Diretor de Coração de Cowboy, Gui Pereira, relembra os maiores sucessos de Mazzaropi e Mojica, que merecem ser valorizados, assim como a sétima arte no país
Entre campeões de bilheteria, criadores de tendências, precursores na quebra de barreiras internacionais, e mesmo diante de tantos desafios, o cinema brasileiro sobrevive há décadas com produções brilhantes e de imensa importância para a história da sétima arte. Para celebrar e valorizar a data em que comemora-se o Dia do Cinema Brasileiro, o cineasta Gui Pereira preparou uma lista de filmes favoritos e imperdíveis de dois diretores brasileiros excepcionais.
O primeiro cineasta escolhido pelo diretor brasileiro é Amácio Mazzaropi que, segundo Gui, merece muito mais respeito e valorização no mercado cinematográfico brasileiro. Mazzaropi está para o Brasil como Chaplin para o cinema norte-americano ou Jacques Tati para o cinema Francês. Seus filmes, com temáticas humanas e que expressam o lado instintivo e preciso do diretor, retratam, em sua maioria, a vida do homem do campo. Confira o top 3 longas:
1 – Tristeza do Jeca (1961)
O primeiro filme colorido dirigido por Mazzaropi conta a história de dois políticos corruptos que procuram o apoio do diretor, um popular líder trabalhista de um pequena cidade no interior. Com reviravoltas e um final surpreendente, essa obra é um dos melhores dramas nacionais de todos os tempos.
2 – O Puritano da Rua Augusta (1965)
Com uma bela mensagem, o filme conta a história de um pai de família conservador e rigoroso que, após um ataque cardíaco, decide aproveitar a vida. O melhor roteiro escrito por Mazzaropi, que consegue misturar humor surreal com drama e assuntos mais sérios.
3 – O Jeca Macumbeiro (1974)
Em seu primeiro flerte com o gênero terror, Mazzaropi conta a história de um caipira que encontra um saco de dinheiro e que acaba sendo manipulado por um suposto pai-de-santo que procura roubar a fortuna do ingênuo rapaz.
José Mojica Marins é o outro cineasta brasileiro eleito por Gui Pereira como um grande nome a ser valorizado. Para o diretor de Coração de Cowboy, Mojica é considerado um dos grandes mestres do terror, ao lado de Dario Argento, John Carpenter e Mario Bava, mas, infelizmente, às vezes é visto como sinônimo de piada pela falta de informação sobre o gênero no país. Veja os três escolhidos:
1 – Perversão (1979)
É exploitation do sub-genero “rape-and-revenge” muito popular no cinema independente de terror dos anos 70. No longa, Mojica interpreta um milionário que abusa sexualmente de várias mulheres, vai à júri, é absolvido e continua sua rotina abusiva até se apaixonar pela bela e misteriosa Veronica.
2 – À Meia-Noite Levarei Sua Alma (1964)
Foi o filme responsável por introduzir a personagem de Zé do Caixão na cultura pop mundial. Zé do Caixão é um coveiro obcecado em dar continuidade a linhagem de seu sangue, mas para isso ele procura a mulher ideal para carregar seu primogênito. É considerado o primeiro filme de terror da história do Brasil.
3 – O Despertar da Besta (1970)
Nesta trama, 4 voluntários são submetidos a experimentos com LSD para entender os efeitos da droga. As coisas começam a sair do controle quando as cobaias são forçadas a olharem um pôster do filme “O Estranho Mundo do Zé do Caixão”. O filme foi rodado em preto e branco e colorido.
Sobre Gui Pereira
Gui Pereira nasceu em São Paulo, e desde cedo já desenvolveu uma paixão pelo cinema. Desde a adolescência, ele aprimorou suas técnicas de ‘Stop-Motion’ e seus curtas começaram a ter um destaque maior no circuito underground. Aos 14 anos de idade, começou a dirigir clipes para bandas em início de carreira. Aos 17 anos, fez um curso na renomada New York Film Academy, onde teve a certeza de que queria ser um cineasta pelo resto da vida. Ele se formou pela Los Angeles Film School em 2010 e fez uma Pós na Art Institute of California, onde se formou em 2012. Seus trabalhos em curta-metragem foram selecionados e premiados em diversos festivais no mundo todo.
O mais recente trabalho de Gui Pereira é o ‘Coração de Cowboy’, seu primeiro em longa-metragem, que estreou em todo o Brasil em setembro de 2018. Com distribuição da O2 Play, o filme já coleciona diversos prêmios, entre eles: melhor filme no Scruffy City Film and Music Festival, premiação que aconteceu em Knoxville, no Tennessee, e também elegeu Gabriel Sater como melhor ator por sua atuação no filme; melhor filme no Jukebox International Film Festival; e melhor do festival, melhor longa, melhor estrangeiro e melhor roteiro no Desert Rocks International Film and Music Festival; melhor trilha sonora e melhor diretor no Moscow Indie Film Festival na Rússia, além de Thaís Pacholeck e Jackson Antunes levarem os prêmios de melhores atores coadjuvantes no Los Angeles Brazilian Film Festival.