“QUEM olha os pés dos riquinhos mequetrefes há de ver uma pele fina, avermelhada, parecida pele de galinha tratada pra panela. Deveras já se pensa que o tal riquinho nunca botou os pés no chão, ou seja nunca andou de pés descalços e nunca calçou as apragatas da simplicidade. Mas quem olha os pés de um interiorano seridoense por natureza, pisante indissolúvel em serrotes, em veredas espinhentas e em pedregulhos atritantes a tal ponto de criar nos pisantes uma casca dura e resistente aos maus tratos do solo esturriquento do sertão do Seridó.
São homens e mulheres sem vaidades e posturas de arrogâncias frente ao modismo e ao logismo de cidades grandes. São cabocos e cabocas pisantes do seu espaço e sem se importar com as aparências externas.
As rachaduras nos pés do povo seridoense, mesmo que não contamine todos os seridoenses, começa com o encaliçamento dos pés. O encaliçamento começa quando o couro dos pés pelos vários usos pisatórios fica duro, com uma espécie de casca/péa grossa. Essa casca/peã funciona como se fosse uma apragata de couro curtido, sendo resistente às pisadas pelos solos ignotos do meu sertão seridoense.
Com o passar de dias de exposição a luz solar os pés encaliçados passam a abrir fendas que mais parecem escalamentos de traíras. As fendas são os famosos rachões que surgem nos pés de qualquer caboco que ande com os pés à mostra. Os rachões nos pés representam para o caboco certo mal, pois eles são em parte responsáveis por rasgarem as tipoias de redes.
Também são muitos vistosos e fáceis de se encherem de bactérias pelo contato direto no chão. Mas você pensa que a cabocada se importa com isso? O que vale é viver a vida na simplicidade, sem se importar com falhas e defeitos nos corpos transnudados pelo aroma natural da existência. Dessa forma:
Eu tenho rachões nos pés
Igual solo desse chão
Que esturrica com a seca
Deixa fenda de montão
Caboca com rachadura
É seridoense pura
Pisando no meu sertão.”
Por Ednaldo Luiz – O poeta do Seridó
Monica
Olá Anselmo,
Muito bonito o poema do Ednaldo Luiz.
Me identifiquei de 2 formas com esse texto.
A primeira é que a minha família é de Alexandria (RN) e sei bem o que é o sertão, mesmo tendo nascido e vivido toda minha vida em São Paulo.
A outra é que distribuo um creme para tratamento de rachadura nos pés, conforme citado no site – HomeoPast.
As rachaduras dos pés devem ser tratadas, pois mais do que estética, elas podem ser porta de entrada para fungos e infecções.
Estamos em fase final da reconstrução de nossa loja virtual que terá um blog com várias informações sobre esse tema. Peço permissão para poder compartilhar esse poema tão belo. Um grande abraço.
Anselmo Santana
Olá Mônica, primeiramente muito obrigado por acessar o meu blog. Pode ficar a vontade para compartilhá-lo. Só lhe peço que coloco o nome do autor, está certo? Um baraço