A pandemia de coronavírus causou um impacto muito forte em diversos setores da indústria. As medidas de isolamento social levaram a uma forte queda na produção de automóveis e nas vendas de carros no Brasil.
As principais montadoras do país estão considerando planos de demissão voluntária e acordos para suspensão do contrato de trabalho ou redução salarial de seus funcionários. Será que investir em ETFs ou ações de empresas automotivas é uma boa nesse cenário? Quais são as expectativas do setor para este segundo semestre? Vamos falar sobre isto aqui neste artigo.
Dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) apontam que cerca de 4.100 pessoas foram demitidas entre março e agosto, o que não conta as baixas por demissão voluntária.
Fechamento de fábricas, produção perto de zero e vendas virtuais
O impacto da pandemia de coronavírus começou a preocupar as montadoras no início de março. A doença ainda não tinha causada nenhuma morte no Brasil e a preocupação de momento era com o agravamento da pandemia na China, o que poderia causar uma eventual falta de peças para a linha de produção.
No fim de março, com a expansão rápida da pandemia no Brasil, as fábricas e concessionárias de todo o país fecharam. Em abril, a situação se agravou e a produção de veículos despencou 99%, atingindo o menor nível de produção da história do setor automotivo no Brasil. No mês, apenas 1.847 veículos foram fabricados no país.
Para tentar diminuir o prejuízo, montadoras adiaram lançamentos de veículos e focaram nas vendas por redes sociais e em promoções vantajosas para continuar atraindo clientes, mesmo em meio a crise financeira.
A maior parte das montadoras optou por reduzir a jornada e os salários ou suspender temporariamente os contatos de trabalhos dos funcionários se apoiando na MP 936, medida do governo para tentar diminuir os impactos da crise causada pela pandemia.
Até 28 de abril, pelo menos, 74% dos funcionários de montadoras de automóveis, caminhões e ônibus já haviam fechado acordos com as fabricantes, segundo levantamento do G1.
Isso resultou numa queda brusca na produção. Segundo o balanço da Anfavea, no segundo trimestre de 2020 houve uma queda de 50,5% na produção em comparação com o mesmo período de 2019.
Retorno gradual da produção em ritmo de recuperação
Maio, foi o mês de reabertura para muitas fábricas do país com a adoção de medidas sanitárias. Entre junho e agosto, a tendência foi de recuperação da produção do setor. Porém, com o retorno lento por conta da pandemia, a produção de veículos em agosto foi de 210 mil veículos, o que representa uma queda de 22% em relação ao mesmo período do do ano anterior.
A produção entre janeiro e agosto deste ano foi de 1,11 milhão de veículos, 900 mil a menos do que no mesmo período de 2019. O que representa uma queda de 44,8% na produção de veículos no país.
Queda nas vendas e falta de ajuda do governo
Com a queda na produção, também ocorreu uma queda nas vendas de veículos neste ano. Uma pesquisa do Datafolha mostra que 46% dos brasileiros sofreram redução de renda durante a pandemia de coronavírus. Com a taxa de desemprego chegando em 13,3% e com 67,4% das famílias endividadas, as empresas apelaram para as promoções.
Com a crise financeira global causada pelo coronavírus, a demanda externa não se manteve e houve queda nas exportações. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontam a queda nas vendas. Em abril, pior mês para o setor automotivo, a queda nas vendas foi de 57,4% em comparação com o mesmo período do ano passado.
Expectativa do setor pela recuperação do setor ainda em 2020
Dentre as montadoras, o setor de caminhões foi o menos afetado pela pandemia, com uma queda de 37,2% na produção durante o primeiro semestre do ano. E nas montadoras de automóveis, com o retorno das fábricas em maio, junho foi o primeiro mês com um aumento de produção após o início da pandemia
Em comparação com maio, em junho a produção cresceu 129,1%. Em junho, o emplacamento de automóveis voltou a subir, tendo um crescimento de 93% em relação ao mês anterior, de acordo com dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores).
Esses números mostram que o pior momento da crise no setor automotivo durante a pandemia já pode ter passado. O presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Júnior, destaca que houve uma melhora das vendas em junho.
A expectativa é uma recuperação de parte da economia do setor ainda em 2020. A Anfavea estima que o setor deve automotivo deve fechar 2020 com a produção de 1,6 milhão de veículos, um volume 45% menor do que em 2019.
Um estudo da Webmotors em parceria com a Anfavea aponta que 84% dos consumidores têm interesse em comprar um carro 0 km ainda em 2020, o que pode ajudar numa recuperação mais rápida do setor e no início de 2021 mais positivo e promissor.