São vários os produtos usados para o tratamento acústico ou isolamento térmico. A escolha e a maneira da disposição deles dependem se a pretensão é corrigir, reduzir ou eliminar o ruído ou o calor. Forros e paredes recheadas com lãs minerais podem corrigir o tempo de reverberação do som/calor e a sua propagação, mas se deve tomar cuidado com os índices de absorção acústica e de calor, porque quando em excesso podem impedir que uma pessoa, por exemplo, em uma sala de aula, escute o professor ou sofra com calor ou frio. A escolha do forro ou revestimento precisa levar em conta a taxa de ocupação do ambiente, a sua durabilidade, estabilidade e, principalmente, a resistência ao fogo. Dessa forma, os produtos para tratamento acústico ou isolamento térmico têm muita importância para a diminuição dos riscos e todos eles, comercializados no país, devem atender a requisitos mínimos, visando à segurança contra incêndios em edificações. E todos precisam ser fabricados de acordo com as normas técnicas.
Mauricio Ferraz de Paiva
O alerta para os perigos dos produtos usados para o tratamento acústico ou isolamento térmico veio depois de alguns incêndios em estabelecimentos comerciais. O da boate Kiss, em janeiro de 2013 no Rio Grande do Sul, revelou que o ambiente dispunha de revestimento acústico constituído por espuma flexível de poliuretano, não aditivada com retardantes de chama, que em contato com as faíscas de um artefato pirotécnico sofreu ignição imediata e contribuiu para a rápida propagação do fogo e desenvolvimento de fumaça tóxica, culminando com a morte de 242 pessoas.
Igualmente, alguns estudos concluíram que outros produtos para tratamento acústico ou isolamento térmico usados na construção civil, além da espuma de poliuretano, também podem ser combustíveis e, em situações de incêndio, contribuir para o seu agravamento. São considerados produtos para tratamento acústico ou isolamento térmico de ambientes as espumas, mantas e painéis, de material polimérico ou de materiais fibrosos em geral, ensacados/revestidos ou não, que são empregados em elementos construtivos das edificações (estruturas, paredes, divisórias, pisos, forros e coberturas) e em tubulações das instalações de serviço visando: reduzir a transmissão de calor e de som aéreo através desses elementos; promover ou reduzir a reflexão sonora em suas superfícies; e/ou reduzir a transmissão de ruído de impacto, também em suas superfícies.
Na verdade, existe uma categoria de enquadramento dos produtos de acordo com o seu comportamento em relação ao fogo, que é determinado em função da sua combustibilidade/incombustibilidade; densidade ótica da fumaça produzida; fluxo crítico; índice da taxa de crescimento do fogo; índice de propagação superficial da chama; liberação total de calor; produção total de fumaça; propagação lateral da chama; propagação vertical da chama; taxa de crescimento de fumaça. As características determinadas para classificação dos produtos para tratamento acústico ou isolamento térmico variam de acordo com o tipo de utilização do produto.
A NBR 8660 de 02/2013 – Ensaio de reação ao fogo em pisos – Determinação do comportamento com relação à queima utilizando uma fonte radiante de calor especifica um método para se classificar o comportamento à queima e a propagação de chama de pisos montados horizontalmente e expostos a uma gradiente de fluxo radiante de calor em uma câmara de ensaio, quando ignizados por chamas piloto. Este método é aplicável a todos os tipos de pisos, como carpetes têxteis, cortiça, madeira, borracha e coberturas plásticas, assim como a revestimentos.
Os resultados encontrados com este método refletem o desempenho do piso, incluindo qualquer substrato, se utilizado. Modificações nos apoios, ligações com o substrato, camadas inferiores ou outras modificações no piso podem afetar os resultados do ensaio. Esta norma é aplicável para a medição e descrição das propriedades dos pisos em resposta ao calor e à chama em condições laboratoriais controladas. Não convém que ela seja utilizada sozinha para descrever ou classificar o risco ou perigo de fogo de pisos em condições de fogo reais.
A NBR 9442 de 08/1986 – Materiais de construção – Determinação do índice de propagação superficial de chama pelo método do painel radiante prescreve o método para determinar do índice de propagação superficial de chama em materiais de construção. O isolamento protege o usuário das interferências de ruídos e da temperatura, tanto internos quanto externos, pois ele tem o objetivo de barrar a entrada e/ou saída dos ruídos/calor entre cômodos de um apartamento, por exemplo. Também tem a função de barrar os ruídos de dentro para fora, caso típico de casas de shows, casa noturnas, bares e restaurantes que não podem deixar o som invadir a vizinhança.
Existem produtos para isolamento sonoro que podem ser aplicados em pisos, paredes, forros, tubulações hidráulicas e muito mais. Geralmente, estes produtos fazem parte de um sistema isolante, portanto, na maioria das vezes, não ficam aparentes no ambiente. Um exemplo disso é a própria lã de vidro, elemento indispensável para garantir o isolamento acústico entre os ambientes.
O tratamento acústico é o fenômeno que minimiza a reflexão das ondas sonoras num mesmo ambiente. Ou seja, diminui ou elimina o nível de reverberação (que é uma variação do eco) num mesmo espaço. Nestes casos se deseja, além de diminuir os níveis de pressão sonora do recinto, melhora o nível de inteligibilidade. A reflexão de som por superfícies é extremamente importante em auditórios e recintos em que a boa audibilidade seja necessária. Por outro lado, onde for necessário atenuar o ruído e controlar o espalhamento do som, é necessário tratar as superfícies de tal modo que reduzam a energia sonora refletida. Isto quer dizer: a parte da onda que não for absorvida ou transmitida, é refletida de volta para o recinto.
O barulho ou o calor excessivo influenciam diretamente no bem-estar e na saúde das pessoas e por isso o isolamento acústico e térmico na construção civil é um tema de extrema importância. Devido ao avanço das novas tecnologias, o setor passou adotar materiais e sistemas com menor espessura nas edificações que, apesar de garantirem a estabilidade das obras, prejudicam o seu desempenho acústico e térmico.
Existem normas técnicas que estabelecem os critérios e métodos de avaliação para alguns sistemas que compõem uma edificação, como conforto térmico e acústico, proteção ao fogo, estanqueidade e ciclo de vida da edificação, divididos em seis partes: requisitos gerais, sistemas estruturais, sistemas de pisos, de vedações verticais internas e externas, de coberturas e hidrossanitários. No que diz respeito ao isolamento sonoro, a principal mudança foi a abrangência da normativa, já que agora todos os edifícios novos construídos, independente do número de andares, devem atender às especificações acústicas a fim de garantir a qualidade de vida dos que nele residem.
Enfim, as máquinas e equipamentos utilizados pelas empresas produzem ruídos que podem atingir níveis excessivos, podendo a curto, médio e longo prazo provocar sérios prejuízos à saúde. Da mesma forma, os ruídos e a temperatura provenientes dos meios urbanos podem ocasionar sérios transtornos dentro das edificações, degradando a qualidade de vida da população.
Os principais materiais empregados na construção civil como os blocos cerâmicos, de concreto e o próprio concreto armado já possuem certa característica isolante, nem sempre suficiente para determinadas aplicações em que se necessite de elevado grau de atenuação. Para esta atenuação suplementar pode-se empregar, por exemplo, lã de vidro, lã de rocha, espuma acústica, fibra mineral, etc.
Esses materiais podem ser aliados a utilização do processo dry-wall, técnica atual e bastante difundida no Brasil. Contudo, só existe conforto quando há um mínimo de esforço fisiológico em relação ao som (e a luz, ao calor e à ventilação) para a realização de uma determinada tarefa. Um ambiente confortável proporciona bem estar e harmonia quando as necessidades são atendidas.
As principais variáveis do conforto acústico e térmico são: entorno (tráfego), a arquitetura, o clima (ventilação, pluviosidade) e orientação/implantação (materiais, mobiliário). É importante ressaltar que tudo na natureza tem propriedades acústicas e térmicas, mas a capacidade de absorção varia em função do material. A capacidade de absorção é quando, por meio da transformação vibratória em energia térmica, o material pode dissipar a energia sonora.
Enfim, os os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não devem acarretar riscos à saúde e à segurança do consumidor, exceto os considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se o fornecedor a prestar as informações necessárias e adequadas a seu respeito. Assim, lã de vidro, lã de rocha, vermiculita, espumas elastoméricas, fibra de coco, etc. devem ser fabricadas com os requisitos mínimos de segurança, principalmente contra o fogo.
Mauricio Ferraz de Paiva é engenheiro eletricista, especialista em desenvolvimento em sistemas, presidente do Instituto Tecnológico de Estudos para a Normalização e Avaliação de Conformidade (Itenac) e presidente da Target Engenharia e Consultoria –mauricio.paiva@target.com.br
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