O LED (diodo emissor de luz) é basicamente um componente eletrônico formado por meio de uma junção p-n de um semicondutor. Quando os semicondutores recebem a deposição de elementos providos de carga (positiva ou negativa) acabam se tornando levemente carregados positivamente (com ausência de elétrons), ou negativamente (com elétrons livres). Além do uso doméstico, a aplicação do LED em sistemas de iluminação pública é apropriada e já supera as tecnologias convencionais, pois permite o controle e a dimerização a distância mais facilmente, com um custo de manutenção bem menor. Em economia de energia, o LED quando comparado com outras tecnologias e dependendo do sistema que irá substituir, pode atingir até a 80% de redução no consumo de energia. A utilização de luminárias LED na iluminação pública de cidades brasileiras ainda é muito reduzida considerando os aspectos positivos que tal tecnologia pode oferecer. Porém, é importante que os gestores públicos adotem uma regra básica em seus processos licitatórios: as luminárias LED necessitam seguir a norma técnica quanto ao seu desempenho.
Mauricio Ferraz de Paiva
Atualmente, o Brasil conta com aproximadamente 15 milhões de pontos de iluminação pública, o que equivale a 3% do consumo total de energia elétrica. Isso quer dizer que são consumidos cerca de 9,7 bilhões de kWh/ano, contudo os custos desses serviços não se limitam à remuneração pela energia necessária ao seu funcionamento, mas incluem os de manutenção e operação do sistema, que exige a mobilização de equipes treinadas e equipamentos específicos.
Importante ressaltar que a iluminação pública é essencial à qualidade de vida nos centros urbanos, atuando como instrumento de cidadania, permitindo aos habitantes desfrutar plenamente do espaço público no período noturno. Além de estar diretamente ligada à segurança pública no tráfego, previne a criminalidade, embeleza as áreas urbanas, destaca e valoriza monumentos, prédios e paisagens, facilita a hierarquia viária, orienta percursos e aproveita melhor as áreas de lazer.
Assim, a melhoria da qualidade dos sistemas de iluminação pública traduz-se em melhor imagem da cidade, favorecendo o turismo, o comércio e o lazer noturno, ampliando a cultura do uso. As lâmpadas LED se apresentam como um potencial substituto para as lâmpadas convencionais, uma vez que prometem com menor potência, vida útil muito superior, maior flexibilidade de focar as áreas de interesse a serem iluminadas e menor impacto ambiental pela não utilização do mercúrio, atendendo a todos os quesitos necessários.
A NBR IEC 62722-2-1 de 05/2016 – Desempenho de luminárias – Parte 2-1: Requisitos particulares para luminárias LED especifica os requisitos de desempenho para luminárias LED, juntamente com métodos de ensaios e condições requeridas, para mostrar conformidade com esta norma. Aplica-se às luminárias LED de uso geral, onde é requisitado desempenho operacional.
Os seguintes tipos de luminárias LED são distinguidos: Tipo A – Luminárias que usam módulos de LED que atendem aos requisitos da IEC 627171; Tipo B – Luminárias que usam módulos de LED que não atendem aos requisitos IEC 62717; Tipo C – Luminárias que usam lâmpadas LED e atendem aos requisitos da IEC 62722-1. Os requisitos desta norma estão relacionados somente ao ensaio de tipo.
Esta norma não cobre as luminárias LED que produzem luz colorida intencionalmente; muito menos cobre luminárias que utilizam OLED (LED orgânico). Estes requisitos de desempenho são adicionais aos requisitos da IEC 62722-1, Seções 1 a 9, exceto nesta parte 2-1, onde são especificados métodos alternativos de medição ou limites.
Como esta norma foi simultaneamente desenvolvida e editada com a norma para módulos de LED, onde for apropriado, os requisitos fornecidos pela IEC 62717 de módulos podem ser transferidos para luminária inteira. A vida útil das luminárias LED é, na maioria dos casos, muito maior do que a praticada nos ensaios.
Os gestores públicos em suas licitações precisam se preocupar com a qualidade dos produtos e somente aprovar os fornecedores que cumpram as normas técnicas. A observância das normas técnicas brasileiras é obrigatória e já existe jurisprudência dos tribunais nacionais dizendo que há implicações criminais pela sua não observância. As normas técnicas são prescrições científicas e consensuais com uma função orientadora e purificadora do mercado.
No caso das luminárias LED, são importantes as informações dos parâmetros mostrados na Tabela 1 devem ser fornecidas pelo fabricante ou fornecedor responsável na folha de dados do produto, catálogos ou site. A conformidade é verificada por inspeção.
A verificação das afirmações de vida útil pelos fabricantes não pôde ser ensaiada de forma suficientemente confiável. Por essa razão, o nível de aceitação ou rejeição da declaração de vida útil por um fabricante, passado 25 % da vida útil nominal (com o máximo de 6 000 h), está fora do escopo desta norma.
Ao contrário da validação de vida útil, esta norma optou por definir categorias de manutenção de lumens em ensaios finitos. Portanto, o número da categoria não implica uma previsão da vida útil alcançada. As categorias são características de depreciação do fluxo luminoso, mostrando o comportamento de acordo com as informações do fabricante que as providenciou antes do ensaio ser realizado.
A fim de validar a afirmação da vida útil, um ensaio de extrapolação de dados é necessário. Um método geral de projetar os dados de medição para além do tempo de ensaio está sob consideração. Para explicações de métricas de vida útil, consultar a IEC 62717, Anexo C.
A expectativa é que as luminárias LED possam ligar e operar satisfatoriamente em tensões entre 92 % e 106 % da tensão de alimentação nominal e em um ambiente com temperatura de acordo com o intervalo declarado pelo fabricante. A avaliação de LOR (relação de saída de luminosidade) para luminárias LED está sob consideração.
As luminárias LED são as que incorporam fontes de luz LED. Elas têm módulos de LED com o mesmo método de controle e operação (semi-integrado, integrado); módulos de LED com a mesma classificação, de acordo com os métodos de instalação (referência é feita na NBR IEC 62031:2013, Seção 6) e utilizando os módulos LED de uma mesma família como especificado na IEC 62717:2014, 6.2 e a mesma classe de proteção contra choques elétricos; as mesmas características de projeto, distinguidas por características de materiais comuns, componentes e/ou métodos de processamento e gerenciamento de calor.
A primeira edição da IEC 62722-2-1, de desempenho de luminárias LED no segmento de iluminação geral, reconhece a necessidade de ensaios pertinentes para luminárias usando uma nova fonte de luz, algumas vezes chamada de “luz de estado sólido”. Esta publicação foi desenvolvida paralelamente e editada simultaneamente com as normas de luminárias para uso geral e módulos de LED.
As alterações na norma de desempenho de luminárias terão impacto nas normas de módulos e vice-versa, devido ao comportamento do LED. Portanto, no desenvolvimento da IEC 62722-2-1, houve consulta mútua dos especialistas dos dois produtos.
As disposições da norma representam o conhecimento técnico de especialistas da indústria de semicondutores (chip de LED), bem como da indústria elétrica de fontes de luz e luminárias. As condições para os ensaios elétricos e características fotométricas, manutenção do fluxo luminoso e vida útil são dadas no Anexo A.
Em todos os ensaios são medidos “n” luminárias LED do mesmo tipo. O número “n” deve ser o mínimo de produtos dados na Tabela 3. As luminárias LED usadas em ensaios longos não podem ser utilizadas em outros ensaios.
Cada amostra de luminária deve atender a todos os ensaios pertinentes, com exceção dos ensaios de 10.3, onde uma amostra é requerida para cada um dos três ensaios separadamente mencionado na Tabela 2 e na Tabela 3. No intuito de reduzir os tempos de ensaio, o fabricante ou fornecedor responsável pode submeter luminárias adicionais ou partes de luminárias, desde que estas possuam o mesmo material e design das luminárias originais e que os resultados dos ensaios sejam os mesmos, se forem realizados em uma luminária idêntica.
As luminárias LED que possuem controle dimerizável devem ser ajustadas no máximo valor de saída para todos os ensaios. As luminárias com ponto de cor ajustável devem ser ajustadas e definido um valor fixo, conforme indicado pelo fabricante ou fornecedor responsável. As de geometria linear e variação no comprimento devem ser ensaiadas no comprimento que os parâmetros são dados (por exemplo, desempenho por x cm).
Somente os ensaios para medição do desempenho inicial são realizados, quando o módulo de LED é operado dentro de sua temperatura limite tp. As informações para o projeto da luminária dadas na IEC 62717, Seção B.1, requerem módulos LED para serem operados dentro de suas temperaturas-limite tp.
A temperatura tp deve ser medida de acordo com o procedimento do ensaio térmico definido na NBR IEC 60598-1:2010, 12.4 (funcionamento normal). Quando a luminária é operada em sua própria temperatura ambiente nominal máxima para o desempenho (tq), o limite tp (para o desempenho declarado – Tabela 2, IEC 62717) de módulos de LED que operam no interior da luminária não pode ser ultrapassado.
A tensão de ensaio para a luminária deve ser 1,00 vez a tensão nominal da luminária. Em luminárias destinadas a serem alimentadas com corrente constante, a corrente de ensaio deve ser de 1,00 vez a corrente nominal da luminária.
Para as luminárias de rodovias e as de iluminação de rua e os projetores destinados para uso externo somente, a redução da temperatura medida de acordo com a NBR IEC 15129:2012, 3.12.1 e a IEC 60598-2-5:2015, 5.12.1, respectivamente, não pode ser aplicada para a temperatura de tp do módulo de LED. A temperatura de desempenho ambiente tq é medida em um compartimento à prova de corrente de ar, como a temperatura do ar, em uma posição perto de uma das paredes perfuradas em um nível com o centro da luminária (ver item e) da NBR IEC 60598 -1:2010, Seção K.1. da IEC 62717:2014, Seção 7, se aplicam às luminárias LED.
No caso de a potência não ser constante, a média da potência é medida em um tempo apropriado. A luminária pode conter componentes (por exemplo, controladores digitais ou sensores) que não estão consumindo potência constante, mas pode estar no modo de espera stand by e, em seguida, entrar em operação e consumir potência.
A vida útil da luminária LED pode ser muito maior do que a realmente verificada na prática nos ensaios. Além disso, a depreciação na emissão de luz varia de fabricante para fabricante fazendo com que o método de suposição geral seja dificultado. Esta norma optou por categorias de manutenção do fluxo luminoso que cobrem a depreciação inicial do fluxo luminoso até um tempo operacional estabelecido em 6.1.
Devido a este tempo de ensaio limitado, não é possível ser confirmada a declaração de vida de luminárias LED, muito menos rejeitar na maioria dos casos. A vida útil de uma luminária refere-se às projeções de manutenção do lúmen das fontes de luz de LED integrados em que a luminária ou o número de horas que uma luminária LED vai entregar uma quantidade suficiente de luz em uma determinada aplicação.
A vida da luminária, por outro lado, tem a ver com a confiabilidade dos componentes de uma luminária LED como um sistema, incluindo os eletrônicos, materiais, invólucro, cabos, conectores, selos, e assim por diante. Todo o sistema dura apenas até vida mais curta do componente crítico, mesmo que seja um componente crítico com selagem a intempéries, um elemento óptico, um LED, ou qualquer outra coisa.
A partir deste ponto de vista, fontes de luz LED são simplesmente um componente crítico entre muitos – embora sejam muitas vezes o componente mais confiável em todo o sistema de iluminação. Se uma luminária LED estiver equipada com um módulo de LED substituível, a vida da luminária pode ser dissociada do módulo de LED e de sua vida. Isso traz a vida da luminária mais perto da definição atual da vida da luminária para fontes de luz convencionais.
Mauricio Ferraz de Paiva é engenheiro eletricista, especialista em desenvolvimento em sistemas, presidente do Instituto Tecnológico de Estudos para a Normalização e Avaliação de Conformidade (Itenac) e presidente da Target Engenharia e Consultoria –mauricio.paiva@target.com.br
Sobre a Target – Há mais de vinte anos a Target vem se consolidando como referência para o desenvolvimento de soluções que facilitam o acesso e gerenciamento de informações tecnológicas críticas para os mais diversos segmentos corporativos. Através de uma equipe de técnicos e engenheiros especializados, a Target oferece hoje muito mais do que simples informações tecnológicas ao mercado em que atua. A Target oferece VANTAGEM COMPETITIVA.
A Target recomenda e autoriza a reprodução e compartilhamento do conteúdo desta mensagem.