Eu decidi por á venda
Este músculo de batida
Que já bateu por demais
Por alma gêmea querida
Vou vender pela metade
Sem alto custo de vida.
Como um bom negociante
Vivendo a ação de graça
Venderei lá no mercado
Numa bandeja sem graça
Na banca de um camelô
Até no banco de praça.
Se bem que na feira livre
O músculo leva massagem
Apalpam ele com a mão
Como uma fruta selvagem
A carne fresca e vermelha
Figura grande imagem.
Em um supermercado
O músculo bem se libera
O clima frio e gostoso
Do gelo lhe refrigera
Protege sua batida
E o sentimento que gera.
Numa carroça de mão
O músculo pouco se guincha
Libera tanto sentido
Que nem um homos destrincha
Favorece à clientela
Que corre atrás de pechincha.
Assim terei um transplante
Vendendo o meu coração
Para viver outra vida
Buscando nova razão
Trocando gato por lebre
No iludir da paixão.
POETA: EDNALDO LUÍZ DOS SANTOS.