãos e judeus é a Páscoa. Apesar de significados teológicos diferentes, é uma época de profunda reflexão e respeito. Neuropsicóloga Leninha Wagner explica que o sentido da data vai muito além do que a tradição já impregnada na sociedade de valorizar o coelho e o chocolate.

Mais uma Páscoa está se aproximando. A palavra, originada do hebreu “pessach”, significa “passagem”. A festa é celebrada por judeus há milhares de anos para comemorar a libertação e êxodo do Egito, após 300 anos de sofrimento como escravos. Porém, tal data carrega também o lado cristão, que celebra a dor, sofrimento, mas comemora a passagem para um lugar melhor, ou seja, um recomeço.

Diante do atual cenário pandêmico e considerando as dores da humanidade, a neuropsicóloga Leninha Wagner é taxativa: “Sempre depois de um período de sofrimento, avaliamos, já com a devida distância do fato ocorrido; e constatamos que é preciso mudar, renascer”.

Além das doutrinas religiosas, Leninha reforça que “podemos nos inspirar na mitologia grega, na lenda de Quiron O Curador Ferido, que passou de Centauro Guerreiro a Curador. Certa vez, em batalha ao lado de seu melhor amigo Hércules, eles mataram o monstro Hidra de Lerna com cabeças envenenadas. Acidentalmente o amigo feriu Quiron na coxa com uma das flechas saturadas de sangue do monstro. Embora imortal, ele não conseguia curar a si mesmo, ficando condenado a viver em sofrimento. Ferido e com um ponto sensível que doía ao ser tocado, reconheceu que possuía uma vulnerabilidade”, detalha.

Os ferimentos de Quiron, completa a neuropsicóloga, o transformaram num curador ferido. “Aquele que, por meio de sua própria dor, é capaz de compreender a dor dos outros. Ele representa a parte ferida de cada um, simbolizada por alguma deficiência, limitação ou problema, que o torna benevolente em relação aos que o cercam, pois entende-lhes o sofrimento com compaixão”.

O relato desta história grega se aplica nos dias atuais, onde as famílias precisam se isolar e não podem passar o próximo fim de semana juntos: “Assim somos nós diante da Celebração da Páscoa ainda em plena Pandemia. Reconhecendo que estamos todos feridos, sensíveis, vulneráveis. Que podemos ressurgir da nossa própria dor com o firme propósito de ter relações mais saudáveis, mais recíprocas, mais gentis”, destaca.

Afinal, Leninha ressalta que, “só pode curar quem entende de dor, por carregar sua própria chaga interna. Estamos em busca de um novo e melhor momento. Nossa ambição incessante agora, deve ser em busca de aumentar nosso império interior, dilatar as fronteiras do eu, ampliando o horizonte existencial”.

Diante disso, “quando desfrutamos dos nossos recursos internos, que somente a nós pertence. Oferecemos o nosso melhor ao outro e recebemos o mesmo conteúdo de valor. Aliás, com o passar do tempo, novos caminhos devem ser considerados”, acrescenta a neuropsicóloga.

E como renascer em meio a este cenário tão difícil? Para Leninha Wagner, “Mudar é saudável! Troque as coisas de lugar, repense suas prioridades, valorize quem esteve com você, quem se importou. Faça novos planos, trilhe novos caminhos, e libere espaço para o perdão, e neste lugar plante sementes de bons e novos sentimentos. É tempo de renovação, de ressurreição!

Mova-se, comova-se, envolva-se no sentimento de transformação que essa data proporciona e que esse tempo exige: compaixão e solidariedade”, finaliza.