Nas últimas semanas, a educação superior no Brasil tem tomado as manchetes dos veículos de comunicação por conta das ações do Ministério da Educação (MEC) que envolvem os cortes na verba para o setor. Mas quero chamar a atenção para outro aspecto da educação superior: a emergência do papel do professor e as modalidades e metodologias do ensino.
Em uma lógica de modalidade de ensino presencial, os alunos comparecem às aulas (geralmente todos os dias da semana) e lá ficam sentadinhos ouvindo atentamente o seu professor proferir o cerne do conhecimento. Ou então, os estudantes ficam conectados em seus smartphones enquanto os professores se esforçam para serem mais interessantes do que os aparelhos.
Em uma lógica de modalidade de ensino a distância (EAD), os alunos desenvolvem sua autonomia de ensino e geralmente comparecem aos bancos escolares apenas para tirar dúvidas pontuais e realizar as suas avaliações.
No primeiro caso, temos um professor que repassa o conhecimento que acumulou em toda sua carreira. No segundo, o professor grava a videoaula de uma forma que faça sentido a gregos e troianos. E se no meio dessa jornada de aprendizagem houvesse o meio termo? É o que os especialistas chamam de blended learning, a metodologia de sala de aula invertida.
Essa metodologia de ensino pode ser aplicada tanto na modalidade presencial, quanto na realizada a distância. E aqui, chamamos atenção para o EAD que se transformou em um berço esplêndido da metodologia semipresencial, pois já possuía a característica de distribuição de conteúdo, faltando apenas esse casamento com as práticas realizadas nos encontros presenciais.
Tenho atuado nessa metodologia de ensino desde 2013 e venho acompanhando a sua evolução e discussão nos meios acadêmicos e midiáticos. Nesse método, o aluno tem acesso aos conteúdos teóricos do seu curso e comparece na faculdade para praticar o que preconiza essas teorias. Por exemplo, o aluno lê sobre como se elabora um plano de marketing e vai para a aula presencial para conceber um plano de marketing com a mediação do professor.
E, por falar de professor, nessa metodologia ele deixa de ser o provedor do conhecimento para mediar o conhecimento. Ele se torna um maestro em uma orquestra, ou melhor, em uma sala de aula em que os alunos têm o conteúdo do conhecimento ao alcance, porém, não sabem muito bem o que fazer com ele ou como colocá-lo em prática. Aí entra o novo papel do professor, que deixa de ser a grande fonte emissora de conhecimento e passa a mediá-lo, tornando-o palpável e prático aos seus alunos.
Isso porque o conhecimento está na mão do aluno, naquele smartphone que ele utiliza para navegar nas redes sociais, para pesquisar no Google, bem como nos ambientes virtuais da aprendizagem. Assim, o aluno se torna ativo no processo da aprendizagem – no qual, aliás, é o ator principal.
Com isso, vemos que o semipresencial é uma das modalidades de ensino que estão em evidência, basta ver quantas faculdades passaram a ofertar essa metodologia nos últimos anos. Nessa nova abordagem, o conhecimento deixa de ser “transmitido’’ para ser construído.
Assim, nesse novo contexto educacional, o conhecimento ocorre de forma dialética, com os alunos tendo acesso aos conteúdos teóricos antes da aula e construindo planos, planejamentos e atividades sobre esse conhecimento. Com isso, muda-se a ideia de “na aula teremos’’ para “a atividade da aula de hoje é’’. Com isso, e pelas suas potencialidades, o semipresencial tem sido capaz de juntar no mesmo método o melhor da educação a distância com o melhor da modalidade presencial.
Autor: Elizeu Barroso Alves é doutorando e mestre em administração e coordenador de operações do semipresencial da Escola Superior de Gestão, Comunicação e Negócios do Centro Universitário Internacional Uninter.