Episódios de chuva intensa devem se tornar cada vez mais frequentes nas metrópoles brasileiras devido aos efeitos das mudanças climáticas. A força das águas tem causado estragos, afetado a rotina das cidades e causado mortes.
No Rio de Janeiro, a segunda semana de abril tem sido marcada por fortes temporais que ultrapassaram a média pluviométrica esperada para todo o mês. No momento, a capital carioca encontra-se em “estágio de crise”, a mais grave em uma escala de três níveis estabelecida pela prefeitura. Em São Paulo, o mês de fevereiro também foi atípico, marcado como o mais chuvoso em 15 anos. Em março, o acumulado de chuvas na capital paulista foi 10% superior à média climatológica para o mês.
“Cada vez mais vamos ter mais episódios de chuvas torrenciais, bem como longos períodos de estiagem, invernos com baixíssimas temperaturas, tornados… Tudo isso gera impacto na economia e no bem-estar da população. O ponto mais importante é que a sociedade e o poder público tenham consciência de que, sim, estamos provocando mudanças no clima. As cidades sofrem cada vez mais impactos e precisam urgentemente investir em adaptação ao novo cenário”, afirma o gerente de Economia da Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.
Um estudo realizado pela Universidade da Califórnia, publicado no International Journal of Climatology, revela que as mudanças climáticas são responsáveis pela alteração no padrão de chuvas no Brasil. As conclusões do trabalho, baseadas em 70 anos de dados meteorológicos, mostram que as ilhas de calor em grandes metrópoles criam condições para a formação de tempestades, que são intensificadas devido à proximidade com o Oceano Atlântico. O levantamento ainda destaca a tendência de um ressecamento das regiões Norte e Nordeste e um umedecimento do Sul e do Sudeste.
Sugestão de entrevistado: André Ferretti é gerente de Economia da Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza.