Um encontro “científico e político”. Foi o que se viu na manhã dessa quinta-feira, na abertura do II Encontro de Hipersônica, no auditório da reitora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em Natal, conforme considerou a reitora Ângela Maria Paiva Cruz.
Em torno do assunto instituições militares, civis, educacionais e de pesquisa interessadas em um novo marco na área espacial para o Nordeste do país: um futuro Polo Aeroespacial do Nordeste, em Natal, cidade que dispõe de base naval e aérea, aeroportos internacionais, centro de lançamento de foguetes (CLBI), Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (INPE).
Apenas um terço dos países do mundo possui agência espacial. Tal dado ilustrou as vantagens da cidade para se tornar referência em estudo aeroespacial. Para Jorge Marinho, coordenador do evento juntamente com Prof. Gilvan Borga, “isso possibilita mais soberania e mais segurança ao país”, conforme expôs a mais de 150 jovens estudantes da plateia, a maioria com menos de 25 anos.
“Só precisamos juntar esse potencial que há em Natal para explorarmos novas parcerias. Será um grande avanço, a partir dessa iniciativa. Em 20 anos, vamos olhar esse como um momento histórico”, completou o Coronel Marcos Aurélio Alcântara, diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE- Nordeste).
Papel da UFRN
Imbuída do espírito do século XXI – o da velocidade e avanços tecnológicos – o engajamento da UFRN é estratégico nesse processo. Além de colaborar para o Projeto PHiLO (Plataforma Hipersônica de Lançamento Orbital), em parceria com vários órgãos, a instituição deve ofertar um curso de pós-graduação em Engenharia Aeroespacial. “É sabido que há, na alma potiguar, um forte interesse pelas questões concernentes a este seminário”, evocou Ângela Paiva, ao recepcionar os participantes do Encontro.
Protagonismo do ar
Adjetivo relativo a velocidades que correspondem a um número de Mach igual ou superior a 5 (isto é, a 15ºC, cerca de 6.000 km/h), hipersônica está para o RN como um diferencial, dada a posição geográfica privilegiada da capital. É a mais curta distância para o continente europeu e fica na mira do continente africano, favorecendo pouso e decolagem de aeronaves. Desfruta, também, de ventos que ajudam ao lançamento de veículos aeroespaciais.
O legado do professor, guarda-livros, comerciante e deputado federal, Augusto Severo de Albuquerque Maranhão, também ilustra o protagonismo potiguar no ar. Em 12 de maio de 1902, o macaibense lançou-se aos céus de Paris em seu Pax, um balão construído para voar. Morreu num incêndio durante essa empreitada, mas a experiência serviu à pesquisa nessa área e, até hoje, é um destaque potiguar.